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Cuca anuncia saída do Corinthians em meio a protestos: ‘Pedido da família’

Treinador agradeceu aos atletas que o abraçaram após classificação diante do Remo, mas disse ter sido "julgado e condenado pela internet" por caso de Berna

O técnico Cuca anunciou sua saída do Corinthians já na madrugada desta quinta-feira, 27, pouco depois da classificação diante do Remo, nos pênaltis, pela terceira fase da Copa do Brasil. A decisão foi motivada pelos protestos de parte da torcida em razão da condenação do técnico por um caso de ato sexual com uma menor de idade, ocorrido em Berna, na Suíça, em 1987.

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Cuca agradeceu o apoio do atletas, que o abraçaram após a classificação na Neo Química Arena, e disse ter tomado a decisão a pedido de seus familiares, que vinham sendo ameaçados nas redes sociais. “Nesse momento eu quero fazer valer a pena minha família, o que tenho mais importante no mundo, eu não esperava essa avalanche, fui julgado e punido pela internet e isso tem uma consequência muito grande em todos os sentidos. Então, eu saio nesse momento, não é o que eu queria, se espera uma vida inteira para estar aqui, mas é um pedido da minha família. Amanhã estou em casa para cuidar de vocês””, afirmou. 

“Eu estava muito concentrado nessa decisão, não queria tirar o foco, isso acaba levando para os jogadores e hoje eles me emocionaram, e eles ofertaram para mim a vitória, eu não pedi nada, eles sentiram pelo o que eu estou passando. Quero ser breve, não quero ser vítima de nada, o que estou passando é a pior coisa que o homem pode passar, que fere a dignidade, quando invade as redes dos familiares, mulher e filha”, discursou o técnico. 

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Cuca dirigiu o time em apenas duas partidas, a derrota por 3 a 1 para o Goiás pelo Brasileirão e o triunfo por 2 a 0 sobre o Remo, nesta quarta, na Neo Química Arena.

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Roger Guedes comemorando o segundo gol do Corinthians na partida

Na saída do estádio, Roger Guedes defendeu o treinador e abriu o jogo sobre o clima dentro do vestiário. “Uma m**** (o clima). Eu acho muito pesado o que estão fazendo. Quem pediu a saída dele deve estar feliz. Nós de coração bom estamos tristes. Eu acredito na inocência, vai provar a inocência para calar a boca de muita gente”, disse o atacante.

“A gente ficou triste por ser muito desumano atacarem ele, ameaçaram as filhas de morte. A gente sabe como é, quando perde jogo acontece com a gente também. A gente está acostumado com isso, mas seu filho de sete anos ver uma parada dessa ou as filhas dele, que já são grandes”, continuou.

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O atacante ainda revelou que sabia da saída e conversou com Cuca sobre a situação: “Ontem mesmo fiquei uma hora na sala dele. O cara chorar na sua frente é f***. Infelizmente, vivemos num momento em que as pessoas julgam, colocam muito o dedo e não deixam a pessoa provar sua inocência.”

Protestos e adeus

O caso de Cuca sofreu uma reviravolta na quarta-feira, 25, depois que o advogado suíço Willi Egloff, que representou a vítima, uma jovem de 13 anos na ocasião, concedeu entrevista ao portal Uol e afirmou que a menina reconheceu Cuca como um de seus estupradores e que o sêmen do treinador foi utilizado como prova. Segundo ele, o treinador foi condenado por ter mantido atos sexuais com uma criança, de acordo com o Código Penal Suíço.

As declarações de Egloff ao repórter Adriano Wilkson contrariram a versão de Cuca, que em sua apresentação no Corinthians disse jamais ter tido contato com a jovem e que não teria sido reconhecido por ela. “A declaração de Alexi Stival [Cuca] é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor”, afirmou o advogado.

O caso ocorreu durante uma excursão do Grêmio à Europa, há 36 anos. O então jovem atacante e mais três colegas, Eduardo, Fernando e Henrique, foram detidos em Berna, acusados de terem abusado de uma adolescente de 13 anos, na concentração do clube gaúcho. Um mês e meio depois, o quarteto acabaria liberado para retornar ao Brasil; dois anos depois; o grupo recebeu penas diferentes – a de Cuca foi de 15 meses de detenção -, mas jamais cumpriu a pena, que prescreveu, pois o Brasil não extradita seus cidadãos.

Ao Uol, o advogado formado na Universidade de Zurique em 1974 confirmou uma informação dada pelo jornal local Der Bund em 1989, segundo a qual o sêmen de Cuca foi encontrado na jovem. “É correto que o sêmen de Alexi Stival foi encontrado no corpo da garota. O exame foi realizado pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna.”

Egloff confirmou ainda que a jovem tentou suicídio depois do ocorrido. “Esta informação está correta. No entanto, eu não me lembro com certeza se isso aconteceu imediatamente após o evento ou mais tarde.”

Em sua apresentação, Cuca negou o crime e disse que estava apenas presente no quarto quando a garota foi cercada por seus colegas. “Eu tinha 23 anos, íamos jogar uma partida, subiu uma menina pro quarto, um quarto duplo, destes em L. Essa foi minha participação neste caso, eu sou totalmente inocente, eu não fiz nada”, disse Cuca.

“O quarto era um L, eu não sei o que aconteceu. Minha parte é essa. O mais importante não é a palavra da mulher? Ela nunca disse que eu estava lá”, prosseguiu Cuca. “Não vou ficar em casa me escondendo, não sou culpado de nada. Meu erro foi não ir a julgamento, eu nem sabia, acho que soube depois de um ano que teve um julgamento”, completou o profissional, cuja contratação vem sendo alvo de protestos no Parque São Jorge.

Não é possível confirmar nenhuma das versões, pois o caso segue em segredo de Justiça para proteger a privacidade da vítima.

Durante a noite de terça-feira, os advogados Ana Beatriz Saguas e Daniel Leon Bialski, que representam o treinador, divulgaram uma nota na qual dizem que o técnico “refuta as acusações” e “não deverá tolerar afrontas e ofensas”, mas que seguirá concentrado no trabalho. O texto revela ainda que Cuca contratou representantes na Suíça para cuidar do caso.

Confira, na íntegra, a nota abaixo:

“O treinador Cuca esclarece que está totalmente concentrado e empenhando toda a sua energia para o jogo decisivo que o time enfrentará amanhã e, diante das notícias veiculadas nos últimos dias a seu respeito, comunica que a partir desta nota, ele se manifestará e será representado exclusivamente por meio de seus advogados que contam com representantes na Suíça.

Desta forma, refuta as acusações que lhe são atribuídas, que remontam há mais de trinta anos e que foram investigadas e apuradas na ocasião.

O treinador segue desempenhando seu trabalho com lisura e honradez há décadas e, por essa razão, não deverá tolerar afrontas e ofensas contra sua idoneidade, caráter e integridade.”

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