Vice do Flamengo no Mundial mostra como os europeus estão em outro patamar
A derrota do time brasileiro contra o Liverpool evidenciou mais uma vez a disparidade entre os clubes brasileiros e os do Velho Continente
Embalado pelas conquistas da Libertadores e do Brasileirão, o Flamengo entrou em campo no último dia 21 para medir forças com o Liverpool disposto a quebrar um tabu na final do Mundial de Clubes da Fifa: desde 2012, quando o Corinthians superou o Chelsea, outro time inglês, nenhum sul-americano conseguiu vencer os europeus. Na partida, a equipe carioca chegou a dar a impressão em alguns momentos de que poderia sair do Catar com a taça na mão. Aos poucos, no entanto, os adversários foram se impondo, até que na prorrogação anotaram o gol da vitória, sepultando o sonho rubro-negro. “O Flamengo não tem de se sentir envergonhado”, disse a VEJA Carlos Alberto Parreira, técnico do Brasil no tetracampeonato e hoje observador técnico da Fifa. “O Liverpool reúne atletas de sete seleções nacionais, fora os jogadores ingleses. Já o Jesus tinha o melhor que o futebol brasileiro pode oferecer.”
Além de haver grande diferença econômica entre Europa e América do Sul, o Liverpool participa de campeonatos mais organizados e com audiência global: a Premier League (o torneio da Inglaterra) e a Champions League (a liga que reúne os principais clubes do Velho Continente). O resultado é uma goleada de números, que só vem aumentando nos últimos anos. Se o Flamengo tem o maior orçamento do Cone Sul, algo em torno de 800 milhões de reais, o Liverpool arrecadou na última temporada o equivalente a 2,1 bilhões de reais. Na decisão do Catar, duas estrelas dos ingleses eram craques da seleção canarinho: o goleiro Alisson e o atacante Firmino, autor do único gol da partida. Um dos mais badalados titulares do Flamengo, o centroavante Gabigol frustrou-se em sua tentativa de brilhar nos grandes clubes da Europa entre 2016 e 2017. De volta ao país, foi o artilheiro do Brasileirão 2019 ao balançar a rede 25 vezes. Apesar disso, a Inter de Milão, que detém os direitos sobre o jogador, já avisou que não deseja o seu retorno para a Itália. Pesa contra ele o fracasso no teste do Velho Continente, onde estão hoje os melhores. Ali, o patamar é mesmo outro.
Publicado em VEJA de 1º de janeiro de 2020, edição nº 2667