“A ideia deveria ser mostrar o esporte na essência, mas só vi vandalismo. Eu jamais jogaria um colchão numa piscina ou quebraria coisas em uma casa. Falta colocar em prática o conceito das artes marciais para que se possa ter um TUF decente.”
Anderson Silva acompanhou de perto o desfecho de The Ultimate Fighter (TUF) Brasil 2, no último sábado, em Fortaleza – estava lá, inclusive, para ajudar o amigo Rodrigo Minotauro a se levantar depois de perder para Fabrício Werdum, técnico adversário no programa. E quando o assunto é o comportamento dos participantes do reality show fora do octógono, o campeão dos médios não perdoa: “A ideia deveria ser mostrar o esporte na essência, mas só vi vandalismo. Eu jamais jogaria um colchão numa piscina ou quebraria coisas em uma casa. Falta colocar em prática o conceito das artes marciais para que se possa ter um TUF decente.” Diante desse cenário que “deixou muito a desejar”, portanto, diz não ter nenhuma pretensão de ser técnico em uma edição futura. “Da forma como está hoje e da maneira como esses atletas estão se portando, não tenho vontade de participar.”
Já para o card de lutas, Anderson é só elogios. “Aí, é outra história. São atletas de alto nível”, definiu, incluindo os finalistas William Patolino e Léo Santos. No duelo entre os dois técnicos, Werdum levou a melhor e conseguiu a revanche que esperava desde 2006. Anderson, claro, estava na torcida oposta, do amigo Minotauro, e conta ter se abatido com o resultado. “Como aluno, fiquei chateado. Mas luta é assim mesmo, qualquer um pode perder, mesmo estando bem preparado. Falhas acontecem”, diz, preferindo não comentar sobre uma possível aposentadoria de Minotauro. “Só ele pode dizer.”
A respeito de seu próximo confronto – contra o americano Chris Weidman, no dia 6 de julho, em Las Vegas – ele também é econômico nas palavras. “Faço o que tenho de fazer dentro do octógono. Esse é meu jeito de promover as lutas”, disse, durante entrevista nesta quarta-feira no Rio de Janeiro para apresentar seus patrocinadores. Em duas semanas, os treinos devem migrar para os Estados Unidos, onde fica até a defesa do cinturão. “Esse título é nosso, é um patrimônio brasileiro. Quando entro para lutar, estou pensando no Brasil. Preciso entrar lá e fazer o meu trabalho.” E garante já ter conquistado tudo o que gostaria no UFC.
Por essa razão também, Anderson evita projetar novos adversários e se recusa a dizer quem gostaria de enfrentar. “Meu clone”, é a resposta padrão, repetida mais uma vez nesta quarta. “Não estou sendo pretensioso, mas não gosto de citar ninguém. Sou funcionário do UFC, assinei contrato para mais dez lutas, e aceito quem mandarem.” Mas diante de Jon Jones, ele só se coloca em caso de combinação de pesos. “Na categoria dele, eu não quero. E o mesmo serve para o Georges Saint-Pierre – para disputa de cinturão, não dá”, enfatiza ele, que nega ter ligado para Dana White pedindo para enfrentar Jones depois da luta com Vitor Belfort. “Jamais faria isso.” E que tal uma nova luta com Belfort? “Teria que treinar, mas não gosto de lutar com brasileiro”, finaliza.