O querubim de Quixeramobim: Iarley, o herói do Mundial do Inter
No aniversário de 115 anos do Colorado, relembre textos de PLACAR sobre a conquista do Mundial de Clubes de 2006 diante do Barcelona
O Internacional celebra nesta quinta-feira, 4 de abril, seu aniversário de 115 anos. Há quase duas décacas, o Colorado chegou ao capítulo mais glorioso de sua história, a conquista do Mundial de Clubes de 2006. A final diante do favoritíssimo Barcelona, em Yokohama, foi decidida por um herói improvável: Adriano Gabiru, que recebeu passe de Iarley e selou o 1 a 0 que tingiu o mundo de vermelho.
O cearense Pedro Iarley foi, para muitos, o melhor em campo na batalha diante dos catalães. Além da assistência para o gol do título, o atacante representou perigo constante à zaga do Barça e sustentou a bola no ataque com extrema categoria nos minutos finais. Assim, ganhou o seu bimundial (já havia vencido o torneio com o Boca Juniors, em 2003).
Na edição de janeiro de 2007, o então diretor de redação de PLACAR, Sérgio Xavier Filho, gaúcho (e gremista), dedicou um texto especial ao
“querubim de Quixeramobim”. O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera textos e fotos de nossos arquivos, transcreve abaixo este perfil de Iarley e também o conteúdo do pôster “A Terra é vermelha”.
O querubim de Quixeramobim
Quando já não havia Fernandão nem Pato, Índio sangrava e o Barcelona atacava, Iarley vestiu a faixa de capitão do Inter. O cearense tomou conta do jogo e deu a Adriano o gol do título do Mundial de Clubes
Sérgio Xavier Filho
Por um dia, Quixeramobim foi a capital do mundo. Assim como o Jardim Irene, periferia de São Paulo, também teve seu momento de glória há quatro anos e meio por obra do brasileiro Cafu. Cidadezinha de 60000 habitantes, Quixeramobim está no coração do Ceará, vive da agropecuária e teve sua bandeira desfraldada em rede mundial de televisão por um de seus filhos mais fiéis.
Pedro Iarley Lima Dantas não fez o gol do título colorado, mas foi o principal nome na vitória contra o grande Barcelona. Iarley comandou o Internacional e fez o mais difícil no gol de Adriano. Aos 36 minutos do segundo tempo, recebeu a bola no meio-campo, girou sobre a vaca-louca Puyol, avançou em direção ao gol e enfrentou o dilema de toda uma vida: para quem passar a bola? Pela direita, o garoto Luiz Adriano, 19 anos na cara e um histórico de gols perdidos no Internacional. Pela esquerda, Adriano Gabiru, talvez um dos seres humanos mais vaiados no futebol gaúcho no ano de 2006 ” pelo que fez e, sobretudo, pelo que não fez.
Iarley talvez tenha pensado em não passar para ninguém, arriscar um drible e um chute. Optou pela diagonal, por Adriano Gabiru, o mais experiente dos dois. Passe perfeito, no tempo corretíssimo, assim como fez Tostão na Copa de 70 para o gol de Jairzinho, contra o Uruguai. Com a vitória parcial, Iarley usou a prerrogativa de capitão da equipe (Fernandão já havia sido substituído) para se considerar o dono da bola. Pisou na dita-cuja, prendeu, enrolou, gastou o tempo. O jogo acabou e o Internacional conseguiu seu primeiro título mundial em 97 anos de história ” o segundo do atacante colorado, que já sentira o gostinho em 2003 pelo Boca Juniors.
Placar imaginava que o dono desta página, o personagem do mês, seria outro. Fernandão, Alexandre Pato ou, na pior das hipóteses, Ronaldinho Gaúcho. O roteiro parecia reservar protagonismo para um dos três na decisão do Mundial de Clubes da Fifa. Bem marcado pela defesa colorada, Ronaldinho ficou pelo meio do caminho. As dores e cãibras derrubaram Fernandão e Pato. Sobrou para o homem de Quixeramobim. Logo ele, que passou metade do ano no banco de reservas, esperando as contusões ou suspensões de Fernandão e Rafael Sóbis.
Quando Sóbis foi vendido para o Betis, da Espanha, o presidente do Internacional, Fernando Carvalho, dizia: “O Iarley não é melhor que o Rafael, mas o time fica melhor com ele. O jogo da equipe flui mais”. Conversa mole de quem tenta convencer os outros que vender o melhor jogador do time não era nenhuma tragédia. Pois o ataque do Inter reaprendeu a jogar sem Sóbis. Sem a mesma velocidade dos tempos que galopava pelas peladas do Ceará, Iarley se tornou mais cerebral. Prender a bola, dar o corpo para a falta, abrir espaço para Fernandão, novas funções do atacante de 32 anos. E assim Iarley foi crescendo, fazendo seus golzinhos e ganhando confiança para arriscar.
Em três oportunidades, a ousadia se tornou obra de arte. Os colorados não se esquecem do gol de calcanhar contra o São Caetano, da bomba no ângulo contra o Fluminense, da bicicleta contra o Vasco. Apesar dos golaços, da atuação decisiva contra o Barcelona e da bandeira de Quixeramobim agitada em Yokohama, Pedro Iarley Lima Dantas ainda carece de reconhecimento. Na eleição feita pela cidade para escolher o “Quixeramobinense do Milênio”, Iarley não apareceu entre os 25 mais votados. Ainda é tempo de corrigir essa injustiça, povo de Quixeramobim.
A terra é vermelha
E nunca esteve tão bonita assim. O Inter teve que sangrar, suar e jogar muita bola para vencer o Barça e conquistar a única taça que faltava no Beira Rio
Dezessete de dezembro de 2006 entrou para a história do Internacional como a noite dos heróis, mas também a noite em que uma alma penada encontrou a paz e foi elevada à condição de lenda. Vitória de 1 x 0 sobre o poderoso Barcelona, gol de Adriano Gabiru. Uma reconciliação com a história. O herói foi contratado em janeiro, a pedido de Abel Braga. No Beira-Rio, acostumou-se mais às vaias do que aos aplausos. Nunca jogava bem. O que passou pela cabeça da torcida colorada quando, aos 31 minutos do segundo tempo, o capitão e maior esperança do time deixava o campo machucado? Adriano entrou em campo para substituir Fernandão. E surpreendeu o mundo ao deixá-lo todo vermelho pela primeira vez na história.
Os espanhóis dominavam a partida e a defesa do Inter juntava os pedaços para se manter forte, como forte foi desde o começo do jogo. Índio, com o nariz transformado em poça de sangue, o uniforme branco todo manchado, era a imagem do exército espartano no qual havia se transfigurado os defensores colorados. Há sérias baixas em toda grande batalha. Faltavam ainda 15 minutos quando o general Fernandão precisou sair, exausto e contundido. Ao divulgar a lista de jogadores para o Mundial, Abel deu a Adriano a camisa 16. Alegou que acreditava em numerologia. Somados, os números 1 e 6 têm como resultado 7, o mais poderoso da cabala.
Se os gaúchos não contavam com a mesma técnica, poderio econômico e jogadores de nome, havia alma e coração em campo. A maneira de enfrentar o time mais badalado do planeta, de igual para igual, foi reduzir os espaços, atacar menos, mas de maneira mortal. Um futebol de marcação implacável e rápidos contra-ataques. Ceará e Edinho fizeram de Ronaldinho Gaúcho quase um jogador qualquer. Contratado do São Caetano em 2005, o lateral-direito foi outro que passou de reserva a herói em 2006. Sem Elder Granja, lesionado na Libertadores, Ceará assumiu a camisa 2 para fazer história. Religioso, pediu forças em suas orações. Homem de fé e muita garra, cumpriu com a sua missão na Terra.
Clemer foi um monstro. Fabiano Eller, intransponível. Índio, um guerreiro. Iarley foi gigante em seu 1,69 m. Num dia em que Fernandão e Alexandre Pato tiveram de correr atrás dos volantes do Barça e se exauriram, Iarley atuou pelos dois. E ainda havia Luiz Adriano. Um garoto de 19 anos, que já havia colocado o Inter na final ao marcar o gol da vitória contra o Al Ahly. Outra alma penada, aliás. Ecoa até hoje no Beira-Rio a vaia que tomou contra o Goiás, na despedida do Brasil. Tudo bem, Luiz Adriano chegou no Mundial e arrebentou, substituindo Alexandre Pato nas duas batalhas. Um campeão, todos sabem, não se faz só com 11 homens. Na lateral-esquerda, o reserva Rubens Cardoso parecia dois em campo.
O Inter era a zebra. Aos 36 minutos do segundo tempo, o futebol voltou a contar aquelas velhas histórias de superação, garra, fé e… redenção. Era mais um ataque do Barcelona. Clemer, Ceará, Índio, Eller, Rubens Cardoso, Edinho e Vargas, os sete homens transformados em muralha, haviam rechaçado outra vez a turma de Ronaldinho. A bola sobrou alta, no meio-campo, e Luiz Adriano cabeceou para o ataque.
Caiu nos pés de Iarley. O cearense de Quixeramobim passou por Puyol, conduziu a bola até a entrada da área. À direita, tinha Luiz Adriano. À esquerda, Adriano. Optou por Gabiru. Ao receber dentro da área, Adriano viu Belletti se atirando a seus pés e o deixou para trás. Restava o goleiro Valdés, vencido com um forte chute de direita. Noite no Japão, manhã de explosão em Porto Alegre: Inter 1 x 0. Adriano Gabiru, o maldito que virava herói.
O uniforme usado no Mundial foi o reserva, todo branco. Mas o planeta nunca esteve tão vermelho ” e lindo ” como neste 17 de dezembro. Salve, Internacional, enfim o dono do mundo.
Final
17/12 – ESTÁDIO INTERNACIONAL (YOKOHAMA-JAPÃO)
INTERNACIONAL 1 x 0 BARCELONA (ESPANHA)
J: Carlos Brates (Guatemala)
G: Adriano 36 do 2º tempo
CA: Índio, Thiago Motta e Adriano
INTERNACIONAL: Clemer; Ceará, Índio, Fabiano Eller e Rubens Cardoso; Edinho, Wellington Monteiro, Fernandão (Adriano) e Alex (Vargas); Alexandre Pato (Luiz Adriano) e Iarley. T: Abel Braga
BARCELONA: Valdes; Zambrota (Belletti), Puyol, Rafa Márquez e Van Bronckhorst; Thiago Motta, Iniesta (Xavi) e Deco; Giuly, Gudjohnsen (Ezquerro) e Ronaldinho. T: Frank Rijkaard
Semifinal
13/12 – NACIONAL (TÓQUIO-JAP)
INTERNACIONAL 2 x 1 AL AHLY (EGITO)
J: Subkhiddin Mohd Salleh (Malásia)
G: Alexandre Pato 23 do 1º, Flavio 9 e Luiz Adriano 27 do 2º;
CA: Fernandão, Gomaa, Flávio e Alex
INTERNACIONAL: Clemer, Ceará, Índio, Fabiano Eller e Hidalgo (Rubens Cardoso 18/2); Edinho, Wellington Monteiro, Fernandão e Alex; Alexandre Pato (Luiz Adriano 20/2) e Iarley (Vargas 37/2). T: Abel Braga
AL AHLY: El Hadary (Abedelhamid 37/2), Shadi, Gomaa e Nahas; El Shater (Sedik 30/2), Ashour, Mostafa (Emad int), Shawky, Aboutrika e Tarek Said; Flavio. T: Manuel José
Os heróis*
CLEMER – GOLEIRO
Clêmer Melo da Silva
1,90 m – 89 kg
20/10/68, São Luís (MA)
De goleiro inconfiável na maioria dos clubes por onde passou, Clemer entrou para a galeria de heróis do Inter em 2006, ao conquistar a América e o Mundo. No Japão, ele foi decisivo nas partidas contra Al Ahly e Barcelona. Agora, aos 38 anos, Clemer mora ao lado de lendas coloradas, como Manga, Benitez e Taffarel.
RUBENS CARDOSOLAT.-ESQ
Rubens V. T. Cardoso
1,78 m – 67 kg
6/9/76, São Paulo (SP)
Junto com Adriano e Michel, o lateral fez parte de um grupo rejeitado pelos torcedores colorados. Porém, no Mundial teve grande atuação quando o time perdeu Hidalgo, contra o Al Ahly. Na final, correu tanto que parecia dois em campo, ora marcando Giully, ora apoiando com enorme velocidade. Rubens Cardoso jogou como nunca.
VARGAS – VOLANTE
Fabián A. Vargas Rivera
1,78 m – 71 kg
17/4/1980, Bogotá, Colômbia
Num time já fechado, o colombiano foi o 12º elemento. Contratado do Boca Juniors, Vargas mostrou no clube aquilo que se espera de um jogador graduado em raça na Argentina: garra, frieza, disposição e marcação insana. Resultado: deu uma nova alma ao meio-campo colorado quando precisou entrar nos dois jogos deste Mundial.
FERNANDÃO – ATACANTE
Fernando Lúcio da Costa
1,90 m – 85 kg
18/3/78, Goiânia (GO)
O Mundial serviu para comprovar que, além de capitão, Fernandão é o dono do time. Na estréia contra o Al Ahly, foi ele quem ainda no primeiro tempo fez falta dura em um atacante egípcio, levou amarelo, mas deu o recado aos companheiros: era hora de acordar e reagir no jogo. Na final, doou-se tanto que saiu machucao antes do fim.
RENAN – GOLEIRO
Renan Brito Soares
1,87 m – 82 kg
24/1/85, Viamão (RS)
Um mês antes do Mundial, Clemer sofreu uma contusão no joelho direito. Coube a Renan, o reserva imediato, assumir a meta colorada e permanecer oito jogos sem sofrer gols no Brasileirão. Um recorde. Se isso não serviu para que Renan se tornasse o novo titular, ao menos obrigou Clemer a treinar mais…
ÍNDIO – ZAGUEIRO
Marcos Antônio de Lima
1,80 m – 79 kg
14/2/75, Maracaí (SP)
A imagem do zagueirão sangrando em campo na final contra o Barcelona, jogando como um leão, será eterna na memória colorada. Sem Bolívar, destaque na Libertadores, vendido ao Monaco, coube a Índio assumir a camisa 3. Ele formou uma bela dupla com Fabiano Eller e virou ídolo, com toda a justiça.
FABINHO – VOLANTE
Fábio de Jesus
1,73 m – 72 kg
16/10/76, Nova Iguaçu (RJ)
Antigo titular do Inter, o volante caiu em desgraça ao agredir o são-paulino Souza e ser expulso no jogo de ida das finais da Libertadores. Depois disso, perdeu a vaga para Wellington Monteiro e não conseguiu mais voltar ao time – ainda que fosse um dos homens de confiança de Abel. É que o titular jogou demais…
IARLEY MEIA/ATACANTE
Pedro Iarley Lima Dantas
1,69 m – 71 kg
29/3/74, Quixeramobim (CE)
Aguardou a saída de Rafael Sóbis para ter sua chance neste time. Vencedor com o Boca Juniors, em 2003, já dizia que ser campeão do mundo só iria ter graça mesmo se fosse por um clube brasileiro. E como teve graça! Com a saída de Fernandão, vestiu a faixa de capitão e liderou o time rumo à vitória contra o Barcelona.
MARCELO BOECK – GOLEIRO
Marcelo Boeck
1,91 m – 81 kg
28/11/84, Sta. Cruz do Sul (RS)
Na prática, Marcelo teve apenas uma grande chance na temporada e até foi bem. Lesionado, Clemer não pôde encarar a LDU e a altitude de Quito. Marcelo, então o segundo goleiro, enfrentou o ar rarefeito dos 2,8 mil metros acima do mar e não fez feio, levando dois gols. No jogo de volta, o Inter bateu a LDU e abriu caminho para ganhar o mundo.
Fabiano Eller – ZAGUEIRO
Fabiano Eller dos Santos
1,83 m – 75 kg
19/11/77, Linhares (ES)
Conseguiu ser perfeito nos 90 minutos contra o Barcelona. Não perdeu uma bola sequer e, mais do que isso, matou todas as jogadas do Barça com grande lealdade. Contratação pedida por Abel, foi decisivo nas duas maiores conquistas da história do Inter. O maior beque do futebol brasileiro em 2006.
PERDIGÃO – VOLANTE
Cleilton Eduardo Vicente
1,69 m – 75 kg
28/6/77, Curitiba (PR)
Depois de ser testado (e não aprovar) como articulador, Perdigão acabou voltando para o banco de reservas. No Mundial, desempenhou aquele papel que melhor o caracterizou na Libertadores: animador do time e da torcida. Ao lado da casamata, ele incentivava os companheiros e pedia a todo o momento apoio das arquibancadas.
LUIZ ADRIANO – ATACANTE
LUIZ ADRIANO de S. da Silva
1,82 m – 71 kg
12/4/87, Porto Alegre (RS)
Cria das categorias de base, substituiu Pato nos dois jogos do Mundial. Desacreditado por muitos, Luiz Adriano foi ao Japão como escolha pessoal de Abelão. Acabou classificando o time à final do torneio, com o gol de cabeça na semifinal. Entrou de vez na galeria dos heróis colorados ao entrar ligadíssimo na final.
CEARÁ – LATERAL-DIREITO
Marcos V. de Albuquerque
1,75 m – 78 kg
18/6/80, Crato (CE)
Por pelo menos um dia, Ceará pôde dizer que era o melhor lateral-direito do mundo. Parou Ronaldinho jogando com muita categoria, sempre na bola. Na semifinal, foi um dos poucos a manter os nervos no lugar contra o Al Ahly. Era o reserva de Elder Granja. Virou titular na reta final da Libertadores e, agora, será para sempre o camisa 2 de um Colorado dono do Mundo.
EDIGLÊ – ZAGUEIRO
Ediglê Quaresma Farias
1,85 m – 79 kg
13/5/78, Fortaleza (CE)
Reserva imediato da zaga, Ediglê foi uma espécie de “The Flash” do Inter este ano. Em três jogos, entrou em campo no segundo tempo, jogou poucos minutos e acabou expulso. Mas e daí? Não há nada que que a medalha de campeão mundial não apague. Alguém tinha de ficar no banco para Eller a Índio jogarem!
ALEX – MEIA
Alex Raphael Meschini
1,75 m – 71 kg
25/3/82, Cornélio Procópio (PR)
Quatro lesões na temporada atrapalharam a vida do meia. Ainda assim, Alex foi fundamental para manter o equilíbrio no meio-campo colorado ” o setor mais afetado com as perdas de Tinga e Jorge Wagner. Não foi brilhante no Japão, mas sua eficiência tática permitiu que Fernandão e Pato aparecessem em momentos decisivos.
ALEXANDRE PATO – ATACANTE
Alexandre Rodrigues da Silva
1,79 m – 71 kg
2/9/1989, Pato Branco (PR)
Quanto tempo é preciso para se construir um ídolo? No caso do atacante colorado de Pato Branco (PR), de 17 anos, apenas três jogos: depois de arrasar o Palmeiras no Brasileirão, logo em sua estréia como profissional, o garoto fez o primeiro gol do Inter no Mundial e ajudou o clube a levantar o caneco inédito.
HIDALGO – LATERAL-DIREITO
Emilio Martín Hidalgo
1,80 m – 76 kg
15/6/1976, Lima, Peru
Contratado a pedido de Abel para o lugar de Jorge Wagner, que se foi depois da Libertadores, o lateral-esquerdo da seleção peruana foi uma das boas surpresas do segundo semestre. Além de um cruzamento insinuante, Hidalgo se transformava em terceiro zagueiro sempre que o Inter era atacado.
WELLINGTON M. – VOLANTE
Wellington de O. Monteiro
1,77 m – 77 kg
7/9/78, Rio de Janeiro (RJ)
O volante se juntou à turma somente nas oitavas-de-final da Libertadores. Contratado do Caxias, o carioca de futebol gaúcho foi a peça que faltava a um meio-campo órfão de Tinga. Com passe perfeito e marcação implacável, Wellington foi o cão de guarda da defesa e virou titular absoluto.
ADRIANO – MEIA
Carlos Adriano de S. Vieira
1,72 m – 62 kg
11/8/77, Maceió (AL)
Talvez ele só pudesse brilhar do outro lado do mundo mesmo… Adriano era odiado pela torcida. Vinha de uma péssima temporada, só recebias vaias no Beira Rio. Entrou nos últimos 15 minutos da final, no lugar de Fernandão, justo ele. Foram os 15 minutos mais mágicos de sua vida — e da história colorada.
MICHEL – ATACANTE
Michel Neves Dias
1,79 m – 68 kg
13/7/80, São Paulo (SP)
Vice-artilheiro do Inter na Libertadores, o atacante recebeu poucas chances no Brasileirão. No Mundial, ele foi como coadjuvante, no banco de reservas. Michel é incensado por Abel como um dos jogadores mais importantes taticamente. Mesmo sem jogar, tornou-se um campeão do mundo.
ÉLDER GRANJA – LAT.-DIREITO
Élder da Silva Granja
1,81 m – 73 kg
2/7/82, Santos (SP)
Titular do Inter até as semifinais da Libertadores, Granja sofreu uma séria lesão na panturrilha. Parou dois meses. Ao retornar, foi vítima de uma lesão muscular. Mais 45 dias de molho. Numa temporada de azares, foi ao Mundial como reserva de Ceará. Mas parte dessa conquista se deve às boas atuações na Libertadores.
EDINHO – VOLANTE
Edimo Ferreira Campos
1,82 m – 82 kg
15/1/83, Niterói (RJ)
Deu a volta por cima em 2006, com duas voltas olímpicas. Vaiado pela torcida na temporada anterior, jogou como nunca este ano. Foi um dos melhores em campo nas finais da Libertadores e do Mundial, quando ajudou a parar Ronaldinho. De rejeitado a incontestável, Edinho foi um monstro nesta temporada.
LÉO – MEIA
Leonardo A. Gomes Aro
1,76 m – 68 kg
14/12/83, Jundiaí (SP)
Campeão da Copa do Brasil de 2005 com o Paulista, ele teve poucas oportunidades no Inter. Foi relacionado para o Mundial quando embarcava de férias para Aruba. Substituiu Rentería, lesionado às vésperas da viagem ao Japão. E viu a faixa de campeão cair do céu. Bem melhor do que Aruba…
ABEL BRAGA – TÉCNICO
Abel Carlos da Silva Braga
1/9/1952, Rio de Janeiro (RJ)
O mundo estava impressionado com o show de bola que o Barcelona havia aplicado na estréia. Abelão tratou de colocar as coisas no seu devido lugar: o Internacional, campeão da América, não era uma baba… O Inter, bravo e lutador, iria marcar o time espanhol. Dito e feito. Depois de uma série de decepções no futebol, Abel ganhou os dois maiores títulos da história colorada em 2006. Alguém ainda acha que ele é pé frio? O planeta é seu, Abelão.
Clemer – o melhor ano de sua vida
Se o Inter chegou ao Japão, já devia muito a seu goleiro. Clemer teve em 2006 a melhor temporada de sua vida (e nem assim escapou de ser contestado por muita gente). Com fama de ser genial ou bestial dentro de um mesmo jogo, na final contra o Barça Clemer foi a perfeição debaixo dos paus. Pegou bolas em cobrança de falta, deu saídas à queima roupa, mostrou um impressionante reflexo, passou enorme tranqüilidade ao time. Quando esta taça for lembrada, daqui a 50 anos, a história que será contada começará pela camisa 1 colorada. A saga do goleiro de 38 anos que, depois de rodar por tantos clubes, no final de sua carreira virou uma lenda do Internacional.
Fernandão – capitão América e do mundo
Capitão do Inter em 2006, o meia-atacante já havia sido eternizado no clube ao marcar o gol 1.000 na história do Grenal e com aquela imagem na qual ergue o troféu da Copa Libertadores da América, em meio a uma chuva de papel picado no Beira-Rio. Agora, Fernandão repetiu o gesto em Yokohama ” na frente de Ronaldinho e companhia. O goiano de alma colorada está no topo do mundo. Com ele no time, o Inter sempre cresceu em campo. Fernandão foi muitas vezes a reserva moral e de raça da equipe. Recuado para o meio, doou-se tanto para a equipe que deixou a decisão a 15 minutos do fim, machucado e exausto. Sobrou força apenas para erguer a taça!
Iarley – ele é bicampeão
O atacante é um dos donos deste time. Prova disso foi quando passou 10 horas trancado na sala vip do Aeroporto Charles De Gaulle, em Paris, em solidariedade ao peruano Hidalgo e ao colombiano Vargas. Ambos não puderam ingressar na cidade, pois a França exige visto de entrada para cidadãos desses dois países e o Inter esqueceu deste “detalhe”. Em vez de descansar no hotel colorado em Paris, preferiu permanecer com os desafortunados companheiros. Só um líder faz isso. Só um líder recebe a faixa de capitão a 15 minutos do fim e, sem Fernandão em campo, decide a partida fazendo a jogada do gol mais importante da história colorada. Iarley foi um gigante!
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