Foi a geração que resgatou o orgulho do futebol uruguaio, após anos como coadjuvante. Em 2010, uma mescla de experiência e juventude, ambas com qualidade, foram os melhores representantes dos sul-americanos na África do Sul.
E a classificação para a Copa não foi fácil. Após ter ficado de fora de 2006 na repescagem, com derrota para a Austrália, o time uruguaio foi novamente quinto nas Eliminatórias Sul-americanas e foi para a repescagem mundial contra a Costa Rica.
No país da América Central, vitória uruguaia por 1 x 0, com gol de Lugano. No Cenetenário, no Uruguai, Loco Abreu fez 1 x 0 para o time da América do Sul e Centeno empatou para a Costa Rica de Renê Simões. No sufoco, o Uruguai se classificou para o Mundial.
O time era uma mescla de experiência e juventude, dirigidos por Óscar Tabárez, que havia treinando a seleção na Copa de 1990. Na defesa, a experiência de Lugano, capitão da equipe, com a qualidade de Godín, que já atuava no futebol europeu, mas era mais novo. No meio, a pegada de Arévalo Rios e Pérez, com a qualidade de Álvaro Pereira, que também atuava na lateral. Finalmente, no ataque, uma máquina. A juventude de Luis Suárez, que começava a se transformar em um craque, a qualidade técnica de Cavani, que já ia bem na Europa, e a experiência de Forlán, com toda sua técnica e oportunismo, o craque do time.
Naquele 2010, o time iniciou o ano com duas ótimas vitórias em amistosos contra Suíça e Israel por 3 x 1 e 4 x 1. Não eram rivais espetaculares, mas as vitórias mostravam a qualidade do time.
Na Copa, o time caiu no grupo A, com o dono da casa, a África do Sul, a sempre favorita seleção francesa, que vivia uma crise, e o México, apontado por muitos com o mais forte do time.
A estreia na África do Sul foi na França, com empate sem gols. No segundo jogo, contra os donos da casa, vitória por 3 x 0, com dois de Forlán (um de pênalti) e um de Álvaro Pereira, no último minuto do jogo contra a África do Sul. A despedida foi contra o forte México, e uma vitória simples, com gol de Suárez, garantiu o time uruguaio nas oitavas.
E nas oitavas o adversário era a surpreendente seleção da Coreia do Sul, que vinha jogando um bom futebol. E Suárez, novamente, brilhou muito. Abriu o placar logo com oito minutos. Aos 23 do segundo, Chung-Yong Lee empatou para os coreanos. Mas, a dez minutos do fim, Suárez, novamente, fez o segundo para o time sul-americano.
Nas quartas de final, aconteceu o jogo mais incrível e marcante da Copa de 2010. O Uruguai enfrentava Gana, rival que chegou surpreendendo, jogando bom futebol, e com muitas apostas de que seria a primeira seleção africana nas semifinais de um Mundial, curiosamente jogando em seu continente. E quase conseguiu.
Gana fez 1 x 0 nos acréscimos do primeiro tempo, com Muntari. Mas aos 10 da segunda etapa, Forlán empatou para o Uruguai. Contudo, Gana jogava melhor, com mais qualidade. O jogo foi para a prorrogação e seguiu empatada em 0 x 0 até os 16 minutos do segundo tempo, ou seja, nos acréscimos. Gana ia marcar um gol de cabeça, mas Suárez, com a mão, tirou a bola em cima da linha. Por conta disso, o jovem jogador foi expulso de campo. Deixou o gramado chorando, prevendo a eliminação da equipe. No entanto, ele saiu de lá como herói. Asamoah Gyan foi para a cobrança, bateu no meio e no alto. A bola pegou no travessão e foi para fora. Com isso, o jogo foi para os pênaltis.
Gyan até acertou a primeira cobrança de Fana, mas Mensah e Adiyiah perderam, e o Uruguai passou com vitória por 4 x 2. O time voltava à semifinal pela primeira vez desde 1970. O goleiro Muslera foi o herói, pegando dois pênaltis.
A semifinal seria contra a Holanda, que fazia uma grande Copa. Van Bronckhorst fez 1 x 0 para os holandeses, mas Forlán empatou para o Uruguai, que ficou recuado e em um espaço de três minutos, sofreu gols de Sneijder e Robben. Nos acréscimos, Maxi Pereira ainda fez o segundo do Uruguai, mas era o fim do sonhos dos sul-americanos. Na disputa de terceiro lugar, contra a forte seleção da Alemanha, novamente um jogão. Müller fez 1 x 0 para a Alemanha. Cavani empatou para o Uruguai, que virou com Forlán. Contudo, Jansen e Khedira marcaram mais dois para a Alemanha no fim, deixando os europeus com o terceiro lugar.
Após a Copa, o Uruguai fez mais quatro amistosos. Contra Angola, Indonésia e China, três vitórias, incluindo goleadas contra Indonésia e China. No último jogo do ano, derrota para o Chile por 2 x 0.
No ano seguinte, com essa base, o Uruguai venceu a Copa América, na Argentina, derrubando o time da casa nas quartas, conquistando o torneio 16 anos após o último triunfo no torneio.