Há 22 anos, Flamengo e São Paulo faziam final atípica por vaga na Libertadores
Em 2001, finalistas da Copa do Brasil decidiam a já extinta Copa dos Campeões - valendo vaga na Libertadores; PLACAR esteve presente

Flamengo e São Paulo começam a decidir neste domingo, 17, às 16h (de Brasília), no Maracanã, o título da Copa do Brasil – o segundo jogo ocorre no próximo dia 24, no Morumbi. Essa não será a primeira final entre as equipes neste século.
Os dois velhos conhecidos já estiveram frente a frente em julho de 2001, há 22 anos, na famigerada Copa dos Campeões – torneio criado pela CBF, com apenas três edições de duração, que reunia os clubes melhores colocados em copas regionais e estaduais. O vencedor, assim como na competição nacional, assegurava classificação para a Libertadores.
No texto assinado pelo jornalista André Rizek na edição 1187, publicada em julho daquele ano, em formato semanal, o enviado por PLACAR a Maceió e João Pessoa para a cobertura do torneio recorda que em disputa estava a busca por uma retomada do prestígio internacional.
Mesmo tendo conquistado competições como a Mercosul, o Flamengo não disputava a Libertadores desde 1993, enquanto o São Paulo não dava as caras no torneio desde 1994, ano do vice-campeonato diante do Vélez Sarsfield.

As equipes ainda haviam conquistado títulos estaduais no período, mas careciam de um novo protagonismo internacional. Curiosamente, ambos reconquistaram o torneio neste século: o São Paulo em 2005 e o Flamengo em 2019 e 2022.
Nos mata-matas, o Rubro-Negro eliminou Bahia e Cruzeiro até a finalíssima. Já o Tricolor superou Sport e Coritiba para chegar na decisão.
Na primeira partida, vitória flamenguista por 5 a 3, com atuação decisiva da dupla de ataque formada por Edílson e Reinaldo. O atacante Luis Fabiano, duas vezes, ainda diminuiu o prejuízo são-paulino.

No segundo jogo da final, o triunfo por 3 a 2 do São Paulo não foi suficiente para reverter a desvantagem. O jogo ficou marcado pelo golaço de falta do sérvio Petkovic, que já havia marcado de forma semelhante meses antes, diante do Vasco, na final do estadual.

Confira a reportagem na íntegra:
Bendita Libertadores!
Para o descontraído Flamengo e o concentrado São Paulo, o objetivo é um só: recuperar o prestígio internacional, retornando ao torneio mais cobiçado pelos clubes brasileiros, quase uma década depois
Por André Rizek, enviado especial
Um não disputa o principal torneio sul-americano desde 1993. O outro não sabe o que é a Libertadores desde 1994. Para dois times brasileiros que já ganharam a Libertadores, Flamengo e São Paulo, é muito tempo sem o gostinho de jogar o campeonato mais valorizado por aqui hoje em dia. O Flamengo ainda conquistou a Mercosul, em 1999, e o tri carioca (1999/2000/2001). O São Paulo ficou em dois Paulistas, em 1998 e 2000. Se você pensar que os estaduais estão cada vez mais em baixa…
Não foi à toa, portanto, que os flamenguistas celebraram a vitória sobre o Cruzeiro intensamente, e os tricolores vibraram com há tempo não se via com o triunfo sobre o Coritiba, que garantiu o time na decisão da Copa dos Campeões. O primeiro jogo da final acontece neste domingo, em João Pessoa, e a decisão está programada para a quarta-feira, dia 11, em Maceió. Haja emoção!
Por cobiçarem tanto a Libertadores e escaldados pelo papelão que fizeram no ano passado (foram eliminados nas semifinais com times superiores aos de Palmeiras e Sport, respectivamente), Flamengo e São Paulo foram, disparado, os que mais se prepararam para o torneio. Fizeram pré-temporada para chegar tinindo ao Nordeste.

Para o São Paulo, a Copa dos Campeões começou em 4 de junho e não na estréia contra o Sport, no dia 23. No dia 4, Nelsinho Baptista se apresentou ao clube, já sabendo da sua óbvia missão: reconduzir o São Paulo à Libertadores.
Em 21 dias, com direito a duas folgas, o São Paulo trabalhou em seu CT antes de seguir para o Nordeste. Os primeiros sete dias foram dedicados exclusivamente à preparação física. A segunda semana mesclou trabalhos físicos e técnicos. A terceira teve ênfase na parte tática. Somem-se a isso os dias que o São Paulo vem passando religiosamente concentrado em Maceió e João Pessoa. “Exatamente isso. E aqui aconteceu essa coisa importante que foi a convivência com o grupo. Eu já conhecia a maioria dos jogadores, mas sempre dá para você se aproximar mais”, afirma o treinador.
De problema, o São Paulo tem apenas a situação de Rogério Ceni, cujo clima com a diretoria é cada vez pior. Rogério, 11 anos de clube, vem dizendo que ao voltar do Nordeste uma novidade vai acontecer. Seria a sua saída, caso o São Paulo não lhe dê 80 mil reais de aumento? “Meu encanto com o São Paulo continua, sim, mas agora só dali para a frente”, diz, apontando a porta do vestiário.
Crise? Que crise?
O curioso é que era o Flamengo que passava por uma crise interna antes de disputar a competição. Edílson chegou a abandonar a concentração do time, ainda no Rio, após brigar com o goleiro Clemer. No Nordeste, nem sinal desse desentendimento nem do clima tenso entre os experientes e os pratas-da-casa. De tensão mesmo, só a troca de empurrões entre Petkovic e Leandro Ávila na semifinal contra o Cruzeiro. Coisa de jogo.
O Flamengo ganha de longe o prêmio da delegação mais descontraída na Copa dos Campeões. Nos momentos de lazer no hotel, entre uma refeição e outra, são os jogadores flamenguistas os mais brincalhões. Sempre na piscina fazendo piadas em voz alta. Edílson com seu cavaquinho num canto, em outro Petkovic com a esposa, a filha e a família. E Zagallo, sempre, bem-humorado, dando bastante liberdade aos atletas. Dentro de campo, segundo Gamarra, o time está bem melhor e mais rápido que antes.

O fato é que o Flamengo, time do povo, se sente em casa no Nordeste, principalmente em João Pessoa, onde a torcida do São Paulo não é tão numerosa como em Maceió. É verdade que a Copa dos Campeões-2001 não despertou a mesma atenção do público que a versão do ano passado. Os ingressos subiram cerca de 60% e a média de público até a decisão estava em 16 191 torcedores, e certamente ela terminará abaixo dos 22 370 de 2000. Mas o que importa esse dado diante do prêmio de 1,6 milhão de reais para o campeão e a vaga na Libertadores quase dez anos depois? Pouco, não?