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Luxemburgo está de volta ao Corinthians: relembre passagens anteriores

Trabalhos em 1998 e 2001 foram marcados por futebol ofensivo, títulos, polêmicas e até ponto eletrônico

Quase uma semana depois da conflituosa saída de Cuca, o Corinthians anunciou nesta segunda-feira, 1º de maio, a contração do técnico Vanderlei Luxemburgo. O profissional de 70 anos retorna ao Parque São Jorge depois de mais de duas décadas, com contrato até o fim de 2023.

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Diante das negativas de Tite e Mano Menezes, o experiente treinador ganhou força em um período de enorme turbulência em Itaquera. Em duas passagens, a primeira em 1998 e a segunda em 2001, Luxemburgo conquistou dois títulos em 136 jogos.

 

Multicampeão por diversos clubes, Luxemburgo chegou ao Corinthians em 1998 vindo do Santos e com a condição de ídolo do rival Palmeiras, pelo qual conquistara três paulistas e dois brasileiros, mas rapidamente conseguiu conquistar a torcida com um futebol envolvente.

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O treinador foi crucial na montagem de um dos elencos mais memoráveis do clube, com destaques como Gamarra, Marcelinho, Rincón, Vampeta, Ricardinho e Edilson. O sucesso foi tanto que Luxemburgo recebeu e aceitou o convite para dirigir a seleção brasileira logo após a Copa de 1998 e chegou a conciliar os dois cargos até o título do Brasileirão de 1998, em decisão diante do Cruzeiro.

Luxemburgo e Marcelinho: inimigos íntimos
Luxemburgo e Marcelinho: inimigos íntimos

Luxemburgo retornou ao clube justamente depois de deixar a seleção brasileira, demitido após a eliminação na Olimpíada de Sidney-2000 e em meio a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigava sua ligação com uma empresa acusada de lavagem de dinheiro.

O técnico, portanto, retornou em baixa e assumiu um clube em crise após terminar em penúltimo na Copa João Havelange, cujo regulamento não previa rebaixamento. No entanto, Luxa recuperou a equipe que conquistou Campeonato Paulista de 2001.

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No duelo mais memorável da campanha, a semifinal diante do Santos, Luxemburgo foi responsável por uma grande inovação, que acabaria proibida. O palco dos dois jogos foi o Morumbi e o meia Ricardinho e o goleiro Maurício foram os escolhidos pelo técnico para entrar em campo com um ponto eletrônico. Foi com o aparelho no ouvido, aliás, que o meio-campista corintiano marcou o histórico gol da classificação, nos acréscimos da partida. Em entrevista a PLACAR em 2019, Luxemburgo citou aquela com a maior de suas várias ousadias.

“A coisa mais louca e genial que fiz foi adotar o ponto eletrônico, que usei no Paulistão de 2001, com o Ricardinho, do Corinthians. Ainda será usado no futuro. Há uma resistência desnecessária da Fifa, dá para fazer um ponto eletrônico seguro, de silicone, igual ao da TV. É preciso ter só um jogador com mais discernimento tático com quem se comunicar. Gostaria de usar dois pontos, com um jogador de linha e o goleiro, para orientar nas bolas paradas. Acho que usei em três jogos naquela época até descobrirem. Pediram para me prender, mas não era contra as regras.”

Matéria de PLACAR de 19 de maio de 2001 destaca ponto eletrônico
Matéria de PLACAR de 19 de maio de 2001 destaca ponto eletrônico Reprodução/Placar

Outra reportagem de PLACAR, esta da época do ocorrido, escrita por Arnaldo Ribeiro, detalhou o fato. “O aparelho foi usado nas duas partidas contra o Santos (e não só na segunda, quando foi “descoberto”) e fez com que o clube da Vila entrasse com uma ação no tribunal da Federação Paulista pedindo a impugnação dos resultados. Em vão. Pelo fonezinho de 1.300 dólares, Maurício e Ricardinho puderam escutar instruções de Luxemburgo nas partidas”, escreveu Ribeiro na edição de 19 de maio de 2001, pouco depois do título do Corinthians.

“Quando Deivid foi substituído na primeira partida contra o Santos, Luxemburgo instruiu Ricardinho, via ouvido, a fazer o reposicionamento da equipe. Segundo ele, o ponto só foi descoberto porque caiu da orelha de Maurício na comemoração do gol. Alguém gritou: ‘Olha o ponto do Maurício’ e um repórter da Globo percebeu.” Vinte anos se passaram e o ponto eletrônico segue proibido, mas desejado por treinadores da nova e da velha geração.

Aquela última passagem ainda ficaria marcada pela derrota para o Grêmio, em casa, na final da Copa do Brasil, que culminou em uma briga com Marcelinho Carioca e na saída do “Pé de Anjo” da equipe – desde então, os dois nunca deixaram de ser desafetos. Depois do Corinthians, Luxemburgo retornou ao Palmeiras, em 2002, e foi demitido pouco antes do rebaixamento da equipe alviverde.

De acordo com dados do site Meu Timão, Luxemburgo tem pelo Corinthians 136 jogos, com 63 vitórias, 34 empates e 39 derrotas, com 55% pontos conquistados; 252 gols marcados (1.85 por jogo) e 178 gols sofridos (1.31 por jogo).

O técnico está sem clube desde 2021, quando trabalhou no Cruzeiro e evitou um vexatório rebaixamento à Série C. Ele chegou a ter o seu contrato renovado, mas o novo sócio majoritário Ronaldo Fenômeno desfez o acordo.

Antes do acerto com Luxa, o Corinthians buscou a contratação de Tite, mas fracassou. O treinador do Brasil nas últimas duas Copas do Mundo e mais vitorioso da história do clube foi o primeiro alvo, seguido por Mano Menezes, que decidiu seguir no Internacional. Nomes estrangeiros como Marcelo Gallardo e Jorge Jesus sequer foram cogitados.

Nesta sexta-feira, 28, Vanderlei foi ao Parque São Jorge para se reunir com a diretoria alvinegra. Depois do encontro, o Corinthians confirmou o acordo com o pentacampeão brasileiro.

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