No empate contra o Equador, seleção ainda adota o mesmo padrão tático com deficiências e apatia vista em trabalhos anteriores
Tudo parecia soar perfeito na seleção brasileira desde a apresentação do técnico italiano Carlo Ancelotti. Na última entrevista antes da estreia em Guayaquil, questionado sobre a agenda já cumprida desde a chegada em 25 de maio, com direito a presença em jogos nos estádios, visita a Granja Comary e até mesmo bênção dada por um padre em frente ao monumento do Cristo Redentor, o treinador deu uma resposta curiosa: “a ver amanhã”.
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PÓS-JOGO: EQUADOR X BRASIL; CARLO ANCELOTTI ESTREIA COMO TREINADOR DA SELEÇÃO BRASILEIRA | 05/06 https://t.co/hfEAzVQ2VH
— PLACAR (@placar) June 6, 2025
Ancelotti deixou claro, com poucas palavras, que não se iludia com o clima de badalação e de expectativa que o cercava. E, de fato, pouco se viu do novo e muito ainda do antigo. Os quatro dias que teve para trabalhos – dois em São Paulo e dois em Guayaquil – ainda foram insuficientes para uma mudança de identidade.
Sem surpresas na escalação, confirmando os 11 titulares que treinou em São Paulo, o time em campo parecia o mesmo visto em todo o tempo na era Dorival Júnior – obedecendo, inclusive, suas escolhas táticas.
Com a bola nos pés, atuou no esquema 4-3-3, com o meio-campo em losango, formado por Casemiro (ao centro), Bruno Guimarães (na direita) e Gerson (na esquerda). O ataque tinha Estêvão e Vinicius nas pontas direita e esquerda, respectivamente, com Richarlison como um centroavante.
Vinicius Júnior não conseguiu levar a melhor contra a forte marcação equatoriana – Marcos Pin/AFP
Quando perdia a bola, a equipe se organizava em um 4-1-4-1, com Estêvão e Vini Jr recuando pelas pontas para a linha do meio-campo com Guimarães e Gerson, mais centralizados, deixando Casemiro atrás da linha.
Faltava, contudo, atitude com a bola nos pés. Foram só duas finalizações a gol, nenhuma delas em chances construídas – uma delas em uma roubada de bola de Estêvão. O pior problema repetido foi o sumiço de Vinicius Júnior, pouco acionado principalmente nos primeiros 46 minutos.
Novamente, o atacante do Real Madrid ficou “ilhado” na ponta esquerda a maior parte do jogo sem um jogador criativo no meio-campo, além dos constantes erros de Richarlison e Estêvão nas tentativas estabanadas de construírem jogadas.
Só o atacante do Palmeiras perdeu a bola 11 vezes, segundo o site Sofascore, enquanto o Pombo furou uma chance clara, próximo a marca do pênalti, no melhor lance individual de Vinicius Júnior. Nomes como Rodrygo, Neymar e Paquetá, que poderiam atuar na função, não foram convocados.
“Tivemos um sistema defensivo sólido. Poucas oportunidades para eles. A Seleção tem que ser melhor, ser dominante, mas aos poucos vamos tendo sensações. Tivemos só dois dias de trabalho, aos poucos vamos melhorando”, avaliou Casemiro.
Bancado como titular, Richarlison teve atuação apagada – Rodrigo Buendia/AFP
Pesou também contra o “marasmo criativo” do Brasil mais uma sólida atuação da linha defensiva do Equador formado por Ordóñez, Pacho, Hincapié e Estupiñan, a melhor das Eliminatórias com apenas cinco gols sofridos.
No segundo tempo, apesar das tentativas de Carleto com as entradas de Matheus Cunha na vaga de Richarlison, Martinelli na de Estêvão, Andrey Santos na de Gerson e Andreas Pereira na de Bruno Guimarães, quase nada se viu de melhora. Pelo contrário, o time só finalizou uma fez, em chute rasteiro de Casemiro, foi empurrado pelos donos da casa.
Aos 65 anos, o multicampeão Ancelotti já sabia que teria trabalho duro depois da badalação. Agora em São Paulo, diante do Paraguai, ele terá que correr contra o tempo para tentar mostrar suas primeiras credenciais.
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