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Quem é Carter, o advogado que se tornou ‘influencer’ de futebol

Conhecido como ‘Rei das legendas’, brasiliense de 42 anos concilia carreiras e estimula as brincadeiras entre torcedores ‘clubistas’ nas redes sociais

Nem humorista, nem esportista. O brasiliense Carter Batista, um dos mais populares influenciadores digitais de futebol do Brasil é, na verdade, um advogado de 42 anos – que faz questão de conciliar o direito com o sucesso nas redes sociais. É ele a mente por trás do perfil “Esse Dia Foi Louco (EDFL)”, no ar desde 2014 e hoje com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram. Na página de humor, Carter faz uso de sua bagagem cultural e, por vezes, do empolado linguajar “jurisdiquês”, para contar histórias da bola. Tal habilidade lhe valeu a alcunha de “rei das legendas” e fez sua fama se espalhar entre os boleiros, incluindo Cristiano Ronaldo, que curtiu o apelido que recebeu: “robozão”. Na última quinta-feira 9, o nome de Carter chegou ao topo dos trending topics do Brasil, graças a provocações a Lionel Messi e seus fãs, após a eliminação do Barcelona na Supercopa da Espanha.

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Carter cativa e atrai seguidores por suas irreverentes sacadas, que misturam história, literatura, arte, cultura pop, e, claro, futebol, e têm como pilar a provocação. “Amor e o ódio são duas faces da mesma moeda, da paixão que o torcedor tem. A página é para incomodar mesmo”, explica o advogado, que admite estimular o “clubismo”, como é conhecido o ato de defender cegamente o próprio time do coração. Uma das principais vítimas das brincadeiras de Carter é justamente o seu público jovem, os “Enzos” (nome mais registrado nos cartórios brasileiros nos últimos dois anos), como chama as crianças e adolescentes que não acompanharam craques de sua geração, como Maradona, Ronaldo e Romário.

A ideia de se divertir nas redes sociais nasceu de uma dificuldade familiar. “Minha esposa, Andrea, teve complicações durante a gravidez e acabou criando um perfil sobre o assunto. Ela fazia memes e piadas com a condição de grávidas e foi ganhando seguidores. Achei interessante e fiz um para mim também. Passei um mês pensando em um nome que pegasse, até chegar em ‘Esse Dia Foi Louco’, com a ideia de postar fotos emblemáticas para relembrar momentos marcantes do futebol.”

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Pai de dois filhos, Augusto, de quatro anos, e a recém-nascida Catarina, Carter deu início ao seu hobby nas redes sociais em 2014, durante o período pós-Copa do Mundo do Brasil. Na época, a internet fervia com piadas sobre a goleada da Alemanha contra a seleção brasileira por 7 a 1, algo que contribuiu para o crescimento do perfil.

“Divulguei a página para os meus amigos, nunca imaginei a proporção que tomaria. Um belo dia, um cara comentou: ‘Olha, essa página é um lixo’ (risos). Eu dei razão a ele e comecei a fazer textos mais elaborados na legenda, o que se tornou um grande diferencial. As legendas de Game of Thrones, por exemplo, foram um divisor de águas para a página”, relembra. Hoje, Carter tem uma série de patrocinadores e viaja o Brasil e o mundo para alimentar a página, mas não pensa em largar o direito. “Economicamente, eu poderia, mas gosto da minha profissão.” Confira, abaixo, um pouco mais sobre o criador do EDFL:

Fã de Cristiano ‘Robozão’

Carter também costuma escrever crônicas e até contos, como o “Diário de Robozão”, uma homenagem a um de seus ídolos da atualidade, Cristiano Ronaldo. Fotos postadas pelo craque português com seus familiares, em especial com o filho, Cristiano Júnior, o “robozinho”, ganham ares fantasiosos, entre elogios a Cristiano e provocações a Messi (a rivalidade entre os fãs dos melhores jogadores da década é mais um dos combustíveis da página).

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“O Cristiano Ronaldo é um personagem muito mais interessante e midiático do que o Messi. Uma vez, publiquei um vídeo do Cristiano no Manchester United, quando ele jogava nas pontas e tentava dribles. Ele fazia os movimentos, mas não tinha aquele gingado do Ronaldinho Gaúcho, por exemplo. Escrevi que ele parece um robozão e as pessoas adoraram. Tomou uma grande proporção e hoje vemos até narradores chamando ele assim. O próprio Cristiano falou há algum tempo que conhece a expressão. É muito legal saber que o nosso trabalho pode ter esse alcance”.

https://www.instagram.com/p/B6jH-VVhJwe/

O fator ‘clubismo’

Carter é um mestre em alfinetar corações machucados. Vexames ou eliminações jamais são perdoadas, nem mesmo as do clube pelo qual o advogado brasiliense torce (e prefere não revelar). O estímulo ao mais cego e apaixonado “clubismo”, por vezes, esbarra na animosidade dos ‘haters’, um problema que Carter diz tirar de letra.

“O ódio é sazonal. Amor e o ódio são duas faces da mesma moeda, da paixão que o torcedor tem pelo seu clube. A página é para incomodar mesmo, para colocar o dedo na ferida do torcedor quando o time dele perde. Eu sei que é meio complicado, mas tem muita gente se divertindo também. Na próxima rodada, quem está rindo vai ficar com raiva. O fato é que a página serviu como terapia para mim, porque meu final de semana era arruinado quando meu time perdia. Agora, quando isso acontece, eu vou zoar na página. Muitas vezes o hater se excede, depois pede desculpa. Eu convivo bem com esse tipo de resposta. Raramente bloqueio alguém na página. É assim, um dia você zoa e no outro você é zoado”.


Inimigo dos ‘Enzos’

Com a experiência de um “quarentão” apaixonado por futebol desde a infância, Carter segue, estrategicamente, uma linha mais saudosista. Na esteira dos debates sobre torcedores e jogadores ‘raiz x nutella’, apelidou de “Enzos” os garotos que idolatram os craques da atualidade à despeito daquele do passado.

“Há algumas expressões que eu não criei, como o “cremosa”, que era algo mais de nicho, mas comecei a repetir tanto na página que se tornou popular. A história dos Enzos é porque se tornou um nome muito comum no Brasil. Você vai nas escolas e tem vários Enzos e Valentinas. Comecei a chamar a molecadinha de Enzo e pegou. Certa vez, encontrei um pai e um filho no Rio de Janeiro. Perguntei o nome do filho e o pai respondeu: ‘é Enzo, mas ele não é um Enzo’. Achei genial. Não é nada contra os Enzos reais, é algo que tem a ver com o modismo. O brasileiro gosta de nomes estrangeiros, não à toa me chamo Carter (risos).”

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👑 1) a base vem como? 2) bem vindos novos ENZOS, podem chegar e se juntar aos outros milhões de enzos. 3) são eles que vão ensinar vocês a torcer pra time europeu, chamar o Messi de GOAT, falar que o Alexandre Arnaldo é melhor que o Cafu e chorar ouvindo o Hino da Champions League. 4) atenção: não pode (nunca, jamais) falar que Kléber Pereira, Neto, Paulo Nunes, Evair, Rogério Ceni, Marcos, Viola, Tulio, Edmundo e outros eram bons. Bom é só quem brilhou na Europa. 5) imagino a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2042 só com craques revelados na Europa que não saberão cantar o hino nacional (lembra de alguém?), jogando no esquema 4-1-4-1: 12 – Enzo 66 – Henzo 49 – Henzo Noah 37 – Enzo Mateus 33 – Henzinho Paulista 29 – Enzote 45 – Enzim 88 – Ruenzel [C] 27 – Enzinho Mineiro 10 – Lionel Enzo 9 – Enzo Gabigol Técnico: Victor Canedo 6) 🌐 SPREAD the WORD #essediafoilouco ⚽️

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Conciliação de ‘carreiras’

O êxito da página de humor atraiu diversas marcas e fez com que Carter saísse do anonimato. Hoje, ele tem contrato com gigantes como Adidas e Amstel, mas não pensa em abandonar o direito.

“Ninguém conhecia o Carter. Eu era uma incógnita, mas chegou um momento em que eu tinha de aparecer, porque empresas interessadas em publicidade entraram em contato. Era preciso um apresentador, um rosto. Economicamente, eu poderia deixar o direito, mas gosto da minha profissão. Tenho clientes de longa data e responsabilidades com eles, então não me vejo saindo. Faço o perfil sozinho. Isso até limita um pouco, mas não tenho uma pressão de produzir conteúdo. O ‘Esse Dia Foi Louco’ sempre foi muito natural. As viagens comerciais são o que mais toma tempo, mas planejo tudo com antecedência para não atrapalhar a minha rotina no escritório. Sei que dá para conciliar, é algo que me acostumei a vida toda, porque fui atleta no judô, que ensina essa questão do caminho duplo: o das armas, pelas artes marciais, e o caminho das letras, para buscar o conhecimento nos livros”.


‘Re-Pa’, a melhor experiência

A fama na internet e a parceria com grandes marcas levaram Carter a renomados eventos e partidas pelo mundo. Mas nenhuma lhe marcou tanto quanto o clássico do futebol paraense.

“É difícil escolher uma só. Joguei bola com o Bebeto vestindo o uniforme da seleção, fui a uma final da Copa do Mundo e a várias de Libertadores. São muitos eventos importantíssimos, mas tem um especial: fui a Belém assistir Remo x Paysandu. É o clássico mais disputado no mundo, com mais de 750 jogos. Fizemos um dia de imersão na cultura da cidade. Fomos no mercado Ver-O-Peso e encontramos muitos seguidores do ‘Esse Dia Foi Louco’. Eu parecia a Xuxa, as pessoas iam no hotel me levar presentes. Foi realmente impressionante o carinho das pessoas. Os dois clubes me abraçaram, fui no estádio da Curuzu (do Paysandu), fui na sede do Remo, me deram camisetas. Até sai no jornal local, como se fosse uma celebridade. O clássico tem duas torcidas apaixonadíssimas, são fenômenos. Essa experiência eu vivi com minhas esposa, Andrea. Ela nunca tinha pisado em um estádio, então foi bem marcante. Foi um projeto autoral, não foi jabá ou ação de marketing. Foi algo que fizemos para a página, para os seguidores e para conhecer.

 

 

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