Enner Valencia: gols em estreia marcam redenção após fuga por pensão
Herói equatoriano, atacante de 33 anos já foi piada mundial por cena inusitada e vive o melhor momento da carreira impulsionado por Jorge Jesus
Enner Valencia viveu neste domingo, 20, em Doha, no Catar, os minutos mais intensos de toda a sua carreira. Aos 33 anos, o atacante do Equador entrou para a história das Copas como o autor do primeiro gol de um Mundial – ainda balançou as redes mais duas vezes só no primeiro tempo, uma delas anulada pelo VAR -, mas, curiosamente, há seis anos virava uma espécie de piada no mundo do futebol. O motivo: a fuga de uma ordem de prisão pelo não pagamento de pensão.
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O fato inusitado aconteceu em 6 outubro de 2016. Aos 35 minutos do segundo tempo, o jogador caiu no gramado do estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, aparentemente cansado. Atendido por médicos, foi colocado em uma maca – com uma máscara de oxigênio sobre o rosto. Acabou substituído por Walter Ayoví e simplesmente sumiu.
De acordo com informações do jornal El Universo, do Equador, a polícia buscava o paradeiro do jogador para detê-lo, mas chegou tarde já que havia sido conduzido a um hospital local pela ambulância.
AGORA COM VÍDEO: nas eliminatórias da Copa 2018, Enner Valencia seria preso após um Equador-Chile. Atraso no pagamento de pensão. Eis que ele fingiu uma lesão para sair de ambulância. Hoje é o homem da abertura da Copa 2022 https://t.co/nRV3ns4Yyo
— Non Sense Football (@_NSenseFootball) November 20, 2022
Dias depois, o advogado do então atacante do Everton afirmou que ele já havia feito o pagamento de 17.134,15 dólares referente a pensão de uma de suas filhas. Fim da polêmica, mas a história ficou.
Destaque solitário até aqui neste Mundial, Valencia vive um dos melhores momentos da carreira sob o comando do técnico português Jorge Jesus, no Fenerbahce.
O atacante marcou 15 gols em 22 partidas pelo clube turco só nesta temporada, uma média de 0,68, só inferior a da passagem que teve pelo Pachuca, entre 2013 e 2014. No México, ele fez 18 gols em 25 jogos, média de 0,72, e atraiu olhares do West Ham.
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— FIFA World Cup (@FIFAWorldCup) November 20, 2022
Cria do Emelec, surgiu para o futebol em 2010 e tem passagens por Tigres, do México, e pelo Everton, da Inglaterra.
Valencia é respeitado no país pelo fato de ser o maior artilheiro da história da seleção. Com os dois, chegou aos 37 pela La Tri e disparou na condição de maior goleador equatoriano. Em Mundiais, o aproveitamento é ainda mais assombroso: cinco gols em quatro partidas, média superior a um gol por jogo.
Apesar da eliminação ainda na primeira fase na única aparição em Copas, a de 2014, foi o alento do Equador no Brasil. Aos 23 anos, era apontado como o mais talentoso nome de sua geração, mas com uma vida conturbada fora das quatro linhas.
Foram comuns as aparições noticiários fora do futebol nos últimos anos, em uma delas pele sequestro sofrido pela irmã.
Contra o Catar, Valencia encontrou um atalho para começar bem a Copa. O adversário, contudo, terminou a partida sem acertar um chute sequer na direção do gol equatoriano.
O próximo desafio, contra a Holanda, na próxima sexta-feira, 25, colocará Valencia a prova novamente. O Equador espera ter a melhor – e menos polêmica – versão de seu capitão para seguir sonhando com uma inédita classificação.