Zeca aciona Justiça para deixar Santos: ‘Situação insustentável’
Lateral alega falta de pagamentos do FGTS e diz que sua família ficou abalada com cobranças violentas de alguns torcedores
O lateral Zeca não deve mais jogar pelo Santos. Na tarde desta quinta-feira, por meio de seu advogado, o jogador de 23 anos entrou com pedido de rescisão contratual na Justiça do Trabalho alegando falta de pagamentos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e usou também as agressões sofridos no aeroporto, na semana passada, para reforçar seu plano de sair do clube imediatamente.
Após a folga dupla do elenco, Zeca não apareceu para treinar desde quarta-feira com o argumento de que precisava resolver questões particulares. Nesta sexta, sua assessoria se posicionou e alegou que a “situação ficou insustentável” e que Zeca “viajou ao interior para amparar sua mãe e familiares, que se encontram extremamente abalados com a situação.”
Zeca foi revelado pelas categorias de base do Santos em 2014, já fez 141 jogos pela equipe profissional, marcou quatro gols e tem contrato com vencimento em dezembro de 2020. A multa rescisória é de 50 milhões de euros. O jogador brilhou nas duas primeiras temporadas e foi campeão olímpico com a seleção brasileira em 2016, mas caiu em desgraça na atual temporada.
Atualmente, o clima entre Zeca e a torcida santista é dos piores. Questionada por parte da torcida por sua queda de rendimento, o jogador fez postagem em uma rede social rebatendo os críticos, o que agravou ainda mais a situação. Após o empate com o Sport na Ilha do Retiro, a Vila Belmiro foi pichada em protesto que teve Zeca como um dos principais alvos. E, no retorno da delegação alvinegra a São Paulo depois no jogo no Recife, o lateral recebeu um tapa no aeroporto.
Confira, na íntegra, a nota divulgada pela assessoria de Zeca:
“Não é de hoje que Zeca vem atuando pelo Santos sem que o clube cumpra com o que lhe foi prometido. Pela lei, há um mês o jogador já poderia ter deixado de participar das partidas, mas isso jamais passou pela sua cabeça, mesmo quando se iniciou a perseguição por parte da torcida contra ele. Seus colegas de grupo e comandantes da comissão técnica são testemunhas do comprometimento, seriedade e dedicação do atleta, sempre disposto a ajudar e contribuir no objetivo comum de trazer alegrias à torcida.
Apesar de os compromissos do Santos estarem em atraso, Zeca sempre cumpriu, e vem cumprindo, fielmente, todas as suas obrigações. Relembrando que, pela lei, repita-se, ele já poderia ter se recusado a competir há algum tempo.
Ultimamente, porém, a situação se tornou insustentável. Até o presente momento, Zeca vinha aguentando xingamentos e pressões externas, fatos que, infelizmente, acontecem com muitos jogadores de futebol. Nos últimos dias, entretanto, a situação se agravou e ele passou a ser constantemente ameaçado em suas redes sociais, chegando ao cúmulo de ter sido, covardemente, agredido fisicamente no retorno da delegação de Recife a São Paulo, após ao jogo contra o Sport. As imagens e os relatos falam por si só e estão disponíveis para quem quiser ver.
Zeca sabe que escolheu uma profissão sujeita à pressão, contudo, tudo tem limite e o dele foi atingido. Para se ter ideia, ao ver as imagens da agressão pela televisão, sua mãe ligou chorando, temendo pela saúde do filho. Antes de analisar o jogador de futebol, é preciso enxergar o lado do ser humano. E ninguém tem tranquilidade para trabalhar com as ameaças que o atleta vem sofrendo diariamente.
Hoje, o jogador teme por sua integridade física, não está com cabeça para treinar e, por isso, viajou ao interior para amparar sua mãe e familiares, que se encontram extremamente abalados com a situação.
Sendo assim, Zeca resolveu procurar seus direitos na Justiça e está seguro de sua decisão. O jogador deixa um forte abraço aos irmãos do elenco santista (sua segunda família), aos comandantes da comissão técnica e aos torcedores que incentivam quando têm que incentivar, cobram quando têm que cobrar, vaiam quando entendem que o atleta merece, mas não partem para agressões covardes e ameaças repugnantes”
(com Gazeta Press)