Santos fala em ‘populismo’ de Sampaoli; técnico nega ter pedido demissão
Clube diz que treinador argentino entregou o cargo durante reunião e exige pagamento de multa. Treinador está no Rio e negocia com o Palmeiras
O presidente José Carlos Peres e o técnico Jorge Sampaoli escancararam na noite da última terça-feira 10 a má relação existente há meses no Santos. O clube, por meio de nota oficial, relatou um pedido de demissão do argentino durante a reunião da manhã anterior, no CT Rei Pelé, e agradeceu pelos serviços prestados durante 2019. Sampaoli, em contrapartida, nega ter solicitado a saída. Ele está no Rio de Janeiro e negocia com o Palmeiras.
Fonte ligada ao técnico e ouvida por VEJA garante que o treinador não pediu demissão e que esta seria uma “manobra” do Santos para pressioná-lo a pagar a multa. Confirma ainda que o treinador está no Rio de Janeiro, de férias, e viajará à Argentina para as festas de fim de ano e não vê pressa no treinador para selar um novo acordo. Palmeiras e Racing são os principais interessados no ex-treinador da seleção argentina.
Ao site Gazeta Esportiva, o advogado de Sampaoli reforça que o cliente não entregou o cargo e alega que não há documentos para provar o teor da nota publicada pelo Santos. O clube praiano entregou o caso ao departamento jurídico e exige o pagamento de multas rescisórias, tanto de 10 milhões de reais de Sampaoli pelo vínculo até dezembro de 2020, quanto de 3 milhões de reais de sua comissão técnica pelas normas da CLT. Como refuta ter pedido demissão, Sampaoli não pretende desembolsar valor algum por sua liberação.
‘Populismo’ x ‘mentiras’
À Gazeta Esportiva, membros da diretoria santista usam o termo “populismo” para comentar atitudes recentes de Jorge Sampaoli. O Santos vê o treinador em tentativas constantes de ter a opinião pública favorável para sair do clube sem maior desgaste. O clube diz ter sido praticamente ameaçado por Sampaoli nesta reunião. Ele teria dito não ver sentido na conversa se não há investimento previsto, pedido para sair e sinalizado falar sobre erros da gestão no caso da não liberação dele e de sua comissão técnica.
Integrantes da cúpula santista também destacam uma suposta “ingratidão” de Jorge Sampaoli depois de voltar a ser reconhecido como bom técnico na Vila Belmiro e não ter estado em xeque mesmo com três eliminações no ano: para River Plate na Sul-Americana, Corinthians no Campeonato Paulista e Atlético-MG na Copa do Brasil. Outro fator é ter investido quase 80 milhões de reais em reforços e ter trazido gente de sua confiança e sem experiência suficiente no mercado.
Jorge Sampaoli, por sua vez, admite ter se exaltado durante a reunião com o presidente José Carlos Peres e falado em “falta de sentido” diante do corte de custos para 2020. Ele, no entanto, nega ter pedido demissão. Sampaoli não confia em Peres e queria 100 milhões documentados para reforços, além da manutenção dos principais jogadores do atual elenco.
O argentino alega promessas não cumpridas desde a sua contratação, distância entre o futebol e a administração e lamenta a saída de Paulo Autuori da superintendência, uma espécie de remédio diante dessa turbulência. Na opinião de Sampaoli, Peres e demais membros do clube tentam desmoralizar os feitos desta temporada, quando o treinador virou uma espécie de ídolo.
(com Gazeta Press)