Cristina usa Boca para distrair população contra denúncias
Transmissão de jogos importantes da equipe mais popular do país é alterada para disputar audiência com um programa que investiga casos de corrupção
O vice-governador da província de Buenos Aires disse que é “honesto” que os canais públicos concorram com os programas que têm boa audiência
O futebol argentino enfrenta uma fase turbulenta. Depois de amargar uma queda em suas receitas por causa da estatização das transmissões das partidas pela TV pelo governo de Cristina Kirchner, a elite do futebol local agora é usada como arma do governo contra os opositores. No próximo domingo, um clássico entre Newell’s Old Boys e Boca Juniors pelo campeonato local será disputado às 21h30, horário pouco costumeiro para esse dia da semana. Como as partidas são exibidas pelos canais públicos, o clássico foi remanejado para concorrer com um programa de jornalismo investigativo de um canal privado (e crítico do governo). O Boca, equipe de maior torcida do país, até tentou pedir que o duelo fosse disputado na tarde de domingo, como é tradição em todos os campeonatos do mundo, mas a Associação do Futebol Argentino (AFA) ratificou a alteração pedida pelo governo, que é o detentor dos direitos de televisão.
Leia também:
Cristina Kirchner, a capitã do apagão do futebol argentino
Argentina punirá violência em estádios com portões fechados
Brutalidade no futebol da Argentina é um alerta para o Brasil
Fontes oficiais admitiram que a transmissão de partidas do Boca e do River Plate, os clubes mais populares da Argentina, foi atrasada aos domingos de forma a competir com o programa semanal apresentado pelo jornalista Jorge Lanata. No programa, são investigados casos de corrupção ligados ao ex-presidente Néstor Kirchner e a funcionários do governo argentino. O vice-governador da província de Buenos Aires, Gabriel Mariotto, disse que é “honesto” que os canais públicos concorram com os programas que têm boa audiência e que é justamente para isso que as emissoras do estado “têm um bom produto” como o futebol.
Acompanhe VEJA Esporte no Facebook
(Com a agência EFE)