Trinta anos da primeira derrota da seleção brasileira em Eliminatórias
São três décadas do dia em que a seleção perdeu a invencibilidade na disputa por vagas em Copas e foi justamente para a Bolívia, adversário da estreia de Diniz como técnico do Brasil
O tempo, já deve ter dado pra perceber, é um brincalhão. Vejam essa, queridos leitores e queridas leitoras de 1993: sou um comentarista do futuro, viajo ao passado para rever jogos marcantes do futebol, e por isso posso garantir que não há motivos para ficarem tristes e nem cabisbaixos com a derrota de ontem, a primeira da história da seleção brasileira em Eliminatórias para Copas do Mundo. O curioso é que deixei 2023, retornando exatos 30 anos, faltando poucos dias para mais uma estreia do Brasil na disputa classificatória do continente. E que será justamente contra a mesma Bolívia que ontem nos castigou com 2 x 0. E seremos, claro, os favoritos – como sempre somos, mesmo quando os bolivianos se reforçam com a ajuda da altitude de suas cidades, como La Paz, palco de ontem. Mas trago três notícias boas do Amanhã:
1) Até 2023, essa ainda será a mais inesperada derrota da seleção em Eliminatória;
2) Ainda este ano, no reencontro das duas equipes no torneio, marcado para dia 29 de agosto, em Recife, vamos ‘sapecar’ uma goleada de, anotem, 6 x 0 sobre a mesma Bolívia, em partida que será sempre apontada como a largada do time rumo ao Tetra, ano que vem, nos EUA;
3) E, por fim, como já sugeri, que o tão aguardado Tetra virá, sim, creiam, encerrando os incômodos 24 anos de espera, desde o Tri de 70.
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É meu dever também, como Viajante do Tempo, antecipar coincidências não tão positivas. Ao entrar em campo, daqui a 30 anos e 44 dias, em 8 de setembro de 2023, em Belém (PA), contra a Bolívia, nossa Seleção estará estreando um novo treinador, cujo nome manterei em sigilo (nota da redação da Placar em 2023: Fernando Diniz), e iniciando um novo ciclo rumo ao Mundial de 2026, quando mais uma vez – após novo triunfo que se dará em 2002 (curiosamente com nova derrota, 3 x 1, para os bolivianos nas Eliminatórias) – estará completando os mesmos 24 anos sem erguer a taça de Campeão do Mundial. Não disse? O Tempo, esse brincalhão…
A derrota de ontem doeu não apenas pelo ineditismo – e por conta de os gols terem saído no finalzinho –, mas também por estarmos vindo daquele insosso 0 x 0 com o Equador, na estreia no torneio. Mas fiquem tranquilos: vai dar! Principalmente depois que Parreira superar a picuinha com Romário e convocar o ‘Baixinho’ pro jogo final e decisivo – aguardem! E Careca, que decidiu dar adeus à ‘amarelinha’ após o empate em Quito, não fará tanta falta como hoje supomos. Já Taffarel, que ontem oscilou ao defender um pênalti e depois levar um ‘frangaço’ em chute inofensivo do boliviano Etcheverry, será outro a brilhar na Copa dos EUA, defendendo mais pênaltis, inclusive, até na final! O Tempo sempre apronta…
Em, Recife, daqui a menos de um mês, mais de 90 mil pessoas (74.090, pela contagem oficial) vão encher o Arruda (recorde de público que permanecerá no próximo século) e assistir a equipe brasileira entrar em campo, lideradas pelo zagueiro Ricardo Rocha, pela primeira vez de mãos dadas – marca que se repetirá em todas as partidas do próximo Mundial. Voltarei a 2023, apesar de virem até lá outras 10 derrotas do Brasil em Eliminatórias (total de 11), cheio de esperanças de que mais uma vez enfrentar a Bolívia venha a ser o marco inicial de nova conquista do Brasil, o Hexa. Mas vocês sabem como é: tem sempre a marcação cerrada do Tempo, esse brincalhão…
Para ver lances do jogo:
Para ver lances e gols do 2ª jogo, o 6 x 0:
FICHA TÉCNICA
BOLÍVIA 2 x 0 BRASIL
Competição: Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos
Data: 25 de julho de 1993
Estádio: Hernando Silles
Local: La Paz (Bolívia)
Horário: 19h
Público: 42.611 presentes
Árbitro: Juan Francisco Escobar (Paraguai)
Assistentes: Emilio Gonzalez (Paraguai) e Luiz Mereles Meza (Paraguai)
BOLÍVIA: Carlos Trucco; Rimba, Quinteros, Sandy e Cristaldo; Borja, Melgar, Sánchez (Peña) e Baldiviezo; Ramallo (Castillo) e Etcheverry. Técnico: Xabier Francisco Azkargorta
BRASIL: Taffarel; Cafu, Válber, Márcio Santos e Leonardo; Mauro Silva, Luis Henrique (Jorginho), Raí (Palhinha) e Zinho; Bebeto e Muller. Técnico: Carlos Alberto Parreira
Gols: Segundo Tempo: Etcheverry, aos 43’; e Peña, aos 44’