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Suárez: quatro anos de espera para ir à desforra

Atacante pretende mostrar ao mundo o que poderia ter feito em 2014, quando foi punido pela famosa mordida

Os argentinos ainda se perguntam como teria sido a Copa de 1994 se Maradona não fosse suspenso por doping após brilhar em dois jogos. Os franceses, se sua seleção teria outro destino na final contra a Itália, em 2006, não ocorresse o destempero de Zidane, expulso a dez minutos do fim da prorrogação. Guardadas as proporções, vale a mesma interrogação para os uruguaios: teriam chegado mais longe se Luis Suárez não tivesse mordido o italiano Chiellini? Era a terceira partida pelo grupo C do mundial de 2014, vencida por 1 a 0 pelo Uruguai, que valeu vaga nas oitavas. O árbitro não viu a agressão, mas o Comitê Disciplinar da Fifa recorreu ao vídeo para impor dura pena de nove partidas oficiais por seu país mais quatro meses longe do futebol profissional.

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Suárez considera ter sido uma pena exagerada, que abateu a todos — sem ele, a “celeste olímpica” foi derrotada pela Colômbia por 2 a 0 e voltou cedo para casa, numa campanha bem inferior ao quarto lugar conquistado em 2010. “A equipe, a comissão técnica e o povo que torcia por nós devem ter sentido essa dor e isso nos prejudicou”, disse à rádio uruguaia Rincón, no início de maio. Doeu muito porque ele fizera enorme sacrifício para estar naquela Copa, após passar por uma artroscopia no joelho esquerdo a menos de um mês do início da competição. Na mesma entrevista, afirmou ser um desafio pessoal contribuir mais na Rússia. Desforra, mesmo.

Pesou contra o uruguaio a reincidência. Em 2010, quando jogava no Ajax, da Holanda, mordeu o meia Bakkal, do PSV (sete jogos de gancho). Três anos depois, na Inglaterra, a dentada foi no sérvio Ivanovic, então no Chelsea, quando defendia o Liverpool (suspenso por dez partidas). Outro gesto controverso entrou para os grandes momentos das Copas. Em 2010, ajudou a classificar o Uruguai à semifinal ao evitar com as mãos um gol de Gana. Expulso, viu por um monitor, a caminho do vestiário, o erro do pênalti. Vibrou pelo “crime” compensado. Entre aspas, porque explorou a seu favor uma infração à regra do jogo.

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Vilanizado em 2014, o atacante chegou a temer pela desistência do Barcelona em contratá-lo. O clube espanhol manteve a negociação, pagando 81 milhões de euros ao Liverpool, da Inglaterra, e não se arrepende. Em quatro temporadas, Suárez já ultrapassou a marca de 150 gols e foi expulso uma única vez em 195 jogos. O entrosamento com Lionel Messi, alheio à rivalidade entre Uruguai e Argentina, extrapola as tabelas em campo. Fora dele, compartilham goles de mate e momentos em família. “É difícil conseguir um amigo no futebol, ainda mais em sua posição, onde há muito egoísmo.”

Jogar ao lado de Messi — e de Neymar, por três temporadas — fez de Suárez muito mais do que um definidor de jogadas. Ao lado de colegas com tanto apetite pelo gol, tornou-se também um “preparador”.  Na temporada 2017/2018, foram dezesseis passes decisivos (até 6 de maio), enquanto Messi distribuiu dezoito assistências. Veloz, o uruguaio abandona a área, cai pelos lados do campo e está sempre atento à movimentação do argentino.

Outra parceria que muito se especulou ser conturbada vai muito bem. Se Edinson Cavani se estranhou com Neymar na França, no Paris Saint-Germain, com Suárez forma uma dupla que nenhum outro país iguala. São praticamente obra do destino. Nasceram na mesma cidade, a pequena Salto, distante quinhentos quilômetros da capital Montevidéu, num intervalo inferior a um mês. Luisito é de 24 de janeiro de 1987; o pequeno Edinson veio ao mundo em 14 de fevereiro. Com estilo de jogo parecido, dividem democraticamente o setor ofensivo em bom arranjo tático do técnico Óscar Tabárez. Somam 92 gols pela seleção uruguaia. Juntos, comemoraram a Copa América de 2011 e vão para seu terceiro mundial — com chances reais de ao menos voltarem a uma semifinal.

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