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Seis anos depois do acidente, o que se sabe sobre Michael Schumacher

O ano de 2019 registrou novidades sobre o tratamento e raras declarações da esposa do ex-piloto alemão

Há exatos seis anos, em 29 de dezembro de 2013, Michael Schumacher, o maior vencedor da história da Fórmula 1, sofreu uma grave lesão cerebral ao bater a cabeça contra uma pedra enquanto esquiava em Méribel, nos Alpes Franceses. Desde então, o estado de saúde do ex-piloto alemão de 50 anos é um segredo que os familiares se esforçam para manter – o que também abre margem para especulações (e, claro, notícias falsas). Ao contrário de anos anteriores, no entanto, 2019 foi marcado por alguns vazamentos e até declarações oficiais.

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Após o acidente, Schumacher passou seis meses internado em Grenoble (França) e, depois de sair do estado de coma, passou três meses na cidade suíça de Lausanne, até ir para sua casa, em Gland, na Suíça, 2014. No início deste mês, sua esposa, Corinna Schumacher, deu a entender que houve alguma melhora nas reações de Schumacher.

“Grandes coisas começam com pequenos passos. Muitas partículas pequenas podem formar um enorme mosaico. Juntos, vocês são mais fortes, e é exatamente assim que as forças combinadas do movimento KeepFighting facilitam o incentivo a outras pessoas”, afirmou, citando um projeto em apoio ao ex-piloto.

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Em outra rara entrevista, à revista She, Corinna agradeceu pelas mensagens de apoio e disse seguir o desejo do marido de manter as informações em sigilo. “Michael fez tudo por mim. Ele está nas melhores mãos possíveis, e estamos fazendo tudo para ajuda-lo”, completou.

O alemão Willi Weber, ex-empresário de Schumacher, rebateu as declarações da esposa do ex-piloto, dizendo que é de Corinna a vontade de não tornar público o real estado de saúde de seu marido. “Sei que Michael foi gravemente ferido, mas infelizmente não sei qual o progresso de sua reabilitação. Gostaria de saber como ele está, apertar suas mãos e acariciar seu rosto, mas a Corinna rejeita essa hipótese. Ela provavelmente teme que eu saiba o que está acontecendo e torne pública a verdade”, disse o empresário, em entrevista ao jornal alemão Express.de.

Misteriosa ida a Paris

Em setembro, uma suposta reaparição de Schumacher ganhou destaque internacional – e foi logo perdendo força. O heptacampeão mundial foi internado no hospital Georges-Pompidou, em Paris, para realizar “um tratamento no mais alto sigilo”, informou com exclusividade o jornal francês Le Parisien na ocasião. Mas apesar do enorme interesse internacional, a história foi perdendo força ao longo dos dias até ser totalmente ignorada pela imprensa local.

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Concorrentes do Parisien, como o Le Monde e o Le Figaro nem sequer noticiaram a internação. O esportivo L’Équipe repercutiu o caso, mas não trouxe qualquer novidade, enquanto o fôlego da cobertura do Parisien foi diminuindo. A princípio, o jornal noticiou que Schumacher foi admitido na unidade de supervisão contínua do serviço de cirurgia cardiovascular do professor Philippe Menasché, “pioneiro em terapia celular para tratar insuficiência cardíaca”.

Ainda de acordo com o jornal, Schumacher recebeu “injeções de células-tronco que são transmitidas no organismo no objetivo de realizar uma ação anti-inflamatória sistêmica, ou seja, em todo o organismo”. O Parisien não teve acesso a nenhuma foto do ex-piloto de 50 anos, cujo real estado de saúde é um mistério absoluto. Divulgou apenas uma foto de uma ambulância amarela que teria levado Schumacher ao hospital.

Os detalhes iniciais mais relevantes narraram sua passagem pelos corredores do hospital. “A maca do paciente foi coberta por um pano azul marinho, que escureceu completamente seu corpo e rosto. Um importante dispositivo de segurança composto por cerca de dez pessoas acompanhou o andamento da maca.” Procurado pelo jornal, o hospital “nem confirmou, nem negou” a informação, que é protegida pela confidencialidade entre paciente e médico. A família e o staff do ex-piloto, como de costume, mantiveram silêncio.

Jean Todt, ex-chefe de Schumachaer na Ferrari, apareceu para visitar o amigo por cerca de 45 minutos. Os ex-pilotos franceses Alain Prost e Jean Alesi também foram vistos no hospital, assim como Mick Schumacher, o filho de Michael que tenta seguir os passos do pai no automobilismo. Nenhum deles falou com a imprensa, nem foi fotografado.

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No mesmo texto, o jornal citou uma suposta fala de uma enfermeira não identificada. “Sim, ele está no meu serviço e posso garantir que está consciente”, afirmou a mulher, segundo o jornal, que estranhamente deu pouquíssimo destaque para a declaração exclusiva –  ao contrário de algumas publicações estrangeiras, especialmente britânicas e italianas, que repercutiram a fala e alimentaram uma esperança (ainda sem base factual) de que Schumacher possa estar curado.

Quase seis anos de especulações e fake news

A ausência de fatos concretos sobre o real estado de saúde de Schumacher naturalmente abriu espaço para diversos rumores – alguns certamente falsos. Em agosto do ano passado, a revista suíça L’Illustré cravou que a família se mudaria para a ilha de Maiorca, na Espanha, informação negada pela assessora do alemão, Sabine Khen, e também pela prefeita do município espanhol. Dias depois, a revista francesa Paris Match divulgou que a suposta propriedade comprada pela família de Schumacher, na aldeia de Andraxt, em Maiorca, foi adquirida para ajudar na recuperação do alemão e que, segundo familiares próximos, o ex-piloto chora ao ver as belezas naturais do local, em sua cadeira de rodas. As informações também foram negadas com veemência.

Michael Schumacher jamais foi fotografado desde o acidente em 29 de dezembro de 2013, em Méribel, nos Alpes Franceses. E, segundo a família, deixou o coma induzido há quase cinco anos, seis meses depois de sua internação.

Ironicamente, a notícia mais concreta sobre Schumacher foi dada em 2017, em resposta justamente a uma fake news. Um tribunal alemão condenou a revista alemã Bunte por ter publicado uma notícia falsa e “irresponsável” de que Schumacher teria “voltado a caminhar”, no que chamou de “milagre de Natal”. “Schumacher não pode andar hoje e é improvável que tenha conseguido na época”, informou o tribunal, que obrigou a publicação a pagar uma indenização de 50.000 euros (cerca de 168.000 reais) à família de Schumacher.

Amigos dão pistas

Ao longo dos últimos seis anos, pessoas próximas à família deram algumas declarações sobre o ídolo mundial. Em 2018, o arcebispo alemão Georg Gänswein relatou, também à revista alemã Bunte, uma visita ao heptacampeão, em 2016. Segundo ele, Schumacher “consegue sentir as pessoas ao redor dele”.

“Sentei na frente dele, segurei as duas mãos e olhei para ele. Seu rosto é, como todos sabemos, o típico rosto de Michael Schumacher, só está um pouco mais cheio. Ele sente que pessoas amorosas estão ao seu redor, cuidando dele e, graças a Deus, afastando o público curioso demais. Uma pessoa doente precisa de discrição e compreensão.”, contou Gänswein.

No mesmo ano, o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean Todt, uma das poucas pessoas que tem acesso ao velho amigo, se recusou a comentar sobre seu estado de saúde. “É momento de deixar o Schumacher viver sua vida em paz”, respondeu Todt ao jornal argentino La Nación, sem dar maiores detalhes. Em 2017, o brasileiro Felipe Massa também disse ter visitado o ex-companheiro de Ferrari.

Algumas pessoas enviaram mensagens de esperança, como a empresária e porta-voz oficial, Sabine Kehm. “O que aconteceu com ele é algo que, infelizmente, não podemos mudar. Só nos resta ter paciência e manter a esperança de que um dia ele estará de volta entre nós”, disse Kehm, em mostra dedicada ao heptacampeão mundial, em fevereiro de 2016.

Outros foram mais pessimistas, como ex-presidente da Ferrari e amigo de Schumacher, Luca di Montezemolo. “Infelizmente, as notícias não são boas. A vida é mesmo muito estranha. Ele foi o piloto mais vencedor na Ferrari e teve apenas um acidente grave na carreira, em 1999, que foi culpa nossa e não dele. Infelizmente, um acidente de esqui arruinou sua vida”, disse Montezemolo, em tom emocionado, segundo os jornais italianos, em 2016. 

 

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