Minotouro: ‘Ensinar não é o nosso futuro, já é o presente’
Atleta diz que consegue conciliar bem o tempo entre as aulas e os treinos
Lendas do MMA desde os anos 1990, quando o esporte ainda conhecido como vale-tudo tinha um ar de marginal e era levado a sério apenas num gueto, os irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro Nogueira abrem um enorme sorriso de satisfação ao falar sobre o cenário atual, em que são referência de um esporte que vê o número de fãs aumentar a cada dia. E, claro, aproveitam para lucrar com a onda: nesta semana, foi aberta em São Paulo a primeira academia da cidade com a grife dos irmãos, a Team Nogueira, na zona sul da cidade. É uma franquia, na qual entram com o nome e o know-how, dando todas as dicas e acompanhando de perto a formação de novos atletas de artes marciais mistas – ou, simplesmente, ensinando os frequentadores a melhorar a condição física e mental usando conceitos das artes marciais.
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Aos 36 anos, já seria natural que os irmãos começassem a pensar em aposentadoria, mas ambos têm lutas marcadas para junho pelo UFC e ainda sonham com o cinturão em suas categorias – Rogério compete entre os pesados, cujo atual campeão é Cain Velasquez, e Rodrigo entre os meio-pesados, hoje dominado por Jon Jones. As academias são o caminho natural, confirma Minotouro: “Não é nosso futuro, é nosso presente. Até poucos anos só éramos reconhecidos por pessoas que viam lutas pela internet, e hoje podemos mostrar nosso trabalho. É uma felicidade ver como tudo mudou, o crescimento do MMA no Brasil. E isso dá motivação não só para treinar, mas também ensinar e passar esse legado para a frente.” Seu irmão vai na mesma trilha: “Fico muito feliz de ver a academia porque é um trabalho de anos que fazemos. Dou aula desde os 16 anos, e é muito legal pode ensinar.”
No comando de uma equipe com mais de 80 atletas, os dois admitem que boa parte do tempo hoje é passada fora dos tatames e octógonos – o que não os impede de treinar forte. Minotouro vai lutar no dia 15 de junho contra Maurício Shogun, em Winnipeg, no Canadá. Ele vem de vitórias consecutivas sobre os americanos Tito Ortiz e Rashad Evans, ocupa a quinta posição no ranking dos meio-pesados e admite que a luta tem gosto de revanche – perdeu num combate histórico para Shogun em 2005, no Japão, pelo extinto Pride. “Sonho com essa luta há muito tempo, tinha pedido essa oportunidade ao Dana White (presidente do UFC) no ano passado. Temos muitos compromissos, mas quando é hora de treinar, treino para valer.” E ainda promete aparecer na academia. “Temos o compromisso de acompanhar, especialmente o núcleo de formação de novos atletas. Tem muita gente talentosa em São Paulo. Temos orgulho de ter ajudado a formar grandes atletas, como o Anderson Silva, e sabemos que podemos fazer um bom trabalho.”
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Minotauro vai aparecer com frequência na TV nos próximos meses, como técnico de um dos times do TUF Brasil 2, o reality show que busca lutadores e começa a ser transmitido pela TV Globo neste domingo. No encerramento do programa, em 8 de junho, lutará em Fortaleza contra Fabrício Werdum, o técnico da outra equipe, e hoje segundo do ranking dos pesados, atrás apenas do campeão Velasquez e do ex-campeão Junior Cigano dos Santos. Rodrigo é o sétimo colocado na lista, e está de olho no cinturão. Ele já lutou contra Werdum em 2006, também pelo Pride, e venceu. Ele só avisa que não vai lutar contra Cigano, um de seus pupilos. “Isso é certo. Quero o cinturão e ele também, mas vamos buscar isso por caminhos diferentes. Contra o Cigano eu não luto.”