Neymar, Gabigol e Lucas se unem em protesto a gramados sintéticos
Movimento de jogadores nas redes sociais critica a opção por campos artificiais e exige que atletas sejam ouvidos; entenda
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Nomes de peso do futebol brasileiro, entre eles o atacante Neymar, se uniram em um movimento nas redes sociais pedindo o fim dos gramados sintéticos. O grupo de jogadores iniciou uma campanha que critica a opção pelos campos artificiais e exige que jogadores sejam ouvidos. Também já se manifestaram o zagueiro Thiago Silva (Fluminense), o meia-atacante LucasMoura (São Paulo), o atacante Gabigol (Cruzeiro) e o meio-campista Alan Patrick (Internacional).
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“Juntos pelo ESPETÁCULO! Futebol é natural, não sintético! #NãoAoGramadoSintético”, diz a campanha.
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Na Série A do Brasileirão, dois dos 20 times contam com gramados sintéticos: Palmeiras e Botafogo, no Allianz Parque e estádio Nilton Santos, respectivamente.
A Arena MRV, que pertence ao Atlético Mineiro, passa desde dezembro por mudanças com a instalação de um piso semelhante. A expectativa é para que esteja pronto para uso no início do Campeonato Brasileiro, em março. O custo da mudança gira em torno de R$ 12 milhões.
“A solução para um gramado ruim é fazer um gramado bom, simples assim”, disse o comunicado em um trecho.
“Nas ligas mais respeitadas do mundo os jogadores são ouvidos e investimentos são feitos para assegurar a qualidade do gramado nos estádios. Trata-se de oferecer qualidade para quem joga e assiste. Se o Brasil deseja definitivamente estar inserido como protagonista no mercado do futebol mundial, a primeira medida deveria ser exigir qualidade do piso que os atletas jogam e treinam”, completou em outro momento.
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Palmeiras rebate manifesto
Minutos depois do manifesto ganhar as redes sociais, o Palmeiras se manifestou e defendeu o gramado sintético do Allianz Parque com o seguintes argumentos:
– O campo sintético do Allianz Parque é certificado pela Fifa, que realiza inspeções anuais desde a sua implementação, em 2020, a fim de aferir que o piso siga os mesmos parâmetros de um campo de grama natural em perfeito estado;
– Não há qualquer comprovação científica de que o risco de lesão em campos artificiais seja maior do que em campos naturais. Pelo contrário: recente estudo publicado pela revista “The Lancet Discovery Science” aponta que a incidência de contusões em jogos de futebol disputados em gramados artificiais é inferior à de lesões em campos naturais;
– Diferentes levantamentos realizados por veículos de imprensa mostram que o Palmeiras, ao longo dos últimos cinco anos, é o clube da Série A do Campeonato Brasileiro com menor número de lesões;
– O clube respeita a opinião dos atletas que manifestaram preferência por campos de grama natural e considera urgente o debate sobre a qualidade dos gramados do futebol brasileiro; este problema, contudo, não será solucionado com críticas rasas e sem base científica.
Diante da publicação realizada conjuntamente por alguns jogadores contra a utilização de gramados artificiais no futebol brasileiro, a Sociedade Esportiva Palmeiras esclarece que:
– O campo sintético do Allianz Parque é certificado pela Fifa, que realiza inspeções anuais desde a… pic.twitter.com/O8aIYYc3rY
— SE Palmeiras (@Palmeiras) February 18, 2025
A publicação dos jogadores ocorre às vésperas do conselho técnico da Série A, quando os clubes definem se estão de acordo com os itens propostos pela CBF para a disputa da elite do futebol nacional. A competição começa em 29 de março.
No último ano, a Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas de Futebol) chegou a se manifestar contrária a prática de futebol em gramados sintéticos, mas o movimento não foi adiante. A associação que representa os jogadores sugeriu que os clubes tivessem um tempo para uma readequação para a grama natural.
O uso de grama sintética foi adotado por clubes que precisam utilizar suas arenas para receber shows, além da dificuldade de manutenção da grama natural. O primeiro a fazer isso foi o Athletico Paranaense, modelo também seguido por Palmeiras e Botafogo.
Durante a passagem pelo futebol brasileiro, o atacante uruguaio Luis Suárez, hoje no Inter Miami, estipulou contratualmente que não atuaria em gramados sintéticos por conta dos graves problemas no joelho direito.
No último ano, à PLACAR, o atacante Pablo Vegetti, do Vasco, avaliou a condição dos campos sintéticos no país, elogiando as condições do estádio Nilton Santos, mas também citando diversas dificuldades e a opção por grama natural:
“Acho que é possível jogar em gramados sintéticos. A gente jogou no gramado do Botafogo e está muito bom. É possível jogar futebol normalmente, sim. Eu falo também que muda muito, é outro esporte. Eu acho que todos os campos deveriam ser de grama natural, mas se está provado que se pode jogar é porque dá. O do Palmeiras no ano passado estava muito ruim, mas depois voltamos e já estava muito melhor. Acho que o pior de todos hoje é o do Athletico Paranaense. Tem poças d’água, é muito difícil, mas se a Fifa autorizou para jogar, temos que jogar. Não há desculpa, mas se perguntarem para mim não vou escolher o sintético”.
A polêmica contada por PLACAR
Em agosto de 2023, em matéria publicada na edição 1502, a PLACAR contou como a onda de campos artificiais que começava a invadir o país dividia opiniões. A reportagem assinada por Luiz Felipe Castro e Maria Fernanda Lemos, questionava: “Herói ou vilão?”. Lembrando que as principais ligas de futebol europeias proíbem o uso em suas primeiras divisões.
Na ocasião, nomes como o dos técnicos Luís Castro, Abel Ferreira e Renato Gaúcho, além de cartolas como Ronaldo, então sócio-majoritário da SAF do Cruzeiro, Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, e Marcos Braz, vice de futebol do Flamengo, opinaram sobre a polêmica – sem consenso.
A reportagem ainda visitou o gramado artificial do Bruno José Daniel, casa do Santo André, para entender na prática a grama instalada pelo clube do ABC Paulista, a mesma do Allianz, e com custo de R$ 3,7 milhões da prefeitura local e manutenção mensal de R$ 15.000
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Confira o manifesto dos jogadores na íntegra:
“Preocupante ver o rumo que o futebol brasileiro está tomando. É um absurdo a gente ter que discutir gramado sintético em nossos campos.
Objetivamente, com tamanho e representatividade que tem o nosso futebol, isso não deveria nem ser uma opção. A solução para um gramado ruim é fazer um gramado bom, simples assim.
Nas ligas mais respeitadas do mundo os jogadores são ouvidos e investimentos são feitos para assegurar a qualidade do gramado nos estádios. Trata-se de oferecer qualidade para quem joga e assiste.
Se o Brasil deseja definitivamente estar inserido como protagonista no mercado do futebol mundial, a primeira medida deveria ser exigir qualidade do piso que os atletas jogam e treinam.
FUTEBOL PROFISSIONAL NÃO SE JOGA EM GRAMADO SINTÉTICO!”
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