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Entrando no Jogo ícone blog Entrando no Jogo Por Leandro Miranda Analisando o que realmente acontece dentro de campo. Porque futebol vai além do trivial

Diniz x Guardiola: na teoria, uma batalha de opostos. Na prática…

Técnico brasileiro já descreveu sua ideia de futebol como a antítese do jogo posicional que marca os trabalhos do espanhol; eles se encaram na final do Mundial

Não é novidade para ninguém que Fernando Diniz se vê como uma espécie de antítese de Pep Guardiola. Ainda que os trabalhos dos dois treinadores guardem algumas semelhanças claras – o gosto pela posse de bola, pelos passes curtos e pela construção desde a defesa, por exemplo -, a forma como cada um tenta alcançar esses objetivos é praticamente oposta. Guardiola é o maior expoente do chamado “jogo posicional”, com os jogadores se movimentando dentro de zonas fixas no gramado, enquanto Diniz já se descreveu como “aposicional”, dando total liberdade de movimentação aos atletas. Ou seja, um contraste completo entre os técnicos que se enfrentarão nesta sexta-feira, 22, quando Fluminense e Manchester City decidem o título do Mundial de Clubes.

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Natural, portanto, imaginar um grande embate de ideias e de estilos na decisão da competição da Fifa. Na teoria, faz todo o sentido. Na prática, porém, as coisas podem não correr como o esperado, por dois motivos simples, que se relacionam: o primeiro é o abismo de qualidade que existe entre os times, e o segundo é o próprio modelo de jogo de Diniz, que não deve ter transformações radicais para a final.

Os jogadores do City, por “motivo$ óbvio$”, são muito melhores que os do Fluminense. Tanto técnica quanto fisicamente, passando por questões como ritmo, velocidade de execução das ações, intensidade durante 90 minutos… trata-se de um dos times mais ricos do mundo, que disputa a liga mais forte do planeta. Só essa diferença marcante de qualidade já poderia inviabilizar o “confronto de estilos”, uma vez que a tendência é que um time muito superior imponha seu jogo e sua autoridade na partida, sufocando o adversário, como aconteceu na semifinal contra o Urawa Reds, que simplesmente não conseguiu jogar.

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City comemora vitória tranquila em Jeddah - Giuseppe Cacace/AFP
Manchester City comemora vitória tranquila na semifinal contra o Urawa Reds – Giuseppe Cacace/AFP

O Flu é melhor que o Urawa, claro. Mas a diferença entre o time brasileiro e o japonês é certamente muito menor do que entre os ingleses e os brasileiros. Os superclubes europeus há anos operam em “outra dimensão” em relação ao resto do mundo. Claro que é possível vencê-los em um jogo isolado, uma final única. Para isso, normalmente é necessário aceitar a inferioridade, tentar frustrar o adversário, negar espaços, aproveitar as poucas chances que aparecem… ou seja, uma estratégia bem diferente do que o Flu de Diniz normalmente apresenta.

As circunstâncias do jogo certamente vão obrigar o Fluminense a jogar de outra forma. A tendência é o City dominando a bola e o território, empurrando os brasileiros para trás, como foi com o Urawa. O time japonês começou o jogo tentando apertar a saída de bola e até conseguiu forçar alguns erros, mas logo passou a correr atrás e acabou encurralado na própria área. A questão é que o Flu não está acostumado a jogar assim. Os jogadores têm internalizados os comportamentos que treinam diariamente há um ano e meio com Diniz; não é simples mudar a postura completamente para um único jogo.

Claro que, quando tiver a posse, o Flu vai tentar praticar seu estilo, colocando jogadores próximos à bola, tentando sair pelo chão, atraindo a pressão do adversário para depois acelerar. Mas será que esses momentos serão frequentes no jogo? A lógica diz que não. O cenário mais provável é de domínio acentuado do City, com o time de Diniz sendo obrigado a se defender na maior parte do duelo. Quem está ansioso por um confronto épico entre dois treinadores de estilos marcantes pode ter que ajustar as expectativas: em vez de espetáculo, é melhor esperar suor e superação por parte do Flu.

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