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Tite nega alienação e diz que saída de Caboclo não pesou em manifesto

Treinador da seleção, no entanto, evitou dizer se pediria demissão caso presidente da CBF fosse mantido no cargo; posicionamento não cita “pandemia”

A tão aguardada entrevista coletiva da da seleção brasileira após a vitória por 2 a 0 sobre o Paraguai, em Assunção, na madrugada desta quarta-feira, 8, não foi tão esclarecedora como se esperava. Os atletas divulgaram nas redes sociais um manifesto crítico em relação à realização à Copa América, mas revelaram que irão disputar o torneio. O técnico Tite demonstrou incômodo em perguntas relacionadas ao ex-presidente da CBF, Rogério Caboclo, afastado do cargo após denúncias de assédio sexual e moral, mas negou que sua saída tenha influenciado no posicionamento dos atletas.

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A seu estilo, Tite fugiu das questões espinhosas. Perguntado se deixaria o cargo caso Caboclo seguisse na presidência, tergiversou. “Se eu não tivesse parado de jogar com 27 anos eu não seria técnico, queria jogar até os 40. Não dá para responder pelo se”. Em seguida, porém, foi enfático ao dizer qual tipo de influência a saída do mandatário teve no manifesto dos atletas. “Nenhuma”.

As perguntas dos jornalistas foram enviadas previamente e, por isso, algumas tinham o mesmo teor. Novamente questionado se cogitou deixar o cargo, Tite estabeleceu seus limites.  “O limite é da serenidade, da paz, da solidariedade, da parceria, de agradecer a todo o estafe, comissão que conseguimos realizar, estou em paz comigo mesmo, de respeitar todos, de ter o mesmo cuidado”, afirmou.

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“Eu pensei no trabalho e nas exigências que teria a cada dia, cada momento, quem escalar, consultamos, trabalhamos (…) Essa é a situação que pensei, peguei a minha energia toda para isso. Não sou hipócrita, alienado, mas sei da minha prioridade, prioridade era cuidar do meu trabalho”, completou.

O coordenador de seleções Juninho Paulista pediu a palavra para manifestar seu apoio ao grupo. “Tivemos duas semanas difíceis emocionalmente e quero parabenizar ao Tite, a sua comissão, a todo o pessoal de apoio por essa semana, por dar o suporte, o trabalho não foi fácil, mas foi de excelência (…) O foco principal sempre foi Copa do Mundo, estou aqui para reiterar o manifesto que os atletas soltaram em suas redes sociais. É um manifesto que nos representa. Não são só jogadores, mas tem comissão técnica e delegação, todos os que trabalham para que a CBF possa dar a melhor condição de trabalho para vocês.”

Antes da entrevista pouco esclarecedora da comissão, os atletas da seleção brasileira se manifestaram se manifestaram por meio de um manifesto, no qual destacaram que, “por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou no Brasil.” Na mensagem, o time disse ainda que nunca quis tornar o debate político. Em nenhum momento, o termo “pandemia” ou as mais de 470.000 vítimas da Covid-19 foram citadas no texto.

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Após a partida, o zagueiro Marquinhos tocou no assunto, mas assim como já havia feito Casemiro depois do jogo contra o Equador, adotou tom de mistério. “Sabemos todo o contexto da Copa América, isso foi muito discutido internamente e externamente. Deixamos claro que em momento algum os jogadores se negaram a vestir essa camisa, sonhávamos desde criança em estar aqui, é o maior orgulho. Fizemos o que tínhamos de fazer e vamos ver o que será decidido. Existe uma hierarquia, estamos cientes do nosso papel.”

Em seguida, na entrevista coletiva, evitou relacionar o ocorrido ao afastamento de Caboclo. “A gente sabe da gravidade do assunto, não cabe à gente a julgar. As pessoas que deveriam julgar já fizeram isso. Vamos fazer a nossa parte, que é jogar bola”, disse. “A gente entende o trabalho de jornalistas e repórteres, mas eles têm que ter cuidado e depois somos julgados por fatos que não são verdadeiros. Como falei antes, é nosso sonho de criança e em momento algum falamos que iriamos nos recusar a vestir a camisa da seleção.”

Confira, abaixo, o manifesto na íntegra:

“Quando nasce um brasileiro nasce um torcedor. E para os mais de 200 milhões de torcedores escrevemos essa carta para expor a nossa opinião quanto a realização da Copa América. Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas. Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou no Brasil.

Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização.

É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política. Somos conscientes da importância da nossa posição, acompanhamos o que é veiculado pela mídia e estamos presentes nas redes sociais. Nos manifestamos, também, para evitar que mais notícias falsas envolvendo nossos nomes circulem à revelia dos fatos verdadeiros.

Por fim, lembramos que somos trabalhadores, profissionais do futebol. Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde e amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à Seleção Brasileira.”

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