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SAF do Galo: entenda a proposta que movimenta os bastidores do Atlético

Conselho Deliberativo vota aprovação da transformação do clube em SAF, nesta quinta-feira, 20, e torcida se divide; entenda o contexto

O Conselho Deliberativo do Atlético Mineiro vota a proposta da transformação do clube em SAF (Sociedade Anônima do Futebol), a partir desta quinta-feira, 20. O assunto movimenta intensamente os bastidores da equipe e conta com correntes favoráveis e contrárias à ideia que deseja fazer o Galo ser administrado como empresa.

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O momento é tratado como um dos mais importantes da história atleticana. A dívida do clube está na casa do 1,8 bilhão de reais e aumentou de maneira radical nos últimos anos, o que fez a SAF se tornar uma saída estratégica. Porém, a condução da situação divide opiniões entre a torcida do Galo.

O contexto e a proposta

O presidente Sérgio Coelho enviou aos conselheiros um material que contém a proposta da “SAF do Galo”. Com o documento, o grupo favorável à aprovação do modelo busca explicar o quadro que entrará em votação nesta quinta-feira, 20, e chega ao fim na sexta-feira, 21.

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Inicialmente, a proposta é explicada citando a assessoria de três empresas: EY, do ramo de auditorias, BTG, um banco de investimentos que também tem empréstimos ao clube, e Azevedo Sette, escritório de advocacia.

O documento, divulgado inicialmente pelo site ‘ge’, cita que mais de 100 investidores anteriormente foram buscados, mas a ideia final foi buscar uma SAF composta por torcedores do Atlético Mineiro. Entre esses atleticanos, o maior destaque – e influência – é dos chamados “4R’s” (Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador).

Mecenas e participantes ativos da gestão do clube e, os empresários emprestam dinheiro para o Galo desde 2019, em ideia iniciada em 2018. Fortes politicamente dentro do clube, passaram a ter voz em decisões esportivas e financeiras.

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Atualmente, o conselho deliberativo é presidido por Ricardo Guimarães, dono do Banco BMG, e o vice é Renato Salvador, proprietário do Hospital Mater Dei. A família Menin, que é dona da construtora MRV, do Banco Inter e dos meios de comunicação CNN e Itatiaia, ainda tem forte peso nos bastidores.

Dentro do período em que os 4R’s estão ativos em decisões do Galo, a dívida saltou de 830 milhões para 1,8 bilhão de reais. Dentro desse período, o Atlético também teve altas na arrecadação, mas sem suprir os débitos. Em meio a isso, nem mesmo a venda do shopping Diamond Mall e as premiações por sucesso esportivo (em 2021, especialmente) foram capazes de ajudar a situação a ser revertida.

A dívida de 1,8 bilhão é composta por 600 milhões de créditos a pagar para bancos, 300 milhões para o Profut, 300 milhões para os 4R’s e 160 milhões de dívidas trabalhistas e acordos, além de 440 milhões de um financiamento para construir a Arena MRV. Os números foram confirmados por Bruno Muzzi, CEO do Galo.

Com esses números, a ideia da SAF cresceu nos bastidores e está sendo encabeçada por nomes que também foram influentes no crescimento do endividamento. Nos moldes propostos, o valor do Atlético chega a 2,1 bilhões e, caso o plano seja aprovado, 75% do clube pertencerá à Galo Holding (nome dado a uma união entre os 4R’s e dois fundos de investimento) e 25% seguirá com associação.

Nessa divisão, há a previsão de um aporte de 913 milhões de reais por parte do lado majoritário, a Galo Holding. Segundo os documentos, esse grupo será composto em 78% dos 4R’s e em 11% de cada fundo, que devem ser compostos por outros empresários, muitos deles torcedores do Atlético.

Os interessados apresentam o projeto prometendo que a dívida será assumida em sua totalidade pelos investidores da SAF. Por isso, 313 dos 913 milhões serão de conversão de dívidas e “parte significativa” dos outros 600 milhões também será utilizado no pagamento. Sem previsão de recuperação judicial, o modelo também não cita detalhadamente o investimento no futebol.

Dentro de todo o patrimônio do clube, os documentos preveem que a Galo Holding conte com dois grandes ativos: o estádio e o centro de treinamento Cidade do Galo. Outros três imóveis (Sede de Lourdes, Labareda e Vila Olímpica) seguiriam sob posse da associação.

Para que a proposta seja aprovada, 273 dos 409 conselheiros ativos precisam votar “sim”. Caso isso ocorra, em agosto os documentos devem ser confeccionados e o processo passará por órgãos regulatórios. O aporte, assim, aconteceria entre o fim de setembro e o início de outubro.

Até o momento, o acordo de acionistas, documento que detalha os direitos e poderes de cada investidor da SAF, não foi enviado para os conselheiros. A votação tem início na próxima quinta-feira, 20, às 8h (de Brasília).

Movimentos contrários

Contestando a falta de transparência na elaboração do valor, detalhes dos investimentos no futebol e os interesses dos membros (4R’s, especialmente), muitos atleticanos pedem o adiamento da assembleia. Mais recente, com peso nas redes sociais e protestando com faixas estendidas em Belo Horizonte, o Manifesto da Massa levantou pautas.

Assinado por 21 pessoas e apoiado pelas torcidas organizadas GDR e Galo Antifa, o material pede suspensão do processo, criação de uma comissão neutra, afastamento dos investidores, reforma do estatuto e outros pontos. O grupo utilizou como um dos slogans as frases “SAF sim, SAFadeza não”.

Além disso, um protesto está marcado para iniciar na noite desta quarta-feira, 19, em frente à Sede de Lourdes. O conselheiro benemérito Paulo Nehmy entrou com uma ação na justiça para a suspensão da votação da SAF.

Movimentos favoráveis

Entre influenciadores e torcedores, também existe um movimento a favor da aprovação deste modelo de SAF. No atual momento, o apoio formalizado de maior impacto foi do economista e matemático Diógenes Nunes.

Pela carta “Movimento Pró-SAF”, o professor classifica a proposta como revolucionária. Ao defender a aprovação, Nunes fala sobre a abertura do capital, considerando o gasto em novos atletas e maior competitividade da equipe.

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