Renascido, Uruguai festeja vitória ‘de cinema’ no Itaquerão
Para técnico da Celeste, o triunfo sobre os ingleses foi cheio de simbolismos: ‘Se este jogo fosse um filme, seu roteiro não poderia ter sido mais adequado’
“Renascemos mais uma vez. É que este grupo tem muito amor próprio e cresce demais nas partidas que precisa ganhar”, disse Tabárez
Era o aniversário de José Gervasio Artigas, o grande herói nacional uruguaio. Em campo, o craque Luís Suárez retornava à equipe apenas quatro semanas depois de sofrer uma intervenção cirúrgica no joelho. Do outro lado do gramado, a Inglaterra, que não era batida pela Celeste há um quarto de século. No retrospecto, um incômodo jejum: a seleção não vencia uma partida contra um oponente europeu em Copas desde o México-1970. E para completar, o jogo era de vida ou morte – em caso de derrota, a equipe que chegou às semifinais do último Mundial poderia ser eliminada logo em sua segunda partida nesta edição do torneio. Como se vê, a vitória do Uruguai na quinta-feira, no Itaquerão, por 2 a 1, com gols de Suárez, representa bem mais que os primeiros três pontos da bicampeã mundial nesta Copa do Mundo.
“Se este jogo fosse um filme, seu roteiro não poderia ter sido mais adequado”, afirmou o técnico Óscar Washington Tabárez depois da partida – que, segundo, ele foi “carregada de simbolismos”. “Fazia tempo demais que não derrotávamos uma seleção europeia. Viemos para o jogo com a atitude correta, fizemos um grande jogo e saímos de campo com uma enorme satisfação. Mas a alegria só vai durar esta noite, pois aí teremos de pensar na Itália”, lembrou o treinador, já ansioso para o duelo que vai definir o destino dos uruguaios. Na véspera da partida – que era decisiva para as duas equipes, derrotadas na estreia -, Tabárez já avisava que os atletas da Celeste tinham experiência de sobra em situações críticas como essa. As duas últimas classificações para a Copa, por exemplo, só vieram na repescagem.
“Renascemos mais uma vez. É que este grupo tem muito amor próprio e cresce demais nas partidas que precisa ganhar.” Esse orgulho e essa garra forma simbolizados pela atuação de Álvaro Pereira, do São Paulo: após ficar desacordado ao levar uma joelhada acidental no rosto, o raçudo lateral brigou com a comissão técnica para não ser substituído. Tabárez admite que a atitude do grupo é um aspecto essencial do sucesso recente da Celeste, mas revelou seu incômodo com quem limita as virtudes da equipe ao espírito de luta. “Seria um pouco injusto com o futebol do Uruguai ficar repetindo que somos apenas um time que não se entrega jamais, e nada mais que isso. Parece até que somos uma seleção que não sabe jogar futebol.” Como Suárez e seu parceiro de ataque Cavani mostraram na quinta, isso está longe de ser verdade.