Como o protesto deve afetar os protagonistas da semifinal
Manifestantes prometem chegar aos hotéis de Brasil e Uruguai. Caminho até o estádio será difícil. Fifa cancela abertura de evento e adota cautela ainda maior
Além da atenção redobrada nos deslocamentos na cidade, a Fifa decidiu pelo cancelamento de um dos principais eventos de sua agenda no país-sede. Blatter só aparecerá no jogo – para onde será levado sob fortíssimo esquema de segurança
O esquema de segurança montado em torno do clássico entre Brasil e Uruguai, nesta quarta-feira, no Mineirão, tem como objetivo principal impedir que o megaprotesto prometido por grupos de manifestantes de Belo Horizonte afete de alguma forma a realização da partida. Mesmo com a proteção adicional planejada pela polícia, é quase certo que todos os envolvidos no evento – desde organizadores e funcionários até as próprias seleções – tenham suas rotinas alteradas antes do jogo decisivo. Na véspera da semifinal, nenhuma das duas delegações mostrava preocupação com a possibilidade de encarar dificuldades para disputar a partida, marcada para as 16 horas (de Brasília). Os jogadores, treinadores e auxiliares já foram avisados, contudo, que o confronto de quarta não será como os outros jogos das competições organizadas pela Fifa. Entre os planos dos manifestantes está, por exemplo, a intenção de chegar aos hotéis onde os times estão concentrados. Os organizadores temem enfrentar problemas para levar os times ao estádio – e preparam até opções inusitadas, como um possível transporte das equipes com helicópteros ao invés de ônibus.
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Apesar da forte presença policial no Hotel Ouro Minas, onde a seleção brasileira está hospedada, as autoridades locais acreditam que pelo menos um grupo de manifestantes tentará chegar ao local antes do jogo para fazer com que os atletas ouçam seu protesto – que inclui, entre outros alvos, os gastos com a realização da Copa do Mundo de 2014. Em entrevista coletiva concedida no próprio hotel, no início da tarde desta terça, o atacante Fred, que é mineiro, reconheceu estar apreensivo com a manifestação prevista para o horário do jogo em Belo Horizonte. Os uruguaios, que estão hospedados no Hotel Caesar Business Belvedere (muito mais distante da região da Pampulha, onde fica o Mineirão), também poderão ouvir os gritos de protesto. Há rumores de que os manifestantes tentarão bloquear a saída do ônibus da delegação visitante, o que levou a polícia a planejar um isolamento da área desde a manhã desta quarta. Na véspera do jogo, funcionários retiraram da entrada objetos que poderiam ser usados como armas por manifestantes violentos, como pedras. Apesar do clima tenso na cidade, o capitão Lugano disse que a seleção foi muito bem recebida em Minas.
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A demonstração, cujo principal ponto de concentração será a Praça Sete de Setembro, na região central, também alarmou a Fifa. Por motivos de segurança, funcionários da entidade aumentaram a cautela – fala-se, por exemplo, na retirada de adesivos da Copa das Confederações de alguns carros e vans usados pelas equipes. Além da atenção redobrada nos deslocamentos na cidade, a Fifa decidiu pelo cancelamento de um dos principais eventos de sua agenda no país-sede. Na manhã desta quarta, o presidente Joseph Blatter – que se ausentou do Brasil na semana passada, viajou à Turquia para o início do Mundial Sub-20 e retornou para acompanhar as semifinais – seria o anfitrião da sessão de abertura do seminário Football For Hope, que trata das ações sociais da Fifa. A cerimônia foi cancelada na manhã de terça, mas o seminário, que se estende até o sábado, será realizado normalmente, com acesso restrito aos convidados. Blatter só aparecerá no jogo entre Brasil e Uruguai – para onde será levado sob fortíssimo esquema de segurança. Depois da partida, ele seguirá para Fortaleza, onde acontece a outra semifinal, entre Espanha e Itália, na quinta.