Policiais civis de deflagraram, na madrugada desta quinta-feira, uma operação conjunta para prender 28 vândalos identificados como participantes da pancadaria ocorrida na Arena Joinville, na última partida do Campeonato Brasileiro de 2013. Foram expedidos 17 mandados de prisão para torcedores que moram no Paraná, oito no Rio de Janeiro, dois em Santa Catarina e um com endereço desconhecido, que nasceu em Goiás. Até 17h desta quinta-feira, pelo menos sete torcedores estavam foragidos no Rio de Janeiro e um no Paraná. O objetivo da ação, com base na identificação de culpados obtida pelas imagens de TV e fotografias da selvageria, é colocar atrás das grades os núcleos centrais das torcidas envolvidas na briga.
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Dois torcedores foram presos em Santa Catarina, 17 no Paraná e um no Rio de Janeiro. Entre os detidos em Curitiba estava o soldado Jorge Luiz de Oliveira Junior, da Aeronáutica, que prestava serviços administrativos no segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo. Também foi preso, após se apresentar na delegacia, o ex-vereador Juliano Borghetti (PP). No Rio, apenas um integrante da torcida Força Jovem do Vasco foi preso.
O presidente da Força Jovem do Vasco, Bruno Pereira Ribeiro, o “Bruno Fet”, permanecia foragido, mas colegas dele foram à Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), que comandou as prisões, e informaram a jornalistas que ele deveria se entregar. Ribeiro foi um dos quatro torcedores denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina pelo crime de tentativa de homicídio, porque foram flagrados desferindo golpes com intenção de matar além de terem sido denunciados também pelos crimes de associação ao crime, incitação à violência e dano ao patrimônio público. Estas três acusações também foram feitas contra outros 24 torcedores.
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“Não tenho dúvida de que esses quatro denunciados por tentativa de homicídio praticaram uma escala ainda superior de vilolência. Davam golpes na região vital das vítimas. O que mais me impressionou é que um dos denunciados chega ao ponto de ajeitar a cabeça da vítima para pisar na cabeça”, disse o promotor Ricardo Paladino, do Ministério Público de Santa Catarina, que apresentou a denúncia.
A operação recebeu o nome de “Cartão Vermelho”. A maior parte dos procurados nesta leva de prisões está no Paraná. No Rio de Janeiro, agentes da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat) e da Divisão de Homicídios (DH) tentaram prender brigões ligados à torcida do Vasco da Gama – quase todos integrantes da Força Jovem do Vasco. Mas apenas um integrante foi localizado até o momento
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Mas, no Rio, o único preso foi Thyago Almeida Rosa da Silva de Oliveira, de 29 anos, capturado na favela do Jacarezinho, na casa de sua sogra.
Também foram apreendidos materiais nas sedes da torcida Força Jovem do Vasco. A expectativa dos investidores é localizar objetos que possam ter sido usados na pancadaria e outras provas de crimes.
A selvageria na Arena Joinville deixou quatro pessoas gravemente feridas. Três integrantes da Força Jovem foram presos logo depois da partida. Leone Mendes da Silva, 23 anos, Arthur Barcelos de Lima Ferreira, 26 anos, e Jonathan Fernandes dos Santos, 29 anos, foram transferidos do Presídio Regional para a Penitenciária Industrial de Joinville na quarta-feira pela manhã.
No Paraná, foram presos 16 torcedores do Atlético-PR e um está foragido. Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na sede da torcida organizada atleticana “Os Fanáticos”. Um dos presos é o ex-vereador e ex-superintendente da autarquia EcoParaná Juliano Borghetti (PP), que se apresentou à polícia. Também foi preso um militar da Aeronáutica,
Os policiais evitaram divulgar quantos integrantes de cada torcida foram presos, mas não evitaram expressar repúdio ao que chamaram de “marginais travestidos de torcedores”.
“Essas torcidas teriam que ser desorganizadas ou não deveriam existir. Existe um bando de marginais infiltrado dentro de um espetáculo esportivo fazendo uso de pessoas do bem para externarem frustrações pessoais”, critiou o delegado Dirceu Silveira, da Polícia Civil de Santa Catarina, que esteve no Rio de Janeiro para efetuar prisões.
Todos os presos serão levados para a cadeia de Joinville (SC), local onde foi instaurado o inquérito. Dezesseis policiais de Santa Catarina vieram ao Rio de Janeiro participar das prisões e devem retonar ao estado em voo comercial, escoltando os detidos. No caso dos quatro denunciados por tentativa de homicídio, devem ser julgados no tribunal do júri local.
Segundo o delegado Clóvis Galvão, da Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe), que entregou ao todo uma lista com 28 nomes de envolvidos na briga para a polícia catarinense, ainda há a possibilidade de novas prisões serem realizadas, mas algumas pessoas já constituíram advogados e devem se apresentar. “Podemos ter mais prisões, porém, alguns advogados entraram em contato e disseram que as pessoas não precisarão ser presas e devem se apresentar à polícia”, disse.
Clóvis Galvão explicou que caberá à Justiça catarinense determinar o futuro dos presos. “Eles serão encaminhados para lá e irão aguardar a decisão da Justiça de Santa Catarina, pois o inquérito está sob a responsabilidade da polícia em Joinville”, comentou.
Com relação ao ex-vereador, que não havia sido localizado em sua residência, havia a suspeita de que ele fugira para a Itália, onde mora sua ex-mulher, Renata Bueno, deputada pelo parlamento italiano. Em nota divulgada pelo seu partido, o PP, ele explicou a situação e avisou que se apresentaria à polícia, acompanhado do advogado Claudio Dalledone – que foi um dos defensores do goleiro Bruno Fernandes, condenado em Minas Gerais por matar a jovem Eliza Samudio.
“Ao contrário do divulgado na imprensa, estou na minha residência em Curitiba e vou me apresentar à Polícia Civil do Paraná para prestar esclarecimentos sobre os acontecimentos do dia 8 de dezembro na Arena Joinville. Refuto a informação de que estaria foragido e de que teria viajado para a Itália. Sempre estive à disposição das autoridades para esclarecer a minha participação no ocorrido”, conclui o ex-vereador, que deixou o cargo de superintendente da autarquia EcoParaná após a briga.