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Gabi Zanotti esquece seleção por Corinthians e luta por clubes formadores

Jogando ainda em alto nível aos 37 anos, a atleta fala a PLACAR sobre as conquistas na carreira e analisa o momento do futebol feminino no Brasil

Com atuações de qualidade e decisivas – uma das mais marcantes, ao fazer o gol que deu ao Corinthians o título da Supercopa do Brasil feminina contra o Grêmio, em fevereiro -, Gabriela Zanotti é uma exceção quando o assunto é condicionamento físico e competitividade após os 30 anos de idade. Aos 37, a camisa 10 é a craque do time multicampeão comandado por Arthur Elias e se vê no momento mais especial da carreira.

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“Eu tenho muita ambição por títulos, sou muito competitiva. Estou com 37 anos, não sei até que ponto da minha carreira esportiva eu consigo evoluir mais, mas eu gosto muito de me apegar a pequenos detalhes, me cobro muito nos treinos. A torcida do Corinthians também me trouxe isso, parece que quando você veste essa camisa, você tem que dar o máximo de si”, conta ela a PLACAR.

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Natural do Espírito Santo, Gabriela nasceu em Itaguaçu, uma cidadezinha de aproximadamente 15 mil habitantes, mas não foi a falta de estrutura do local, que a impediu de sonhar alto. Aos 10 anos, decidida a escrever sua história como atleta profissional de futebol, ela se mudou para a casa dos avós na capital Vitória, em busca de melhores oportunidades para treinar e se capacitar. Nessa época, apesar da ambição, ela mal poderia imaginar que 27 anos depois, seria destaque de um dos maiores clubes do Brasil, o Corinthians.

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Gabriela Zanotti
Gabriela Zanotti pela seleção brasileira: poucas oportunidades –

Nesse momento de alta, nem mesmo a ausência na seleção brasileira é uma frustração, já que, segundo ela, não era algo pelo qual nutria expectativas altas. “Lá atrás, talvez, eu poderia ter tido mais oportunidades. Eu só fui convocada uma vez pela Pia (Sundhage, técnica da seleção), e foi em 2019. Hoje, a seleção vive uma fase de renovação, e eu já estou com 37 anos. Cada treinador tem suas preferências, eu respeito. Espero que ela possa trazer muitos títulos, porque no Brasil, a gente sabe que esporte é resultado. Então, para mudar de vez a história do futebol feminino brasileiro, talvez a gente precise de um título de uma Copa do Mudo ou um título olímpico”.

Depois de ter passagem por clubes dos Estados Unidos, Coreia do Sul e China, além de atuações por times brasileiros como Foz Cataratas do Iguaçu, Santos, e Kindermann, Zanotti chegou ao Corinthians em 2018 – onde firmou as chuteiras de fato, conquistou títulos inéditos e atingiu o sucesso com que sonhava durante a infância. Pelo alvinegro, a estrela capixaba brilhou em campo na conquista dos Campeonatos Paulista de 2019, 2020 e 2021, do Brasileiro de 2018, 2020 e 2021, fez parte do bicampeonato da Libertadores, em 2019 e 2021 e recentemente foi a autora do gol que fez a equipe corintiana erguer a taça da Supercopa do Brasil.

Partida entre Corinthians x Grêmio, na Neo Quimica Arena, jogo valido pela final da Super Copa do Brasil Feminino 2022 -
Zanotti fez o gol do título do Corinthians na Supercopa do Brasil –

Apesar de todos os triunfos dentro e fora das quatro linhas, Zanotti conta que nem sempre foi possível viver apenas de futebol no Brasil. “Praticamente a minha vida esportiva toda eu joguei por paixão. Eu consegui viver realmente de futebol de poucos anos para cá, depois que eu fui jogar na Ásia. Fora isso, era trabalhar, treinar e jogar, para gastar e ver se sobrava dinheiro no final do mês”, relembra ela.

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Segundo a meio-campista, apesar de a formação de base no futebol feminino brasileiro ter defasagens, é uma modalidade que vem crescendo bastante nos últimos dois anos principalmente, pelo nível e a exigência que os jogos pedem. “Agora os clubes estão fazendo a parte deles, mesmo que alguns de forma obrigatória, por conta da lei (que obriga times da primeira divisão a terem uma equipe feminina). Mas eu vejo que, se não fosse essa lei, as coisas não iriam andar”, diz.

Apesar do reconhecimento que o futebol feminino enfim vem tendo nos últimos anos, tanto da parte das entidades e federações quanto dos clubes e público, Zanotti diz que ainda existem aspectos que precisam ser revistos. Um exemplo é a não premiação das campeãs da Supercopa, título pelo qual as atletas do Corinthians não receberam nenhuma recompensa em dinheiro, nem medalhas individuas, ao contrário do que acontece nas conquistas de torneios masculinos.

“Nós não estamos falando de categoria amadora, nem de categoria de base. Nós estamos falando de futebol profissional. Estamos em 2022, acho que o futebol feminino já mostrou que veio para ficar. Nós vimos no ano passado, o feminino batendo pico de audiência na TV aberta e na fechada, a gente levando mais gente para o estádio. Então, aos poucos, o futebol feminino está se consolidando no cenário nacional, e a gente inicia 2022 em um torneio sem premiação?”, questiona a meia. Para ela, esse é um direito que ainda precisa ser conquistado, assim como muitos outros que as mulheres dentro do esporte já alcançaram.

A menina que começou jogando bola na rua com os garotos do bairro, e se arriscou por pura paixão ao futebol, hoje recebe todo o carinho e reconhecimento da torcida corintiana. “Nos últimos anos, desde 2018, tenho vivido, em termos de visibilidade, de crescimento profissional e pessoal, a melhor fase da minha carreira”.

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