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Celtic x Rangers: morte da rainha Elizabeth ajuda a entender a rivalidade

Maiores clubes da Escócia divergem completamente em política e religião e, por isso, se manifestaram de forma contrária à perda da monarca britânica

Os escoceses Celtic e Rangers são protagonista de uma das maiores rivalidades se não a maior do futebol mundial, por razões que extrapolam completamente o terreno esportivo. Na última quarta-feira, 14, os entraves políticos, sociais e religiosos ficaram ainda mais escancarados durante a segunda rodada da Liga dos Campeões, poucos dias depois da morte de Rainha Elizabeth II, da Inglaterra.

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Os eternos rivais de Glasgow se manifestaram de maneira completamente distinta durante seus compromissos pela competição. Enquanto os torcedores do Rangers, jogando em casa, montaram um mosaico com a bandeira britânica e o formato do rosto da monarca, os do Celtic, como visitantes, levaram palavras de protesto contra a realeza, com direito a palavrões.

Na entrada das delegações de Rangers e Napoli, uma das arquibancadas do Estádio Ibrox foi tomada por um mosaico, desenhando a bandeira “Union Jack” e a silhueta do rosto de Elizabeth. A torcida ainda respeitou com rigidez o um minuto de silêncio e chegou até a tocar o hino God Save The Queen, contrariando uma recomendação da Uefa.

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Contudo, em Varsóvia, na Polônia, antes do Celtic enfrentar o Shakhtar Donetsk, não houve homenagens, muito pelo contrário. Sabendo da ideologia da torcida e levando em consideração que o clube sequer demonstrou condolências nas redes sociais, a organização nem tentou implementar o minuto de silêncio. Nas arquibancadas, os protestos apareceram com mais ênfase, como na faixas “F…-se a Coroa” e em outra que, traduzido, dizia: “Sinto por sua perda, Michael Fagan”, fazendo alusão ao homem que invadiu o quarto de Elizabeth em 1982, com a intenção de se cortar em frente a ela.

A distância entre o teor das manifestações é grande, antiga e motivo de muitos acirramentos no país. O “Old Firm” ( Velha Firma), como e conhecido o clássico, é jogado desde 1888 e a animosidade nunca cessou. Essencialmente, o verde e branco do Celtic tem a imagem ligada aos católicos e progressistas, enquanto os azuis do Rangers representam lado protestante e conservador. A opinião sobre a monarquia britânica está estritamente ligada a esses pacotes ideológicos.

"The Old Firm": briga em um Celtic x Rangers de 2002
“The Old Firm”: briga em um Celtic x Rangers de 2002

Rangers: protestantes, conservadores e unionistas

Mais antigo, fundado em 1872, o Rangers é o time mais ligado à religião majoritária da Escócia, o protestantismo, apesar de isso não ter um forte contexto em sua criação. Porém, no decorrer da história, a forte expressão das ideias levaram o clube a se tornar adepto do sectarismo, e por isso ficou por anos sem contratar atletas assumidamente católicos.

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Atualmente, a instituição já se mostra mais aberta, mas a rivalidade, principalmente da maioria da torcida, continua. Em 2019, o Rangers chegou a ser obrigado a jogar sem torcida, em razão de insultos a católicos vindos da arquibancada. Este contexto também é agravado pela figura unionista da torcida, que defende a união entre a Escócia e o Reino Unido, motivo de grande atrito na região.

Evans, do Celtic, e Cox, do Rangers, durante goleada por 4 a 0 do lado Azul, em 1949, em Ibrox
Evans, do Celtic, e Cox, do Rangers, durante goleada por 4 a 0 do lado Azul, em 1949, em Ibrox

Celtic: católicos, progressistas e separatistas

Já o Celtic, por outro lado, nasceu de tensões religiosas e políticas em razão de uma forte crise de fome na Irlanda nos anos 1840. O problema causada por pragas nas plantações e negligência do Império Britânico fez que diversos moradores buscassem novas terras, incluindo a Escócia. A chegada dos irlandeses, em maioria católicos, causou acirramento do contexto, tendo em vista que a população escocesa era/é majoritariamente protestante.

Assim, no fim dos anos 1880, o Celtic surgiu por católicos, para dar apoio aos irlandeses pobres de Glasgow e ser uma representação a um povo excluído. As ligações às políticas separatistas, republicanas e progressistas também cresceram nessa mais de uma década, o que resulta na relação pouco amistosa até os dias de hoje.

A maior rivalidade do Reino Unido ficou alguns anos adormecida pela ausência do Rangers na elite. Em 2012, o time teve falência declarada e recomeçou na quarta divisão, mas, com o apoio de sua fanática torcida, conseguiu se reerguer e voltar à elite não só da Escócia, mas do continente. No ano passado, o clube dirigido pelo ex-lateral holandês Gio Van Bronkhorst quase venceu a Liga Europa, perdendo a decisão para o Eintracht Frankfurt.

O Rangers é o maior campeão escocês com 55 títulos, seguido de perto pelo Celtic, com 52. O clube alviverde, no entanto, é o único representante do país a ter vencido a Liga dos Campeões, em 1967, além de ter sido vice-campeão em 1970. O Rangers teve como melhor resultado as semifinais de 1960 e 1993.

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