Rio-2016: sujeira da Baía de Guanabara preocupa biólogo em primeiro evento-teste
O Aquece Rio International acontecerá entre 2 e 9 de agosto na Marina da Glória
O Aquece Rio International, primeiro evento-teste para as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, acontecerá, no próximo final de semana, na Marina da Glória, porto náutico banhado pelas águas da Baía de Guanabara. E, se por um lado o Comitê Rio assegura que os 320 velejadores de 34 países encontrarão condições adequadas para a disputa por medalhas, do outro Mário Moscatelli, biólogo que há mais de duas décadas luta contra a degradação da baía alerta: “Nós vamos passar muita vergonha”.
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Moscatelli é um dos mais respeitados estudiosos da Baía de Guanabara. Na última sexta-feira, em meio a um forte odor de gases sulfídrico e metano nas margens do Canal do Cunha, na Ilha do Governador, ele avaliou a condição das águas que esperam os velejadores que estarão no local para a disputa olímpica. “Dos 55 rios que desaguam na baía, 50 são esgotos a céu aberto. Isso é o microcosmo não apenas da baía, mas do Brasil”, disse, apontando para o lixo que se acumula aos montes nas margens do Canal do Cunha.
O presidente do Comitê Rio, Carlos Arthur Nuzman, foi questionado sobre o tema em evento realizado na cidade, na última quarta, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o qual também preside. Ele disse que não se posicionaria sobre o assunto, mas defendeu o evento-teste brasileiro com críticas aos Jogos Olímpicos de 2008. “Os velejadores já disseram que não há nenhum inconveniente no Rio e que Pequim foi o pior lugar em que estiveram.”
Evento – O Aquece Rio International, primeiro dos dois eventos-teste de vela, será disputado na Marina da Glória, entre 2 e 9 de agosto. Ainda segundo os organizadores, o objetivo principal do evento é avaliar os locais de prova para a Olimpíada. “Nas áreas onde estão as raias, a água está em condições adequadas para banho e competição”, ponderou o Comitê. Segundo a entidade, três embarcações adaptadas para recolher lixo nas águas já estão em ação e o número saltará para 24 nesta segunda.
O Comitê Rio garantiu “condições adequadas” para todos os velejadores que estiverem classificados para a disputa por medalhas na cidade. “A competição não vai expor nenhum atleta a risco de saúde”, afirmou Mario Andrada, diretor de comunicação da entidade. Mas o ambientalista discorda: “Se eu fosse um atleta, não entraria na água sem estar vacinado contra a hepatite A, por exemplo”, alertou Moscatelli.
(Com Estadão Conteúdo)