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“Quero entrar para a história do Fluminense”, diz Cavalieri

Melhor goleiro do Brasileiro, Diego Cavalieri se espelha em Marcos, com quem jogou no Palmeiras, e destoa por sua timidez no universo dos craques

Resgatando a tradição de Castilho e Paulo Vítor, o goleiro Diego Cavalieri foi o nome e a cara do título Brasileiro do Fluminense, mesmo em meio a estrelas como Fred, Deco e Thiago Neves. Uma das grandes apostas para ganhar o prêmio de Craque do Brasileirão da CBF em dezembro, ele pode se tornar o segundo goleiro a conquistar o troféu – o primeiro foi Rogério Ceni, do São Paulo, em 2006 e 2007. Mas o tímido guardião da meta tricolor prefere não especular e baixa os olhos quando é apontado como favorito.

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O goleiro do tricolor carioca é avesso à badalação. Fora de campo, não gosta de aparecer mais do que os companheiros e evita capas de revistas. Ele acredita que, em primeiro plano, deve estar o time, não um jogador. A humildade, no entanto, não significa que o goleiro de 29 anos não sonhe alto. Em entrevista ao site de VEJA, Cavalieri conta que se espelha em Marcos, conhecido pelas defesas milagrosas que fez pelo Palmeiras e lhe renderam o apelido de São Marcos. Foi ele o reserva de Marcos na maior parte dos seis anos que passou no time paulista, e o aprendizado apareceu este ano, como o ídolo que operou milagres em algumas partidas tensas do Brasileirão. O resultado para o grupo foi o título. Para Cavalieri, a primeira convocação para a Seleção Brasileira, a um ano e meio da Copa do Mundo.

Você jogou muitos anos com o Marcos, no Palmeiras. E é a aposta para craque do Brasileirão este ano, prêmio que só Rogério Ceni conquistou entre os goleiros. Você se identifica com os dois?

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A identidade deles com a torcida dos seus times é muito forte, algo muito bonito de se ver. Meu objetivo é esse: cada vez mais atuar num bom nível e permanecer no Fluminense por muito tempo. Entrar para a história do clube como eles entraram para a história dos clubes deles.

Você desabrochou no Fluminense depois de passar a maior parte da carreira sem muitas oportunidades: foi reserva de Marcos no Palmeiras, destacou-se no Brasileiro de 2007, quando ele estava lesionado, mas foi para a Europa e passou dois anos e meio na reserva, primeiro no Liverpool, da Inglaterra, e depois no Cesena, da Itália. Como foi esse período?

A temporada na Europa foi uma opção. Eu tinha jogado no Palmeiras, fui bem, mas o Marcos se recuperou da lesão e voltei para o banco. Dificilmente teria outra proposta tão boa de um time grande como o Liverpool, estando, como eu, no banco. Era boa para mim e boa para o Palmeiras. Lá, profissionalmente, não foi bom. Joguei dez partidas em dois anos. Pessoalmente, amadureci. Foi um aprendizado que contribuiu muito para chegar até aqui.

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O que você pensava enquanto estava lá?

Você começa a se questionar. Muita coisa passa pela cabeça: largar tudo, voltar para a casa… Mas mantive a cabeça no lugar, tenho uma base familiar forte, que me ajudou. Eu sabia que, se agisse assim, o único prejudicado seria eu mesmo. Então levantava todo dia e treinava sério. Nunca dei trabalho. E ter sido tão profissional me ajudou. Eu tinha contrato de quatro anos com o Liverpool, mas quando pedi para ir para o Cesena, depois de dois anos, eles me liberaram. A forma como sempre agi fez com que me liberassem sem problemas. Fiquei pouco tempo no Cesena.

Você chegou ao Fluminense no ano passado para ser titular, mas também amargou um tempo na reserva do Ricardo Berna. Os questionamentos continuaram?

Fiquei muito feliz por voltar ao Brasil, ainda mais num time grande como o Fluminense. Mas em cinco jogos tudo mudou. Havia muita cobrança e perdi a vaga. Aceitei e continuei trabalhando, esperando nova oportunidade. Goleiro é assim, não se sabe quando a oportunidade vai surgir. E ela veio.

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Quando olha para trás, você se pergunta se precisava ter sido tão difícil?

Tudo o que aconteceu foram opções que fiz, não me arrependo de nada. Esse momento que estou vivendo hoje não veio porque passei por tantas dificuldades na carreira, mas com certeza elas ajudaram muito. E, no Palmeiras, tive a oportunidade de entrar no lugar de um do maior ídolo do clube, um dos melhores goleiros do mundo.

Todo mundo já sabe que você vai ganhar o prêmio de melhor goleiro do campeonato pela CBF. Mas muita gente acredita que você merece e vai ganhar também o prêmio de Craque do Brasileirão, mesmo tendo Fred como artilheiro da competição. Qual é a sua expectativa?

Não me preocupo com prêmios individuais. Claro que fico feliz, que vou gostar se eles vierem. Fico orgulhoso. Mas não são meu principal objetivo. E sei que, depois deles, a cobrança só aumenta.

Você assiste aos seus jogos depois? Como avalia sua atuação no campeonato?

Vejo todos. Sei que fui bem, mas o grupo todo foi. Sempre um teve destaque numa partida, outro na outra. Muita gente fica falando que eu não comemoro, não dou risada, sou muito sério. Mas é que eu sei que depois de uma defesa, posso ter que fazer outra logo em seguida. Preciso manter meu foco.

Qual o seu sonho agora? A Copa de 2014?

Para 2013, é manter a regularidade, o bom nível das atuações e conquistar a Libertadores. É um campeonato que marca o jogador na história de um clube. E claro que penso em Copa do Mundo. Mas estou consciente da concorrência. É uma vontade, um sonho sim. Vou continuar trabalhando e deixar rolar.

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