Ao menos em termo de difusão global e força de marketing, não há dúvidas de que a Premier League é a maior liga do mundo. Dona de audiência gigante, a competição vem crescendo desde sua fundação, em 1992.
A liga, porém, nasce em contexto de reação a um período de caos no futebol da Inglaterra. Em período de estádios ultrapassados, hooliganismo desenfreado, punições internacionais após a tragédia de Heysel (1985) e do desastre de Hillsborough (1989), o esporte não aparecia como ativo de entretenimento.
PLACAR agora está nas bancas e em todas as telas. Assine a revista digital
A transformação do futebol inglês não pode, inclusive, ser dissociada do contexto político da era Margaret Thatcher. Em meio à sua agenda neoliberal, o futebol passou a ser tratado como problema de ordem pública.
As medidas de segurança impostas e o endurecimento contra torcidas organizadas refletiam diretamente à lógica do governo conservador: afastar os setores populares e reposicionar o futebol para camadas médias e altas. Essa ideia abriu caminho para a mercantilização do campeonato, construída após medidas estatais.
Regras e fenômeno midiático
O Relatório Taylor, publicado após a barbárie de Hillsborough, impôs uma transformação obrigatória. Todos os estádios da elite deveriam adotar assentos numerados, segurança reforçada e padrões modernos de infraestrutura.
Assim, em 1991, visando o ano seguinte, os principais clubes do país assinaram um acordo para a criação de uma nova liga. O acordo daria aos clubes independência comercial da Football Association e da Football League, o que permitiria novas negociações para aumentar o patamar financeiro de todos participantes.

Tragédia deixou 96 mortos durante uma partida entre Liverpool e Nottingham Forest
No mesmo movimento, a Premier League assumiu o controle centralizado das vendas de direitos de transmissão. A Sky Sports investiu pesado para transformar o futebol em produto midiático semanal, com novas câmeras, replays sofisticados, jingles próprios e um pacote visual que tornava cada rodada um evento.
A construção dessa marca também se deu fora dos gramados. A liga criou uma identidade gráfica coesa, apostou em mascotes, slogans e estratégias de marketing global.
Diferente de campeonatos tradicionais, como a Serie A da Itália ou La Liga, a Premier League se posicionou desde o início como produto exportável. Aos poucos, chegou a outros continentes e, atualmente, é sensação no Brasil.






