Semenya segue os passos de Bolt e trocará atletismo por futebol
Proibida pela Iaaf de competir devido a uma nova regulamentação para atletas com hiperandrogenismo, a bicampeã olímpica decidiu mudar de esporte
A velocista sul-africana Caster Semenya, que não poderá defender seu título mundial dos 800 metros no Mundial de atletismo de Doha devido ao novo regulamento para atletas com hiperandrogenismo, decidiu mudar de carreira e apostar no futebol. A bicampeã olímpica segue assim os passos do jamaicano Usain Bolt, que também decidiu tentar trocar as pistas pelos gramados – sem grande sucesso.
Semenya, de 28 anos, treina atualmente com o JVW, um clube de Joanesburgo que disputa o campeonato feminino da África do Sul. Ela, porém, só poderá jogar no ano que vem, já que o prazo de inscrição de atletas para esta temporada terminou. “Estou concentrada nesta nova viagem. Valorizo o amor e o apoio que recebi da equipe”, declarou Semenya ao site do clube.
A decisão de trocar o atletismo pelo futebol é motivada pelo fato de Semenya se negar a tomar um medicamento para diminuir seu nível de testosterona, como determina o novo regulamento aprovado pela Federação Internacional (Iaaf) para os casos de atletas com hiperandrogenismo que competem em provas de distâncias acima dos 400 metros.
O regulamento entrou em vigor em 8 de maio, mas logo foi suspenso temporariamente, até que em final de julho um tribunal suíço revogou a medida, fechando as portas do Mundial de atletismo para Semenya. A atleta segue brigando legalmente e apresentou recurso na justiça suíça.
A Iaaf defende seu regulamento, alegando que um nível de testosterona elevado oferece às atletas uma vantagem indevida no atletismo feminino. Semenya acredita em seu direito de competir em competições de acordo com seu gênero declarado em registro civil sem a obrigação de tomar medicação.
Longa polêmica – Semenya ganhou destaque em 2009 ao conquistar o título mundial dos 800 m rasos, em Berlim. A melhora incrível de seus resultados levantou suspeitas de doping e dúvidas sobre seu gênero. A sul-africana foi submetida a controversos e invasivos testes para provar que é mulher, dando início a uma disputa ética e judicial com a federação de atletismo.
Descobriu-se que Semenya tem uma disfunção chamada hiperandrogenismo, distúrbio endócrino que a faz produzir mais testosterona que o normal nas mulheres. A IAAF chegou a proibi-la de competir, mas após diversos exames (que nunca tiveram os resultados divulgados) foi liberada para competir normalmente, até a recente decisão do CAS.
(com agência AFP)