Copa do Brasil: Dorival x VP apimenta rivalidade de escolas na decisão
Além da disputa pela taça e da vaga na Libertadores, finalíssima aumenta embate entre técnicos brasileiros e estrangeiros pelo protagonismo no nosso futebol
Texto adaptado da edição de outubro de PLACAR
A Copa do Brasil conhecerá nesta quarta-feira, 19, no Maracanã, o seu mais novo campeão (confira onde assistir ao confronto). De um lado o Flamengo, que já chegou a sete finais e tem três títulos, e do outro o Corinthians, com seis decisões e também três conquistas no currículo. Fora do gramado, contudo, a finalíssima também reacende uma disputa para lá de interessante entre Dorival Júnior e Vítor Pereira, atrelada a uma indagação: afinal, os técnicos estrangeiros são mesmo melhores que os brasileiros?
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Obviamente, não há resposta definitiva para essa discussão — que vem ganhando corpo desde 2019, com a passagem avassaladora do português Jorge Jesus pela Gávea, com cinco títulos (e apenas quatro jogos perdidos em pouco mais de um ano).
Não há como negar, contudo, que dirigentes e torcedores estão inebriados com a onda dos técnicos gringos. Até três anos atrás, quando o Mister liderava o Flamengo e o argentino Jorge Sampaoli orientava o Santos, o máximo de estrangeiros comandando clubes brasileiros na Série A tinha sido quatro (o uruguaio Diego Aguirre no Atlético-MG, o argentino Eduardo Bauza no São Paulo e os portugueses Paulo Bento e Sérgio Vieira, no Cruzeiro e no América-MG, na edição de 2016).
De 2019 para cá esse número explodiu: foram sete no torneio de 2020, nove no ano passado e dez agora em 2022.
Essa preferência por forasteiros gerou alguns episódios constrangedores recentemente. Oswaldo de Oliveira subiu o tom ao dizer que “É só falar ‘ora, pois’ para dirigir o melhor time do Brasil” e garantiu que “não precisamos deles”.
Jorginho criticou Abel Ferreira (bicampeão da Libertadores com o Palmeiras, em 2020 e 2021) ao afirmar que os portugueses “não estão descobrindo o futebol” e o desafiou a ganhar títulos com o Atlético Goianiense.
O fato é que a “febre” chegou até a contaminar a conversa sobre o possível sucessor de Tite (o próprio técnico da seleção afirma, na entrevista publicada na mesma edição, que prefere que o novo nome seja alguém nascido no Brasil).
O fato é que, nos clubes, há histórias de sucesso — caso do argentino Juan Pablo Vojvoda no Fortaleza, do uruguaio Paulo Pezzolano no Cruzeiro e, claro, do português Abel Ferreira, bicampeão da Libertadores pelo Palmeiras — e outras nem tanto.
O próprio Flamengo sentiu na pele que não basta ser de fora para se dar bem. Quando Jesus saiu, veio o espanhol Domènec Torrent, ex-auxiliar de ninguém menos que Pep Guardiola. Mas seu trabalho nunca convenceu. Rogério Ceni assumiu o posto e foi campeão brasileiro em 2020.
Mais tarde, o português Paulo Sousa também não conseguiu impor seu estilo de jogo ao elenco e foi vendo o clima se desgastar pouco a
pouco, até ser trocado por Dorival Júnior em junho deste ano. E não há dúvidas de que o estilo mais “abrasileirado” de Dorival tem
funcionado muito melhor — basta dizer que o rubro-negro está também na final da Libertadores.
Aos 60 anos, o ex-volante nascido em Araraquara recuperou o prestígio de quando dirigiu o Santos de Neymar, Ganso e Robinho, no início da década passada. Como aquele time, o Fla de hoje joga com tabelas, aproximações, liberdade de movimentação. Vence e encanta.
Seu oponente nos confrontos deste mês é o também lusitano Vítor Pereira. Contratado por gostar de times ofensivos, que buscam ter a posse de bola e marcar com agressividade na frente, ele quase nunca conseguiu transportar essas ideias para a realidade.
Os problemas concretos do Corinthians e do futebol brasileiro falaram mais alto: partidas em sequência, lesões e desgaste físico, atletas sem as características necessárias… Ainda assim, construiu uma equipe competitiva, que incendeia o Itaquerão.
VP, como é mais conhecido, conquistou o respeito da Fiel. Vale lembrar que, antes dele, o argentino Daniel Passarella tinha sido o último estrangeiro a treinar o Timão. Em 2005, ficou apenas quinze jogos no clube, entrou em rota de colisão com o elenco e foi demitido após ser goleado pelo São Paulo.
A finalíssima da Copa do Brasil, aliás, pode ser o último fado de Pereira em terras brasileiras. O treinador sente saudade da família em Portugal e ainda não tem a permanência confirmada para 2023.
Dorival ou Vítor, quem ficar com o título vai jogar mais um pouquinho de pimenta nessa briga.
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