Retrospectiva 2023: Diniz, Abel e outros treinadores do ano
Os técnicos que foram exemplo de liderança e comando durante a temporada do futebol masculino e feminino, brasileiro e internacional; confira os melhores
(Conteúdo divulgado na PLACAR de dezembro, Melhores e Piores de 2023, já disponível nas bancas e em nossa loja no Mercado Livre)
FERNANDO DINIZ
Em jornada dupla, o ano do dinizismo
Para o bem ou para o mal, nenhum técnico esteve tão na boca do povo quanto Fernando Diniz. Seu jogo autoral, ofensivo e ousado, que há anos divide opiniões, pela primeira vez conseguiu desaguar em resultados expressivos – ao menos no clube. O Fluminense despachou o Flamengo com goleada para ficar com o título estadual e ergueu a inédita Libertadores, sempre com a marca do comandante de 49 anos. Diniz organizou o setor defensivo com André, potencializou o faro de gol de Germán Cano e recuperou o jovem talento John Kennedy. Antes mesmo do título continental, recebeu uma inesperada valorização, a contratação como técnico interino da seleção brasileira. A euforia inicial durou pouco, e o péssimo início nas Eliminatórias (duas vitórias, um empate e três derrotas) engrossaram o coro de “vem, Ancelotti”. A campanha no Brasileirão tampouco empolgou, até porque o Tricolor concentrou forças na Libertadores e depois no Mundial de Clubes. Se o chamado da CBF parece ter sido prematuro, não há dúvidas: o dinizismo subiu de patamar em 2023.
ABEL FERREIRA
Ídolo alviverde voltou a superar adversidades; terá sido o adeus?
Nem foi o ano mais brilhante de Abel Ferreira pelo Palmeiras. O português cometeu erros no percurso, como a demora para fixar Endrick como titular, e chegou a reclamar do excesso de “cornetas” nas arquibancadas. Ainda assim, com a cabeça fria – nem sempre, é verdade – e o coração quente, o técnico de 44 anos mostrou, mais uma vez, que sempre tem um plano. Mesmo com um elenco mais enxuto do que alguns concorrentes, o Verdão foi campeão paulista com tranquilidade, chegou às semifinais da Libertadores e, numa histórica arrancada na reta final, papou o bicampeonato consecutivo do Brasileirão. São nove títulos em três anos. Não há no Brasil um trabalho tão sólido quanto o do maior técnico do Verdão em todos os tempos. Mas, para tristeza dos palmeirenses – e alívio dos rivais –, a história pode estar chegando ao fim. Abel tem uma proposta milionária do Al-Sadd, do Catar, e ainda não confirmou oficialmente se fica ou não. Seja como for, está na história.
ARTHUR ELIAS
A coroação final do Rei Arthur
O reinado de Arthur Elias no Corinthians feminino terminou em mais uma temporada histórica. O profissional de 42 anos levou as Brabas do Timão a seu quinto título brasileiro, o quarto consecutivo. A cereja do bolo veio em sua despedida, ao bater o rival Palmeiras na final Libertadores, na Colômbia. O trabalho consistente, praticamente hegemônico, o levou ao destino óbvio: a seleção brasileira, que vai em busca da inédita medalha de ouro na Olimpíada de Paris. De uniforme da CBF, Elias prometeu futebol mais ofensivo em relação à sua antecessora, a sueca Pia Sundhage.
THIAGO CARPINI
Dois vices que valem ouro
Ex-meio-campista com passagens por Ponte Preta e Guarani, Carpini, de 39 anos, já desponta como esperança na nova função. Ele iniciou o ano no Água Santa e conseguiu levar o time de Diadema à final do Paulistão, deixando Bragantino e São Paulo pelo caminho e só parando no Palmeiras. Em maio, assumiu o Juventude na penúltima posição da Série B e conduziu o time ao acesso, com direito a mais um notável segundo lugar na temporada.
PEP GUARDIOLA
Não tem pra ninguém
Não há mais como contestar: o catalão Pep Guardiola está entre os melhores técnicos da história, se não for o número 1, e o desfecho da última temporada serviu para coroar o grande trabalho de sua carreira – mais sólido, longevo e consistente que o do inesquecível Barcelona de Xavi, Iniesta, Messi e companhia. A soberania na Inglaterra já não era novidade (são cinco títulos da Premier em sete temporadas), mas, enfim, 12 anos depois de seu último título na Catalunha, o técnico de 52 anos conseguiu reconquistar a Liga dos Campeões. De quebra, faturou também a Copa da Inglaterra e, portanto, a Tríplice Coroa, igualando o rival Manchester United de 1999. O obcecado Pep ganhou tudo e segue querendo mais, sempre a seu modo: com a bola como principal aliada.