Piada homofóbica de dirigente ofende história do próprio Corinthians
Duílio Monteiro Alves ironizou a camisa número 24 que Cantillo gostaria de utilizar (mesmo número usado pelo ídolo Cássio na Libertadores de 2012)
O volante colombiano Victor Cantillo foi apresentado nesta sexta-feira 10 como reforço do Corinthians. O jogador, que se acostumou a vestir a camisa 24 no Junior Barranquilla, recebeu a camisa 8, com a qual seu compatriota Freddy Rincón fez história no clube. Perguntado sobre o tema, Cantillo disse que foi avisado de que “não poderia usar o número 24″. No momento em que posou para fotos com o jogador, o diretor Duílio Monteiro Alves fez um comentário infeliz e que envergonha a história do próprio clube.
“Camisa 24 aqui não”, afirmou o dirigente, em piada flagrada pelas câmeras de transmissão da coletiva, inclusive arrancando alguns risos de presentes. Ele fazia referência à infantil ligação entre o número, que no jogo do bicho é representado pelo veado, e a homossexualidade. Além de homofóbica e anacrônica, a “piada” de Duílio ignora a história de um dos grandes ídolos da história do clube, o goleiro Cássio.
Em sua primeira e mais gloriosa temporada no clube, Cássio vestiu justamente a camisa 24 – ele acabou adotando o número 12 em seguida, com a qual permanece até hoje. Foi com ela que fez defesas histórias na campanha do título inédito da Copa Libertadores.
Além disso, o Corinthians vem sendo elogiado constantemente por campanhas contra homofobia. O pensamento retrógrado de Duílio, que aliás é filho de um dos líderes da Democracia Corintiana na década de 80, vai totalmente na contramão.
No ano passado, outro dirigente do Corinthians fez uma brincadeira de péssimo gosto. Luis Paulo Rosenberg, então diretor de marketing comparou as dificuldades de negociação dos naming rights da Arena Corinthians a uma “mulher com Aids”. Dias depois, entregou o cargo.
Duílio pede desculpas
Diante da repercussão negativa, Duílio Monteiro Alves divulgou um vídeo em suas redes sociais pedindo desculpas pelo que chamou de “brincadeira infeliz e informal”. “O Corinthians é o time do povo, é o time das minorias, é o time de todos”, afirmou; assista abaixo: