Comitê Organizador da Copa do Catar rebate protesto da Dinamarca
Entidade contesta denúncias sobre violação aos direitos humanos feitas pela seleção dinamarquesa e sua fornecedora de uniformes, Hummel
O Comitê Organizador da Copa do Mundo do Catar divulgou nesta quinta-feira, 29, um comunicado publico em resposta ao protesto da seleção dinamarquesa de futebol contra denúncias de violações dos direitos humanos no país-sede do Mundial. A Hummel, fabricante de material esportivo da equipe desenvolveu uma camisa monocromática, com logo e escudo “invisíveis”, com o intuito de não associar sua imagem a um torneio que “custou a vida de milhares de pessoas”, segundo a marca.
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No comunicado, o Comitê negou a posição da marca de artigos esportivos. “Contestamos a afirmação da Hummel de que este torneio custou a vida de milhares de pessoas. Além disso, rejeitamos a banalização do nosso compromisso genuíno de proteger a saúde e a segurança de 30 000 trabalhadores que construíram os estádios da Copa do Mundo e outros projetos do torneio. Esse mesmo compromisso agora se estende a 150 000 trabalhadores em vários serviços de torneios e 40 000 trabalhadores no setor de hospitalidade”.
A entidade fez um pedido à Federação Dinamarquesa de Futebol: “Transmita com precisão o resultado de sua extensa comunicação com o Comitê, e para garantir que isso seja comunicado com precisão a seus parceiros da Hummel. Deve haver o compromisso dos países para fazer mais para proteger os direitos dos povos em todo o mundo, incluindo a Dinamarca”.
O boicote comercial imposto pela federação local é antigo, iniciou em novembro do último ano, quando a entidade anunciou que estamparia mensagens humanitárias no lugar de patrocínios. Na ocasião, em comunicado, a federação fez longas críticas à organização do evento, e afirmou que usará sua participação no torneio para propor mudanças.
“Há muito tempo, a DBU critica fortemente a Copa do Mundo no Catar, mas agora estamos intensificando ainda mais nossos esforços e um diálogo crítico para aproveitarmos o fato de estarmos qualificados para trabalhar por mais mudanças no país. Além disso, há muito tempo chamamos a atenção para os desafios que a Fifa e o Catar enfrentam e continuaremos fazendo isso ”, disse Jakob Jensen, presidente da Federação dinamarquesa.
A decisão da Dinamarca é disputar a Copa do Catar somente com fins esportivos e não comerciais. Os patrocinadores da seleção cederam seus espaços nos uniformes em prol da manifestação. “É um sinal muito forte quando nossos parceiros também se engajam na luta por melhores condições no Catar. Os parceiros apoiam o futebol dinamarquês, a seleção masculina e a participação esportiva no Campeonato Europeu e na Copa do Mundo – não o anfitrião individual ”, explica o presidente.
This shirt carries with it a message.
We don't wish to be visible during a tournament that has cost thousands of people their lives.
We support the Danish national team all the way, but that isn't the same as supporting Qatar as a host nation. pic.twitter.com/7bgMgK7WzS
— hummel (@hummel1923) September 28, 2022
Outras medidas foram adotadas pela Federação do país nórdico, que planeja limitar o número de funcionários que viajarão para a Copa do Mundo e conduzir continuamente a devida responsabilidade na escolha de hotel e outros serviços no Catar para garantir que os direitos trabalhistas aplicáveis sejam respeitados.
Desde que foi escolhido como país sede da Copa, em 2010, o Catar sofre com rejeição internacional devido ao histórico de infração aos direitos humanos, como o fato de a homossexualidade ser um crime previsto por lei. Outra série de denuncias aconteceram durante as obras para realização do evento. Em 2016, a Anistia Internacional (AI) divulgou um relatório acusando a Fifa, seus patrocinadores e as construtoras responsáveis pelas obras da Copa do Mundo do Catar, em 2022, de exploração massiva e indevida dos trabalhadores imigrantes que contribuem para a preparação do evento.
Confira o comunicado emitido pelo Comitê Organizador da Copa do Mundo do Catar 2022:
Desde que conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo da FIFA™️, o Comitê trabalhou diligentemente ao lado do governo do Catar para garantir que o torneio ofereça um legado social duradouro.
Nosso compromisso com esse legado contribuiu para reformas significativas no sistema trabalhista, promulgando leis que protegem os direitos dos trabalhadores e garantem melhores condições de vida para eles.
Através da nossa colaboração com o Grupo de Trabalho da UEFA e várias outras plataformas lideradas pela FIFA e outros grupos independentes, estabelecemos um diálogo robusto e transparente com a DBU (Federação Dinamarquesa). Esse diálogo resultou em uma melhor compreensão do progresso alcançado, dos desafios enfrentados e do legado que entregaremos além de 2022.
Por essa razão, contestamos a afirmação da Hummel de que este torneio custou a vida de milhares de pessoas. Além disso, rejeitamos de todo o coração a banalização de nosso compromisso genuíno de proteger a saúde e a segurança dos 30 mil trabalhadores que construíram estádios da Copa do Mundo da FIFA™️ e outros projetos de torneios. Esse mesmo compromisso agora se estende a 150 mil trabalhadores em vários serviços de torneios e 40 mil trabalhadores no setor de hospitalidade.
O ônus deve sempre recair sobre os países para fazer mais para proteger os direitos das pessoas em todo o mundo, inclusive na Dinamarca. O trabalho do Comitê é reconhecido por inúmeras entidades da comunidade internacional de direitos humanos como um modelo que acelerou o progresso e melhorou vidas. As reformas do Catar são reconhecidas pela Organização Internacional do Trabalho e pela Confederação Sindical Internacional como referência na região. Como todo país, o progresso nessas questões é uma jornada sem linha de chegada, e o Catar está comprometido com essa jornada.
Instamos a DBU (Federação Dinamarquesa) a transmitir com precisão o resultado de sua extensa comunicação e trabalho com o Comitê, e garantir que isso seja comunicado com precisão a seus parceiros na Hummel.