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O Comentarista do Futuro ícone blog O Comentarista do Futuro Ele volta no tempo para dar aos torcedores (alerta de!) spoilers do que ainda vai acontecer

50 anos da chuva de gols no ‘Fla-Flu do temporal’

Frustrado com o ‘Fla-Flu do século’ que não se dará na Libertadores 2023, cronista vai à final do Carioca de 1973 (Flu 4 x 2), sob o maior ‘toró’ que já castigou o clássico

Nunca existirá um clássico como o ‘Fla-Flu’. Pouco me importa que venham mais e mais reportagens em revistas esportivas europeias apontando outros confrontos como o maior do mundo, ou que existam muitos brasileiros que passem a advogar pelo ‘Gre-nal’ ou outros postulantes nacionais. Nunca houve, não há e não haverá nada como um Flamengo x Fluminense. E o que sustenta minha convicção está longe de ser números estatísticos, dados comportamentais e de rivalidades entre torcidas ou algum tipo de bairrismo, ou romantismo ‘nelsonrodrigueano’ – que o confronto carioca “começou 45 minutos antes do nada” e outras conhecidas analogias poéticas. O que faz do ‘Fla-Flu’ o maior clássico do Planeta é a semântica. Sim, a semântica. A coincidência fonética entre as duas primeiras sílabas dos nomes dos clubes – ‘Fla’ e ‘Flu’ – torna, de saída, o confronto mais icônico, charmoso e irresistível do que qualquer outro. Não precisa ser um especialista em marketing para saber que nomes são importantes no Futebol. Vejam por exemplo este: ‘Manfrini’. É ou não é bacana ter um jogador no seu time chamado ‘Manfrini’? Dá vontade de pôr num botão! Pois foi justo ele, o meia esquerda tricolor, que ontem fez a diferença, nesta final, debaixo de muita chuva, do Carioca, com dois gols na vitória de 4 x 2 – chuva de gols, também – do Fluminense sobre o rival rubro-negro. Informo a vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1973, que vim do Futuro, de 2023. E deixei o meu Tempo frustrado, pois por muito pouco não tivemos, ou melhor, não teremos, daqui a 50 anos, um ‘Fla-Flu’ mata-a-mata na Libertadores da América. O maior de todos.

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A história conta que foi o irmão de Nelson, Mário Filho, o mesmo que deu nome ao santuário Maraca, quem teria batizado o jogo assim –iniciando uma linguagem que se espalhou pelo País com o já referido ‘Gre-Nal’, em Porto Alegre (Grêmio x Internacional), o ‘Ba-Vi’, em Salvador (Bahia x Vitória), o ‘Atle-Tiba’, em Curitiba (Atlético-PR x Coritiba), o ‘Re-Pa’, em Belém (Remo x Payssandu) e outros mais. Há até um outro ‘Fla-Flu’, no Piauí. Felizes os clássicos que conseguem formar uma junção de sílabas sonora que os singularize assim. Os demais, sem alternativa, precisam recorrer a epítetos do tipo “O clássico das emoções”, alcunha de muitos por aí. Apesar da fama de ‘pai da criança’ de Mário Filho, pesquisadores já encontraram menção ao termo ‘Fla-Flu’ anteriores às do jornalista, no periódico ‘o Jornal’, que, em 1925, por ocasião de um Campeonato Brasileiro de Seleções, assim se referia ao ‘Combinado Carioca’ formado pela união de jogadores do Fluminense e do Flamengo.Mas com certeza foi Mário quem o popularizou. Golaço!

São – e serão – tantos ‘Fla-Flus’ históricos… Este de ontem, com certeza, entre eles. Nunca houve e – como sou um Viajante do Tempo, posso garantir a vocês – nunca haverá, até 2023, um confronto entre os dois rivais debaixo de um ‘toró’ como esse. Um empate bastava para o tricolor erguer a taça e impedir o Bicampeonato do Flamengo, devolvendo ainda a derrota sofrida na final do ano passado. Pelo regulamento maluco deste ano – que fez o Vasco, vencedor do terceiro turno, disputar vaga com Flamengo para ir à final –, os rubro-negros só seriam campeões batendo duas vezes o Fluminense. Mas todo o blábláblá jurídico foi por água abaixo quando a bola rolou no emocionante jogo de ontem, em que o Flu abriu 2 x 0 – gols de Manfrini e do impetuoso lateral Toninho (que, anotem, vai se transferir para a Gávea), viu o adversário empatar aos 28’ da segunda etapa (dois gols de Dadá Maravilha), mas teve força e raça para, em meio às poças do gramado, assinalar mais dois gols, decretando a vitória. Manfrini, que já fizera dois tentos em outro Fla-Flu este ano (um deles de ‘bicicleta’), repetiu a dose e foi o destaque da partida. Também, com um nome desse…

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Fluminense campeão Carioca de 1973 sobre o Flamengo – Fluminense FC/Reprodução

Para os flamenguistas, trago do futuro uma notícia e tanto: está prestes a começar um período de muitas glórias e felicidades do clube, que será comandado por aquele que, adianto, se tornará o maior ídolo da história do Flamengo, e cujo nome, como todos já podem observar – jogou ontem, inclusive, todo mundo viu –, já o predestina à eternidade: Zico. É ou não é nome de craque?

No futuro muitos comentaristas esportivos insistirão na tese de que os jogadores jovens trocarão os apelidos por nomes compostos, com nomes e sobrenomes. De fato, serão muitos os, por exemplo, ‘Matheus’ (e serão muitos ‘Matheus’) ‘alguma coisa… Tipo ‘Matheus Paiva’ ou ‘Matheus Carvalho’ … E o mesmo se dará, em grande número, com futuros ‘Gustavos’, ‘Andrés’ e ‘Cauãs’ (sim, teremos muitos ‘Cauãs’ no próximo século, e, creiam, ‘Enzos’!) Mas sempre argumentarei que nomes compostos, nome + sobrenome, já estão na história do nosso Futebol, como ‘Nilton Santos’, o ‘Enciclopédia’, ‘Djalma Santos’ e Ademir de Menezes, entre outros. Mas suspeito que poderiam ter ido ainda mais longe no sucesso e reconhecimento tivessem um nome mais ‘popular’. O maior de todos os tempos não me deixa mentir: ‘Pelé’.

Clique para ver os gols da final do Campeonato Carioca de 1973.

Clique para saber mais sobre a carreira de Manfrini.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 4 x 2 FLAMENGO
Competição: Final do Campeonato Carioca de 1973
Data: 22 de agosto de 1973
Estádio: Mário Filho (Maracanã)
Local: Rio de Janeiro (RJ)
Público: 74.073 pagantes
Renda: Cr$ 970.501,00
Árbitro: José Favilli Neto (SP)

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FLUMINENSE: Félix; Toninho, Bruñel, Assis e Marco Antônio;
Carlos Alberto “Pintinho”, Kléber e Marquinhos; Dionísio,
Manfrini e Lula
Técnico: Técnico: David Ferreira, o ‘Duque’
FLAMENGO: Renato; Moreira, Chiquinho Pastor, Fred e
Rodrigues Neto; Liminha, Zico e Paulo Cézar; Vicentinho
(Arílson), Dario e Sérgio
Técnico: Zagallo
Gols: Primeiro Tempo: Manfrini, aos 40′; Toninho, aos 45′;
Segundo Tempo: Dario, aos 25′ e aos 28′; Manfrini aos 35′ e
Dionísio aos 37′

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