Time quase virou a maior zebra da história do torneio
Poderia ser uma das maiores zebras da história da Copa Libertadores. Um time do interior de São Paulo, mesmo que da Grande São Paulo, chegava à final do torneio mais desejado pelos clubes brasileiros nos últimos tempo e por pouco, muito pouco, não conquistou.
O time já participara da Libertadores pela primeira vez em 2001, após o surpreendente vice-campeonato brasileiro de 2000. Contudo, em 2001, o clube repetiu o vice-campeonato brasileiro e voltou à Libertadores. Em 2001, foi eliminado pelo Palmeiras nos pênaltis, nas oitavas de final. Em 2002, a história seria outra.
Comandando ainda por Jair Picerni, o time ainda tinha Sílvio Luiz no gol, segurando tudo atrás. Russo era o lateral direito, enquanto Rubens Cardoso, inteligente e rápido lateral jogava pela esquerda. O miolo de zaga jogava junto há algum tempo e dava segurança, com Dininho e Daniel. O volante era talvez o principal jogador do time. Marcos Senna, que depois iria para a Europa, viraria espanhol e campeão da Eurocopa, organizada o time vindo de trás. Adãozinho era seu companheiro na volância. Na meia, o craque era Arílson, o camisa dez daquele time, baixinho e rápido. Eu seu lado jogava Robert, que experiente meia que seria campeão com o Santos no segundo semestre. Por fim, o ataque tinha Aílton e o matador e goleador Brandão, com Somália dando opção também como centroavante.
Naquele ano de 2002, os estaduais foram deixados de lado e o Rio-São Paulo ganhou uma versão estendida. E o São Caetano foi a surpresa do torneio. Mesmo com os quatro grandes de São Paulo e do Rio de Janeiro jogando, o time se classificou com o quarto lugar, um ponto à frente de Fluminense e Vasco. E a vaga veio na última rodada, com vitória de 2 x 1 sobre o Fluminense, em São Caetano, com um gol de Marcos Senna aos 45 do segundo tempo. A vitória foi de virada e o Azulão ainda contou com derrota do Vasco para o Corinthians por 0 x 1.
Na semifinal, encarou o Corinthians. Empatou por 1 x 1 em casa, mas acabou sendo eliminado com derrota de 3 x 1 no segundo jogo. Anaílson fez 1 x 0 no jogo da ida, mas logo Ricardinho empatou. No jogo de volta, Brandão fez 1 x 0 para o Azulão, mas o Corinthians virou com gols de Leandro (2) e Rogério.
Por estar na Libertadores, o time não jogou a Copa do Brasil. No Brasileiro, no segundo semestre, o time foi o segundo colocado na primeira fase, novamente com uma campanha incrível. Nas quartas, no entanto, contra o Fluminense, uma derrota por 3 x 0 (todos os gols após os 30 do segundo tempo) no Maracanã tirou o sonho da equipe, que ainda venceu por 2 x 0 no Anacleto Campanella, mas acabou eliminado. Naquele segundo semestre o time já estava reforçado com Claudecir e Magrão, além do retorno do atacante Adhemar e a chegada do bom Marco Aurélio. Em contrapartida, Marcos Senna já havia deixado o time.
Na Libertadores, que foi onde o time surpreendeu, o Azulão caiu em um grupo duro para uma equipe com apenas uma Libertadores no currículo. Cobreloa-CHI, Cerro Porteño-PAR e Alianza Lima-PER eram os rivais. E o time brasileiro começou com derrota por 2 x 1 no Chile, para o Cobreloa. Em casa, no entanto, compensou com vitória de 4 x 0 diante do Alianza Lima, com dois de Brandão. Na rodada seguinte, no Paraguai, vitória de 3 x 1 sobre o Cerro Porteño, na Ciudad de Leste. Em casa, contra o Cobreloa, vitória por 3 x 0. No Peru, contra o Alianza Lima, vitória por 3 x 0 e vaga garantida, quase com o primeiro lugar. Em casa, contra o Cerro na última rodada, a derrota por 1 x 0 deixou ainda o time com o primeiro lugar da chave, com vitórias convincentes e com Brandão marcando muitos gols.
Nas oitavas de final, no Chile, contra a Universidad de Chile, empate em 1 x 1. Anaílson fez 1 x 0 para o Azulão, que sofreu o empate. Em casa, Brandão fez 1 x 0, mas o time chileno novamente empatou. Nos pênaltis, o São Caetano passou com vitória por 4 x 2. Os pênaltis marcariam a caminhada do clube no torneio.
Nas quartas de final o rival era o campeoníssimo Peñarol, do Uruguai. Derrota por 1 x 0 em Montevidéu. Em São Caetano do Sul, o Peñarol fez 1 x 0, mas Jean Carlos e Somália viraram para o time brasileiro. Nos pênaltis, apenas Adãozinho perdeu e o São Caetano passou com triunfo por 3 x 1.
Com isso, o time chegava à semifinal contra o bom América-MEX. Em casa, a vitória por 2 x 0, com gols de Somália e Adãozinho (de pênalti) davam ao time tranquilidade para ir ao México buscar uma vaga na final. E no Azteca, Aílton fez 1 x 0 para o Azulão, que sofreu o empate no começo da segunda etapa, mas foi só.
A final seria contra o Olimpia, do Paraguai, que passara pelo Grêmio na semifinal. E a surpresa aconteceu logo no jogo de ida. No Defensores del Chaco, o Olimpia perdeu por 1 x 0, com gol de Aílton no começo da segunda etapa.
A decisão seria no Pacaembu, pois o Anacleto Campanella não teria capacidade suficiente para aguentar o jogo. Aílton, novamente ele, fez 1 x 0 para o São Caetano na primeira etapa. Mas Córdoba e o bom Báez, viraram para o Olimpia na segunda etapa.
Com isso, o jogo foi para os pênaltis. Adãozinho fez 1 x 0 para os brasileiros. Enciso empatou para o Olimpia. Marcos Senna fez 2 x 1 São Caetano. O craque do time, Órteman empatou. Marlon perdeu o terceiro do São Caetano. Hernán López marcou. O zagueiro Serginho perdeu o quarto do Azulão, e Mauro Caballero fez o gol do título paraguaio, o terceiro do clube.
O sonho acabou, mas o time do São Caetano seguiu fazendo boas campanhas até 2004.