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Presidente do Cuiabá explica sucesso na elite: ‘Criatividade e pés no chão’

Com Deyverson e responsabilidade financeira, equipe do MT fez nova temporada consistente; à PLACAR, Cristiano Dresch detalhou projeto e novas metas

O Cuiabá que nesta terça-feira, 12, completa 22 anos de história, terminou mais uma temporada em alta. Décimo segundo colocado na última edição do Campeonato Brasileiro, o Dourado conseguiu se manter na elite nacional e, de quebra, garantiu pela terceira vez na história uma vaga na Sul-Americana – competição que já havia disputado em 2016 e 2022.

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Neste ano, a equipe mato-grossense também conquistou o estadual pela 12ª vez – a terceira de forma consecutiva. A glória é só mais um ponto do projeto que agora traça estratégias para seguir na elite nacional, sem tirar os “pés do chão”.

Em entrevista à PLACAR, o presidente Cristiano Desch falou sobre as expectativas iniciais, desafios e planos para o futuro do Dourado.

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Fundado em 12 de dezembro de 2001 pelo ex-atacante Luís Carlos Tóffoli, de apelido Gaúcho, o clube surgiu com o nome de “Escolinha do Gaúcho”, focado nas categorias de base. Profissionalizado e batizado de Cuiabá Esporte Clube em 2003, também passou a partir daquele ano a ser patrocinado pela Drebor, empresa da família que hoje é proprietária da agremiação.

Fundado em 12 de dezembro de 2001, clube alcançou a Série A em apenas 20 anos -
Fundado em 12 de dezembro de 2001, clube alcançou a Série A em apenas 20 anos – Cuiabá EC/Divulgação

O investimento era o passo inicial de uma história que começou com o bicampeonato estadual de 2003 e 2004. E, ainda assim, Dresch nega que os planos iniciais eram de ascensão tão rápida.

“A gente participa do clube desde 2003, como patrocinadores. Não imagino que o Gaúcho, quando fundou o time, lá em 2001, imaginasse que poderíamos estar como estamos hoje. Quando compramos, em 2009, pensamos que chegar a uma Série B seria um sucesso, mas foi maior”, admitiu o dirigente.

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De fato, a falta de continuidade após os dois troféus, que rendeu licenciamento e desistência de competições, freou qualquer impulso até 2009, quando o Grupo Dresch decidiu adquirir o clube e reviver o Dourado.

Desde então, a equipe auriverde escalou de maneira meteórica no cenário nacional, conquistou duas Copas Verde, vai jogar sua terceira Sul-Americana e venceu mais dez Campeonatos Mato-Grossenses. Durante todo esse período, Dresch se orgulha da saúde financeira das gestões.

Cristiano Dresch e Uendel, um dos nomes conhecidos do Cuiabá - Divulgação / Cuiabá
Cristiano Dresch e Uendel, um dos nomes conhecidos do Cuiabá – Divulgação / Cuiabá

Pontuando o compromisso de sempre estar em dia com as contas, o dirigente contou: “A questão financeira é um dos pilares do Cuiabá. A gente mantém isso: nunca atrasamos nenhum tipo de salário, direito de imagem, premiações… Então, acho que isso é uma coisa que conseguimos manter, e precisamos que continue assim nos próximos anos.”

A junção entre a busca por não extrapolar o teto de gastos e montar um time competitivo exigem o Cuiabá a buscar novas alternativas. Com orçamento anual na casa dos 100 milhões de reais, valor muito abaixo dos gigantes do Brasil, Dresch revela os principais desafios para seguir batendo os objetivos esportivos.

“A gente não tem condição de competir (financeiramente), a gente tem que se reinventar, usar a criatividade. Usar os nossos fatores positivos para tentar trazer bons jogadores ganhando menos do que eles ganhavam nos outros clubes”, afirmou.

Durante a conversa, o cartola ainda detalhou mais pontos da gestão do Cuiabá, o emergente time do Centro-Oeste que se consolidou na elite.

Confira os principais trechos da entrevista:

O Cuiabá completou 22 anos. Em tão pouco tempo, são dezenas de títulos e a terceira participação na Sul-Americana vem aí. Lá em 2001, na fundação, imaginava tanto sucesso? A gente participa do clube desde 2003, como patrocinadores. Não imagino que o Gaúcho, quando fundou o time, lá em 2001, pensasse que poderíamos estar como estamos hoje. Quando compramos [o Cuiabá], em 2009, sonhamos que chegar a uma Série B seria um sucesso, mas foi maior.

Em 2021, à PLACAR, você enfatizou que o clube não havia nunca atrasado salários. Foi possível manter isso durante os anos de elite? Sim, a questão financeira é um dos pilares do Cuiabá. A gente mantém isso: nunca atrasamos nenhum tipo de salário, direitos de imagem, premiações… então, acho que isso é uma coisa que conseguimos manter, e precisamos que continue assim nos próximos anos.

Sempre clube-empresa e hoje SAF… enxerga que esse caminho de vocês é o que deve ser seguido no país? Eu acho que cada clube tem suas características próprias. É isso que a gente tem visto aí, não é? Formatos de SAFs diferentes, clubes que continuam associações e lideram o país hoje. Então, acho que depende muito de como é o clube, qual a formatação. Não tem uma regra definida pra isso. Depende muito da característica, da história e da forma que é gerido.

No futebol, o momento do Cuiabá passa pelo trabalho de António Oliveira, que deve receber assédio de outros times. Da mesma forma os destaques neste ano. Como balancear os desejos empresariais a manutenção de um time competitivo? Esse movimento é natural, não é? Sempre que algum jogador, ou o próprio treinador, se destaca, a gente é assediado. Esses profissionais são assediados e temos que tentar equilibrar a questão técnica com a questão financeira, de algumas oportunidades que a gente não pode abrir mão. E é óbvio que o clube também está no mercado, contratando para se reforçar.

Quando falou conosco, o senhor classificou a base como o calcanhar de aquiles do projeto. Dois anos depois, o Cuiabá já participou de sua primeira Copinha, além da Copa do Brasil e Brasileirão sub-20. O que mudou? A base ainda é uma parte que não estamos dedicando um investimento que eu acho suficiente para ter uma evolução grande. Nós precisamos fazer um investimento muito alto na infraestrutura do clube. Ainda temos problemas estruturais na base, que atrapalham um pouco a formação, mas o trabalho que o Cuiabá tem hoje, em relação à base, é muito superior ao que era. Conto com todas as categorias, do sub-11 ao sub-20 e uma escolinha que a criança começa com cinco anos. Atualmente, a gente tem quase oitocentos meninos. Precisa e vai melhorar bastante, mas ainda não está dentro do que esperamos.

Por ser um clube novo, o Cuiabá chamou atenção por manter uma média de público na casa dos 17.000 torcedores neste Brasileiro. Quais são os desafios do clube para fidelizar a torcida e atrair público à Arena Pantanal. Este ano nós tivemos um aumento de 25% da torcida em relação ao ano passado. Foi um momento bom. A gente ainda tem um desafio grande de competir com os clubes de fora, já que as maiores torcidas do estado do Mato Grosso são do Flamengo, do Corinthians. Nesses jogos específicos a gente tem uma presença grande do torcedor visitante, mas a torcida do Cuiabá vem crescendo bastante, tanto que a prova é essa média de público. Temos feito um trabalho muito interessante com as crianças nas escolas, nos projetos sociais, em eventos, levando a presença do clube através dos mascotes, com gincanas e brincadeiras. O próprio resultado dentro de campo é o grande alavancador da torcida, algo precisa se manter por alguns anos.

A campanha neste ano teve repercussão nacional. Entre as grandes atrações está o Deyverson. Além do campo, como medir o impacto de um nome como esse para o projeto? O Deyverson realmente transformou o Cuiabá a nível nacional. É uma pessoa de carisma gigantesco, que consegue atrair muito a ascensão dos meios de comunicação, das mídias sociais. Ele divulga muito o Cuiabá em um status que a gente não tinha antes. O Deyverson e o Walter são os jogadores mais conhecidos aqui e têm um papel fundamental nessa questão de fazer o clube ser mais conhecido.

Hoje o clube tem condições de competir com gigantes do Brasil por contratações? Como funciona esse processo de reforçar o elenco? Não, nós ainda não temos condições, a diferença é absurda. O Cuiabá trabalha com orçamento de 100 a 130 milhões [de reais], os clubes grandes trabalham com valores bilionários. Flamengo acima de um bilhão, Palmeiras e Corinthians próximo disso. A gente não tem condição, por isso tem que se reinventar, usar a criatividade. Usar os nossos fatores positivos para tentar trazer esses jogadores, ganhando menos do que eles ganhavam nos outros clubes.”

Depois de um ano glorioso, quais as metas para 2024? A meta para 2024 permanece a mesma: pés no chão. Pensamento muito realista, sem sonhos e delírios, porque não adianta a gente querer dar um passo maior que a perna. A a meta é a permanência na Série A. Dentro de todas as competições que nós vamos, a mais importante é permanecer na elite do Campeonato Brasileiro.

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