Jamal Musiala e Declan Rice chegaram a defender outras seleções, enquanto outros badalados atletas como o brasileiro Raphinha e o espanhol Lamine Yamal viveram dilemas; veja lista
Para além de Lamine Yamal, o multicultural prodígio da seleção espanhola, o futebol mundial está repleto de jogadores com dupla ou até tripla nacionalidade. Muitos deles nasceram em um país, têm família em outro e carregam mais de uma bandeira em sua história.
PLACAR agora está nas bancas e em todas as telas. Assine a revista digital
Por vezes esta mistura passa despercebida, mas está presente em alguns dos principais nomes da atualidade. Ter mais de uma nacionalidade significa poder escolher entre duas ou mais seleções e, muitas vezes, a decisão gera debates entre torcedores ao redor do mundo.
Para alguns, a escolha vem do coração e do lugar onde cresceram. Para outros, é também uma questão de oportunidade esportiva. Dentre os casos mais célebres, estão brasileiros naturalizados europeus como o italiano Jorginho, do Flamengo, ou o espanhol Diego Costa, hoje sem clube.
PLACAR lista abaixo uma seleção de nomes badalados cujas origens são menos conhecidas:
Nascido em Esplugues de Llobregat, na Espanha, possui origens familiares na África: seu pai é marroquino e sua mãe nasceu na Guiné Equatorial. Mesmo podendo defender três países, desde cedo foi integrado à base da Espanha e se tornou o mais jovem a estrear e marcar pela seleção. Aos 16 anos, ele fez sua estreia pela seleção espanhola principal e marcou gol, tornando-se o mais jovem a jogar e balançar as redes pela Espanha. A federação marroquina chegou a sondá-lo, mas Yamal deixou claro estar “muito feliz” com sua decisão de defender a Espanha, pela qual já conquistou destaque.
Jude Bellingham nasceu em Stourbridge, na Inglaterra, e tem ascendência irlandesa por parte de seus avós paternos. O astro do Real Madrid sempre representou apenas a seleção inglesa nas categorias de base e profissional. Seu foco sempre foi jogar pela terra natal, e ele já brilhou pela Inglaterra em Eurocopas e Copa do Mundo.
Bellingham tira a medalha de prata após a final da Euro – EFE/EPA/CHRISTOPHER NEUNDORF
Jamal Musiala nasceu em Stuttgart, na Alemanha, filho de mãe alemã e pai britânico-nigeriano. Ainda criança, mudou-se com a família para a Inglaterra e chegou a representar seleções de base inglesas (sub-16 a sub-21), justamente ao lado de Bellingham. Em 2021, no entanto, Musiala optou por defender a seleção alemã, país onde nasceu. Ele admitiu ter ficado dividido entre as duas, mas seguiu “o sentimento de que era a decisão certa jogar pela Alemanha, a terra em que nasci”.
Musiala e Bellingham jogando pela Inglaterra –Divulgação/Instagram
Kylian Mbappé nasceu em Bondy, nos subúrbios de Paris, filho de pai camaronês e mãe de origem argelina. Foi criado no sistema de formação francês (Clairefontaine), mas era elegível para Camarões ou Argélia. Desde cedo foi apontado como estrela do futuro da França. Ele estreou pela seleção francesa aos 18 anos e foi peça-chave na campanha do título da Copa do Mundo de 2018.
Clairefontaine: o ‘castelo’ por trás da renovação de talentos da França
Raphael Dias Belloli, conhecido como Raphinha, nasceu em Porto Alegre, Brasil, em uma família de ascendência europeia. Ele possui cidadania italiana herdada pelo lado paterno. Em 2020, antes de ser convocado pelo Brasil, Raphinha chegou a chamar a atenção da Itália e por muito pouco não defendeu a Azzurra. Em entrevista à PLACAR, Raphinha revelou que esteve perto de aceitar uma convocação italiana para a Euro 2020. “Fui convidado pela Itália e considerei, sim. […] Cheguei a ter superidealizada na cabeça a ideia de vestir a camisa da seleção italiana e disputar um Mundial, que é o objetivo de todos. Eu via esse sonho muito distante pelo Brasil. Só não deu certo por causa do meu passaporte, que não ficou pronto.” Pouco depois, Tite o convocou para o Brasil – e a seleção italiana nem sequer se classificou ao Mundial do Catar.
Bukayo Saka nasceu em Londres, filho de pais nigerianos que imigraram para a Inglaterra. Por ter dupla nacionalidade de origem, Saka foi alvo de convites da Nigéria, que tentou convencê-lo a defender os “Super Eagles”. Contudo, ele sempre se sentiu identificado com a Inglaterra, país onde nasceu e cresceu. Ele declarou orgulhar-se da herança nigeriana, mas afirmou que “foi certo escolher a Inglaterra”, decisão da qual não se arrepende.
Reprodução X Saka
Federico Valverde nasceu em Montevidéu, no Uruguai, e desde pequeno sonhava em vestir a camisa celeste. Por ter ascendência espanhola e atuar no Real Madrid, Valverde também adquiriu cidadania espanhola em 2020, bem como Vinícius Júnior e Rodrygo. Apesar disso, ele nunca cogitou jogar por outra seleção que não a uruguaia.
Reprodução X Valverde
Cole Palmer nasceu em Manchester, na Inglaterra, mas possui raízes familiares no Caribe, onde foi recebido com festa recentemente. Seu avô paterno nasceu em São Cristóvão e Névis, o que tornaria Palmer elegível por esse pequeno país caribenho. Mesmo assim, ele sempre esteve integrado ao futebol inglês, atuando pelas seleções sub-17, sub-21 e despontou como jovem promessa na Inglaterra. Palmer até usa as bandeiras da Inglaterra e de St. Kitts em suas chuteiras em homenagem às origens.
Quem são os jogadores frutos da Geração Windrush? Entenda a história e veja a lista
Os badalados atletas de Manchester City e Arsenal têm raízes irlandesas e chegaram a ser acusados de traição ao marcar pela Inglaterra contra a Irlanda em 2024. Rice e Grealish nasceram em cidades da Inglaterra (Londres e Birmingham, respectivamente), mas têm ascendência irlandesa e chegaram a vestir a camisa verde nas categorias de base e até amistosos em antes de optar pelo English Team.
Lei do ex: Jack Grealish e Declan Rice marcaram diante da Irlanda – PAUL FAITH / AFP)
Alexander Isak nasceu em Solna, na região de Estocolmo, Suécia. Filho de pais eritreus que imigraram para a Suécia, creseu em um ambiente multicultural. Ele sempre foi elegível à seleção da Eritreia (por ascendência), mas desde as categorias de base optou pela Suécia. Isak enfatizou que queria representar o país onde se desenvolveu. O goleador do Newcastle interessa a gigantes do continente e é considerado um dos grandes atacantes de sua geração.
Reprodução X Suécia
O artilheiro do Manchester City nasceu em Leeds, onde seu pai, Alf-Inge Haaland, atuava, mas optou por defender a nação de sua família, apesar do prejuízo esportivo que isso lhe causou. “Eu morei aqui (na Inglaterra) durante três anos e meio, quatro anos. Mas eu vivi na Noruega durante muito tempo, então para mim foi natural escolher a Noruega. Nunca vamos saber como seria se meu pai tivesse jogado mais tempo na Inglaterra, talvez eu seria inglês. Mas sou norueguês e me orgulho disso”, disse Erling, em entrevista ao site Goal.
Pai de Haaland foi capitão do City e teve rixa com ídolo do United
Julián Álvarez nasceu em Calchín, na Argentina, e tem ascendência europeia por parte dos avós. Como muitos argentinos, Álvarez possui dupla cidadania (argentina e italiana), mas desde o início de sua carreira deixou claro que seu sonho era jogar pela Albiceleste. Hoje, é um dos jovens destaques da seleção argentina, desempenhando papel importante no ataque.
@Argentina/X
Michael Olise nasceu em Londres, Inglaterra, em uma família multicultural: seu pai é nigeriano e sua mãe é franco-argelina. Com isso, Olise tornou-se elegível para quatro países diferentes. A Nigéria tentou convocá-lo em 2021, até chegou a ficar na lista de espera para jogos das Eliminatórias Africanas, mas Olise demonstrou preferência pelo projeto francês. Em 2024, aos 22 anos, recebeu sua primeira convocação para a seleção principal da França.
Reprodução X Fifa world cup
Alexis Mac Allister nasceu em Santa Rosa, na Argentina, e tambem tem uma família de ascendência europeia. Seu sobrenome de origem irlandesa já chamava atenção, mas ele também possui cidadania italiana herdada pela família materna. Mac Allister tem dupla nacionalidade, argentina e italiana. O meia do Liverpool chegou a ser cogitado pela mídia se poderia atuar pela Itália, mas isso nunca se concretizou, sempre esteve nos planos da Argentina.
Luis ROBAYO / AFP
O destaque do PSG nasceu em Angers, na França, e faz parte de uma família de imigrantes africanos. Seus pais são da Costa do Marfim, o que faz de Doué elegível para defender também a seleção do país africano. Curiosamente, seu irmão mais velho, Guéla Doué, optou pela Costa do Marfim e chegou a atuar pela seleção. Já Désiré trilhou o caminho francês, se destacando na base do Rennes, ele foi convocado para as seleções sub-19 e sub-21 da França. Em 2024, com apenas 19 anos, Doué já era considerado uma das promessas francesas.
Reprodução X EquipedeFrance
Serhou Guirassy nasceu em Arles, no sul da França, filho de pais guineenses. O goleador do Borussia Dortmund chegou a representar a França nas categorias sub-19 e sub-20. Porém, ao não receber chances na seleção principal francesa, Guirassy decidiu defender a terra de seus pais, a Guiné. Em 2022, oficializou a troca de federação e passou a ser convocado pela Seleção de Guiné. Sua decisão foi bem recebida pelos torcedores guineenses, que o veem como uma estrela nascida na diáspora francesa.
Reprodução X Guirassy
Jérémy Doku nasceu em Antuérpia, na Bélgica, filho de pais ganeses. Com dupla nacionalidade de berço, o ponta do Manchester City foi sondado pela federação de Gana na adolescência. Contudo, Doku vinha sendo preparado nas seleções de base da Bélgica e acabou permanecendo no projeto belga. Doku afirmou ter orgulho de suas raízes ganesas, fala o dialeto twi com os pais em casa e visita Gana regularmente. Em entrevistas, revelou que ídolos belgas como Lukaku o incentivaram a seguir com os Red Devils.
Reprodução Instagram Doku
Jeremie Frimpong nasceu em Amsterdã, Países Baixos, em uma família de origem ganesa. Aos sete anos, mudou-se para a Inglaterra, o que o tornou, teoricamente, elegível também para a seleção inglesa. Assim, o destaque do Bayer Leverkusen teve três opções de carreira internacional: Holanda, Gana ou Inglaterra. Ele chegou a atrair interesse de Gana, mas desde cedo manifestou preferência pela Holanda.
Reprodução Instagram Frimpong
Uma das histórias mais bonitas de superação é de Alphonso Davies, destaque do Bayern de Munique. Ele nasceu em um campo de refugiados em Buduburam, Gana, onde seus pais liberianos estavam abrigados durante a guerra civil na Libéria. Quando Alphonso tinha cinco anos, a família foi reassentada no Canadá, país que ele abraçou como sua nova casa. Davies cresceu em Edmonton e rapidamente se destacou no futebol local, obtendo a cidadania canadense ainda adolescente. As ligações familiares com a Libéria são honradas, frequentemente faz ações solidárias voltadas a refugiados, mas sua escolha foi representar o Canadá.
Reprodução Instagram Davies
Marcus Rashford nasceu em Manchester, Inglaterra, e desde as categorias de base figurou nas seleções inglesas. Ele poderia, porém, ter escolhido defender São Cristóvão e Névis, pequena nação caribenha de onde vem sua família materna. A avó de Rashford, Cillian Henry, nasceu e viveu em Saint Kitts, e o atacante tem orgulho de suas raízes caribenhas. Porem, para Marcus nunca houve dúvida. Fora dos gramados, até se engaja em projetos sociais em Saint Kitts. Mas sua carreira internacional segue vinculada à Inglaterra.
Reprodução Instagram Rashford
Alejandro Garnacho nasceu em Madri, na Espanha, filho de mãe argentina e pai espanhol. Crescendo na capital espanhola, Garnacho chegou a atuar pela seleção sub-18 da Espanha em 2021. Contudo, com forte influência da mãe e dos familiares argentinos, ele optou por trocar de federação e defender a Argentina, pelas quais tem laços afetivos profundos.
Reprodução Instagram Garnacho
Gabriel Martinelli nasceu em Guarulhos, Brasil, e possui descendência italiana por parte de pai. Desde muito jovem, graças a essa ascendência, Martinelli obteve dupla cidadania, o que facilitou sua transferência ao Arsenal, da Inglaterra, em 2019. Ele chegou a ser observado pela Federação Italiana, mas jamais atuou por seleções de base da Itália. Martinelli deixou claro que seu sonho era vestir a Amarelinha, e não a Azzurra.
Vitor Silva/CBF
Rafael Leão nasceu em Almada, região metropolitana de Lisboa, Portugal. Seus pais são naturais de Angola e imigraram para Portugal antes do nascimento do atacante. Por isso, o artilheiro do Milan sempre teve a possibilidade de representar tanto Angola como Portugal. Desde as categorias de base, porém, Leão optou pela seleção portuguesa, país onde nasceu e se formou.
(Kirill KUDRYAVTSEV / AFP)
Eduardo Camavinga nasceu em um campo de refugiados na província de Cabinda, Angola, enquanto seus pais congoleses fugiam da guerra civil na República Democrática do Congo. Ainda bebê, mudou-se com a família para a França, onde cresceu e se destacou no Rennes. Camavinga decidiu representar a França, onde cresceu como jogador até virar uma estrela do Real Madrid.
Divulgação / Instagram
Ademola Lookman nasceu em Londres, e é filho de pais nigerianos. O ídolo da Atalanta jogou por seleções de base da Inglaterra (sub-19, sub-20 e sub-21) e chegou a ser campeão mundial sub-20 em 2017 pelo English Team. Porém, em 2022, decidiu trocar de federação e passou a defender a Nigéria no nível profissional. Desde então, tornou-se uma das principais referências ofensivas da seleção nigeriana, destacando-se na Copa Africana de 2024.
Ademola Lookman fez dois gols contra a Costa Rica no Mundial sub-20 da Coreia do Sul, em 2017 – EFE/Kim Hee Chul
Achraf Hakimi nasceu em Madri, Espanha, filho de pais marroquinos, por isso, poderia jogar tanto pela Espanha quanto por Marrocos. Apesar da formação no Real Madridm Hakimi sempre teve claro seu desejo de defender a seleção marroquina, pelo qual brilhou na campanha do quarto lugar na Copa de 2022. Hoje é considerado um dos melhores laterais do mundo, pelo PSG.
Reprodução Fifa
Omar Marmoush nasceu no Cairo, Egito, e se mudou ainda jovem para a Alemanha, onde construiu a carreira. Com a cidadania alemã obtida por residência, poderia atuar pela seleção alemã. No entanto, sempre escolheu defender a seleção egípcia. Depois de se destacar pelo Frankfurt, foi contratado pelo Manchester City.
Reprodução Instagram Marmoush
Aurélien Tchouaméni nasceu em Rouen, na França, filho de pais camaronenses. Embora tivesse a possibilidade de representar Camarões, o volante do Real Madrid cresceu nas seleções de base da França e optou pela seleção francesa.
Reprodução Instagram Tchouaméni
Viktor Gyökeres nasceu em Estocolmo, Suécia. Sua mãe é luxemburguesa e seu pai sueco, o que o torna elegível por ambos os países. Desde a base, escolheu jogar pela Suécia, onde se desenvolveu como jogador. Tornou-se artilheiro de destaque no futebol europeu e passou a ser figura constante nas convocações da seleção sueca. Autor de 38 gols pelo Sporting na temporada passada, ele foi vendido ao Arsenal.
Reprodução Instagram Gyökeres
Nico Williams nasceu em Pamplona, Espanha, filho de pais ganeses que chegaram ao país como imigrantes. Tal como seu irmão mais velho, Iñaki Williams (que optou por representar Gana em 2022), o atacante do Athletic Bilbao tinha a possibilidade de jogar por ambos os países. Ele, no entanto, seguiu um caminho diferente, escolheu a seleção espanhola, pelo qual brilhou no título da Eurocopa-2024.
Reprodução Instagram Nico Williams
Uma frase para descrever motivos para baixar nosso aplicativo
Baixe nosso app