Tem favorito? Como chegam Palmeiras e Atlético para a semi da Libertadores
Confronto brasileiro na competição continental opõe duas equipes badaladas e em fases distintas; atual campeão prefere a condição de ‘azarão’
Três dos quatro semifinalista da Copa Libertadores de 2021 são brasileiros, um recorde na história. O atual campeão Palmeiras e o líder do Brasileirão, Atlético Mineiro, fazem um badalado duelo nacional que definirá o adversário de Flamengo ou Barcelona do Equador na grande decisão de 27 de novembro, em Montevidéu, no Uruguai. O primeiro jogo acontece nesta terça-feira, 21, no Allianz Parque, em São Paulo, e é cercado de atrativos.
As duas equipes contam com elencos fortes e experientes. O momento atual parece indicar ligeira vantagem ao Atlético, líder do Campeonato Brasileiro com 45 pontos, sete a mais que o segundo colocado, o próprio Palmeiras, vivo na semifinal da Copa do Brasil, e embalado após eliminar dois dos mais poderosos times do continente, o Boca Juniors e o River Plate.
Assine a revista digital no app por apenas R$ 8,90/mês
O Palmeiras, no entanto, é uma equipe “copeira”, acostumada a decisões e com um trabalho relativamente longo à beira do campo do técnico Abel Ferreira. Além disso, o time paulista também carrega o retrospecto recente em mata-matas como um ponto favorável.
Boa fase é ponto para Galo
Sem perder há 10 jogos, o Atlético Mineiro vem recebendo elogios pelo futebol apresentado, com destaque para o atacante Hulk, que marcou cinco gols e deu duas assistências nessa sequência positiva atleticana. Na Libertadores, o camisa 7 já marcou sete gols em dez jogos. Os argentinos Nacho Fernández e Matías Zaracho e o lateral Guilherme Arana são outros destaques acostumados a decisões. No comando do time mineiro, está o treinador Cuca, que além da história vitoriosa no Galo (comandou o time no inédito título da Libertadores de 2013), tem passado feliz no alviverde paulista (foi campeão brasileiro em 2016) e chegou à última final continental pelo Santos. Na ocasião, foi derrotado no Maracanã justamente pelo Palmeiras, que manteve a base campeã.
O Palmeiras, atualmente, vive instabilidades, apesar de ser o vice-líder do Campeonato Brasileiro e ter um elenco que se conhece há mais tempo. Em um recorte de 10 partidas, o time de Abel Ferreira venceu quatro delas, perdeu a mesma quantidade e empatou as outras duas. Por outro lado, o clube da capital paulista perdeu apenas um dos dez jogos disputados nesta Libertadores, diante do Defensa y Justicia, por 4 a 3, em casa. O time tem um trunfo importante: o retorno do ídolo Dudu, que já decidiu o duelo das quartas de final com um belo gol diante do São Paulo. Rony, com seis gols na competição, e Raphael Veiga, com quatro, são outras esperanças alviverdes. Luiz Adriano vive má fase, mas é um jogador experiente e tem a confiança de Abel Ferreira.
O confronto da próxima terça-feira será o primeiro entre as equipes pela Copa Libertadores. Contudo, em competições internacionais, as equipes já se encararam quatro vezes e a vantagem é palmeirense, com três vitórias e um empate. Pela Copa Mercosul de 2000, o Palmeiras bateu o Atlético nas semifinais, com um 4 a 1 em casa e um 2 a 0 na volta, para carimbar a classificação. Dez anos depois, pelas quartas de final da Sul-Americana, o alviverde também levou a melhor, após empatar em Minas Gerais e vencer em São Paulo.
Vaga na decisão é dinheiro no caixa
Ter um elenco recheado e badalado custa caro e, portanto, as premiações dos campeonatos são fundamentais para manter o equilíbrio financeiro. Apesar de bons investidores em patrocínios, Palmeiras e Atlético Mineiro contam com a compensação financeira de um avanço à final da Libertadores para engordar as contas. Até agora, os clubes já embolsaram 40 milhões de reais por chegarem à semifinal do campeonato e uma vaga na decisão garante ao menos mais 31 milhões de reais.
“Falem mais”
Em fase mais positiva e com um elenco forte, o Atlético Mineiro foi colocado como favorito por boa parte dos analistas e torcedores. Abel Ferreira demonstrou irritação com as suposições de uma final entre Atlético e Flamengo e decidiu usar o assunto para motivar sua equipe. “É o favorito, já os dão na final contra outro adversário. Nós vamos competir, é o que nós fazemos. Vamos procurar analisar o nosso adversário, é um jogo de ida e volta. Vamos ser humildes, colocar em prática toda a nossa capacidade e força coletiva. Usar nossa estratégia, nossa força mental, nossa técnica e competir”.
Repetindo uma estratégia bastante conhecida no futebol, em qualquer parte do mundo, o português tirou o peso publicamente do seu time e quer ter ao seu lado uma possível manchete de ‘surpresa’. Além disso, o treinador fez questão de colocar no pré-jogo os gastos grandes do Atlético Mineiro em contratações. “Acho que ninguém tem dúvida de que o nosso adversário é favorito, por tudo. Pelo o que investiu, pelo o que gastou, por continuar a gastar. Nós vamos com nossa humildade e com o feijão com arroz.”. O jogo de volta acontece no dia 28, no Mineirão.