Concacaf abriu investigação sobre vídeo vazado, no qual o político Ronnie Brunswijk, de 60 anos, aparece distribuindo notas no vestiário do time adversário
O Suriname é uma antiga colônia da Holanda, cuja modestíssima tradição no futebol basicamente se limita ao fato de ser o país de nascimento ou de ascendência de diversos craques da seleção holandesa, como Clarence Seedorf ou Ruud Gullit. Apesar de a nação fazer parte da América do Sul, a federação local integra a Concacaf, junto com as equipes das Américas Central e do Norte. Nesta semana, uma das figuras mais conhecidas na capital Paramaribo ganhou as manchetes esportivas do planeta por motivos inusitados — e suspeitos.
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Trata-se de Ronnie Brunswijk, vice-presidente do país e também dono do Inter Moengo Tapoe, hexacampeão nacional. Na última terça, 21, empolgado com a participação do time na Concacaf League, segunda competição de clubes mais importante da confederação, ele decidiu calçar chuteiras e ainda vestir a braçadeira de capitão, aos 60 anos, no duelo em casa diante do Olimpia, de Honduras.
Apesar da idade e da forma física longe do ideal, Brunswijk aguentou jogar até os 11 minutos do segundo tempo da partida, vencida pela equipe hondurenha por 6 a 0. Até aí, tudo não passaria de uma história pitoresca, que deu ao vice-presidente do país o recorde de jogar mais velho a atuar em uma jogo oficial de clubes. O problema veio horas depois, com o vazamento de um vídeo no qual Brunswijk aparenta estar distribuindo notas de dinheiro aos atletas visitantes.
Video was streamed tonight from Olimpia’s locker room that appears to show Ronnie Brunswijk giving people in the locker room cash. He also leaves with an Olimpia shirt.pic.twitter.com/eQ1Vk928Bl
— Jon Arnold (@ArnoldcommaJon) September 22, 2021
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Nesta quarta-feira, 22, a Concacaf se manifestou por meio de nota:”Estamos extremamente preocupados com o conteúdo de um vídeo que circula nas redes sociais que levanta possíveis problemas de integridade em torno da partida da Liga Concacaf entre o Inter Moengotapoe e o CD Olimpia. O caso está sendo encaminhado à Comissão Disciplinar da Concacaf, que dará início a uma investigação formal. Uma nova atualização será fornecida quando o processo for concluído.”
Ronnie Brunswijk é uma figura bastante controversa em seu país. Ex-líder rebelde, ele já foi investigado por assaltos a bancos e acusado de tráfico de drogas na Europa. Chegou inclusive a ser perseguido por Chan Santhokhi, ex-policial e atual presidente do Suriname, que o convidou para ser seu vice após selarem as pazes.
Brunswijk se apresenta como empresário e diz ter 50 filhos. Um perfil publicado pelo jornal americano New York Times em janeiro destaca seus repentes de “Robin Hood”, devido a seu hábito de distribuir à população parte das quantias roubadas por ele, em alguns casos até atirando notas de dentro de um helicóptero. Talvez esta mania explique por que decidiu entrar no vestiário adversário e oferecer mimos aos vencedores.