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Fifa expõe sua irritação. Brasil agradece pela colher de chá

Representantes da entidade não mediram palavras ao avaliar situação do país para 2013: não há mais volta ou plano B. Marin diz que Fifa teve ‘boa vontade’

“É um grande desafio. O tempo é muito curto. Queremos deixar claro que não é mais possível errar”, disse De Gregorio. “Ainda estamos preocupados. É como se mudar para uma casa nova. Queria receber a logo a chave para aprontar tudo lá dentro”

“Você nunca ganha uma segunda chance para mudar uma primeira impressão.” Foi com essa frase que o suíço-italiano Walter De Gregorio, diretor de comunicações e assuntos públicos da Fifa, avisou ao Brasil que não há mais margem de erro até a Copa das Confederações de 2013, considerado o grande teste do país-sede antes da Copa do Mundo, que acontece um ano depois. Ao lado do francês Thierry Weil, que dirige o departamento de marketing da entidade, De Gregorio mandou um recado inequívoco ao país nesta quinta-feira, na entrevista coletiva que serviu para confirmar as sedes da competição. “Quero deixar muito claro: estamos num ponto de não retorno. Não há como recuar”, avisou, sem esconder a insatisfação com o fato de o Brasil ter rasgado o combinado – entregar as arenas seis meses antes do torneio. Entre os seis estádios que receberão as partidas no ano que vem, nada menos que quatro ficaram fora do prazo. Só duas das cidades-sede, Belo Horizonte e Fortaleza, fizeram a lição de casa e vão entregar suas novas arenas ainda neste ano, como tinha sido acordado.

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Walter De Gregorio não mediu as palavras ao manifestar a insatisfação da Fifa, que esperava ter um prazo confortável o bastante para testar os estádios, acertar todos os detalhes e assegurar que o evento siga seu padrão de qualidade, desenvolvido ao longo de muitas e muitas Copas. “É um grande desafio. O tempo é muito curto. Queremos deixar claro que não é mais possível errar”, afirmou, logo no início de sua apresentação. “Dois estádios, Mineirão e Castelão, ficarão prontos a tempo, e são exemplos a serem seguidos. Para os outros, nosso prazo teve de ser empurrado em mais dois meses”, lamentou. O dirigente abriu a reunião apresentando os motivos que levam a Fifa a ser tão rigorosa na hora de marcar a entrega dos estádios. Ter uma arena pronta não é garantia de nada, disse ele. É indispensável saber se tudo vai funcionar – desde os acessos do público às bilheterias, da estrutura de apoio ao evento à grama do campo de jogo. “Ainda estamos preocupados. É como se mudar para uma casa nova. Queria receber a logo a chave para aprontar tudo lá dentro. Espero recebê-la quando for necessário”, pediu.

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Agradecimentos – Questionado sobre quando a Fifa resolveu flexibilizar sua exigência, De Gregorio confessou que a decisão foi tomada com base não só em aspectos técnicos, mas também políticos – e com pesos iguais. Segundo ele, o “comprometimento das autoridades”, que juraram que os estádios ficarão prontos, foi o que convenceu a entidade. “Para ser sincero, é claro que houve momentos em que pensamos em fazer o torneio com quatro ou cinco cidades. Sim, estaríamos muito mais relaxados se todas estivessem prontas em dezembro, mas tivemos de encarar a realidade”, disse, resignado. Ficou claro que o risco de exclusão de Recife – representada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sentado na primeira fileira e muito sorridente – era real. Um dos sinais mais evidentes disso foi a manifestação de alívio de José Maria Marin, presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa: “Poderíamos estar aqui anunciando quatro cidades, mas, para nossa alegria, teremos todas as seis. Isso só aconteceu graças à boa vontade de todos os dirigentes da Fifa com os brasileiros. Quero expressar publicamente os nossos agradecimentos a eles.” Os representantes da entidade mal olharam para Marin.

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A confirmação de que a Copa das Confederações terá seis cidades-sede veio depois de uma longa indefinição, principalmente em relação a Recife e Salvador. Os pernambucanos têm a sede mais atrasada, já que as obras em sua nova arena só deslancharam recentemente. O projeto foi até alterado para acelerar os trabalhos. A Fonte Nova, em Salvador, também preocupava a Fifa, mas evoluiu mais nos últimos meses (fechou outubrocom 80% dos trabalhos executados). As dúvidas sobre as duas sedes tinham levado a Fifa a tomar uma providência inédita: montar três opções de tabelas, com quatro, cinco e seis estádios. Como o briefing desta quinta servia também para anunciar os detalhes da venda de ingressos para o torneio, não era mais possível esperar as novidades sobre as obras. Para vender os bilhetes, era obrigatório estar com a tabela definida, avisava o secretário-geral Jérôme Valcke já na semana passada (o francês não veio a São Paulo nesta quarta). Faltam 219 dias para a abertura do torneio.

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Precaução – O Brasil esperava confirmar todas as seis sedes não só para evitar o fiasco de ter alguma arena excluída por causa de atrasos, mas também para testar o maior número possível de cidades na Copa das Confederações, que acontece um ano antes do Mundial, entre os dias 15 e 30 de junho de 2013. O Mundial terá o dobro de sedes, doze. Para convencer a Fifa, as autoridades brasileiras prometeram que todas as novas arenas serão entregues dentro do prazo estendido, até abril do ano que vem, dois meses antes do início da competição. Além de Marin, Weil e De Gregorio, o anúncio das sedes e dos preços dos ingressos foi realizado com a presença de Ronaldo, integrante do comitê organizador, e Aldo Rebelo, ministro do Esporte. Também participou da entrevista coletiva Luis Fernandes, secretário executivo do Ministério do Esporte. Ronaldo parabenizou as seis cidades confirmadas e afirmou: “Adorei a decisão que tomamos. Daqui para frente temos que concluir as obras e esperar pela competição.”

A tabela da Copa das Confederações já estava pronta desde maio, com todas as datas dos jogos já definidas. A versão oficial sempre teve seis sedes, como previsto desde o início. A Fifa avisou, porém, que deixou prontas as outras duas versões como precaução. Em qualquer uma das opções, a seleção brasileira seria cabeça de chave do grupo A e disputaria a partida de abertura no Estádio Nacional de Brasília (na galeria acima, fotos das obras e dos projetos dos estádios). A decisão acontecerá no Maracanã, que deverá ser reinaugurado em fevereiro do ano que vem. O sorteio dos grupos e dos confrontos da Copa das Confederações será realizado também em São Paulo, no dia 1º de dezembro. Além do Brasil, já estão classificados para o torneio a Espanha (campeã do mundo), o Uruguai (campeão da Copa América), o México (da Concacaf), Japão (Copa da Ásia), Taiti (Copa da Oceania) e Itália (que perdeu a final da Eurocopa para a Espanha e ficou com a vaga). Falta definir o representante da África.

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