Opinião: A primeira vez na Bombonera a gente nunca esquece
O estádio pulsa e ensurdece a todos, até na cabine de imprensa, sendo impossível escutar a torcida visitante ou qualquer outra coisa
BUENOS AIRES – Uma experiência atordoante. É essa a forma que posso descrever minha primeira vez trabalhando em La Bombonera, estádio do Boca Juniors. Mesmo que a gente veja pela televisão, pelos vídeos na internet, viver in loco é completamente diferente. Não é à toa que os jogadores sentem a diferença em campo, já que até nós na imprensa somos contaminados pela atmosfera.
Com capacidade para cerca de 57.000 torcedores, a Bombonera pulsa. E pulsa mesmo. O estádio treme de verdade, com as pessoas pulando juntas, de forma sincronizada. O barulho chega a ser ensurdecedor, e quando a arquibancada está no mais alto volume, é impossível ouvir qualquer outra coisa, nem a torcida adversária.
Mesmo na área de imprensa, é impossível você não se contaminar com todo o barulho dos torcedores, que não param de cantar. Inclusive, eles levam tão a sério isso, que alguns nem assistem à partida. Ficam subindo e descendo na arquibancada, pulando o tempo inteiro, de costas para o gramado. É incrível notar como é sério mesmo esse negócio de torcer.
Não entrei em campo e não jogo futebol, mas consegui entender um pouco o porquê de os jogadores acabarem ficando atordoados quando encaram um ambiente como esse. Não tem como não ser afetado. Até mesmo as tarefas básicas que temos na cobertura de um jogo como esse ficam mais difíceis. Imagino para o jogador ter de dar um passe de dois metros, como a gente acha que seria fácil.
Abel Ferreira chegou a falar em sua coletiva que até pagaria para poder jogar em um estádio como esse, com essa energia, mas que seu tempo de jogador já passou. Eu posso dizer que também sonhava em trabalhar um dia na Bombonera, realizei esse sonho, senti na pele a emoção e garanto que ficou acima das expectativas.
Ah, e o placar do jogo entre Boca Juniors e Palmeiras foi zero a zero, o que leva a decisão aberta para o Allianz Parque. Mas aí esse é um outro capítulo dos 180 minutos que renderão uma vaga na final da Libertadores.
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