Paulo Roberto Falcão: ‘O esporte me emociona quando bem jogado’
Em entrevista a VEJA, o craque da seleção de 82 esclareceu saída da TV Globo e defendeu vinda de treinadores estrangeiros ao futebol brasileiro
É de autoria de Paulo Roberto Falcão a frase de que o “o jogador de futebol morre duas vezes”. Compreensível para quem dedicou toda a sua vida à modalidade, seja como atleta, comentarista ou técnico. Falcão, de 65 anos, encantou o mundo como volante da seleção brasileira de 1982, na Copa da Espanha, e ainda preza pelo futebol bem jogado. “O esporte ainda me emociona”, contou, em entrevista à Páginas Amarelas de VEJA.com, na qual explicou sua saída da Rede Globo, onde fazia parte do primeiro time de comentaristas e trabalhava ao lado do locutor Galvão Bueno.
Tabela completa de jogos do Campeonato Brasileiro 2019
“O Galvão me incentivava (a voltar ao cargo de técnico) quando íamos jantar depois dos jogos, mas o Cléber Machado dizia: ‘você está louco’. Eu falei ao Cléber que o futebol, o esporte de modo geral, me emociona – quando bem jogado. Por exemplo, o Roger Federer é um cara que me emociona. Claro que o Rafael Nadal e o Novak Djokovic são extraordinários, tem vários tenistas de muita consistência, mas o Federer é o diferente, para mim. Aí eu me lembro do basquete do Oscar (Schmidt), da seleção brasileira (de vôlei) de Bernardinho ou Zé Roberto Guimarães. Então, as coisas tem que me emocionar e o futebol ainda faz isso”, comentou Falcão.
Campeão italiano com a Roma em 1983 e tricampeão brasileiro com o Internacional, Falcão rechaça o discurso de que a seleção é a melhor equipe do mundo, mas ressalta a tradição do Brasil, maior campeão de Copas do Mundo, com cinco taças. “Nós, brasileiros, temos uma humildade em tudo. Temos compositores maravilhosos, cantores extraordinários e praias lindas, mas não temos arrogância de falar isso. No futebol, somos arrogantes. Não somos mais os melhores do mundo e todos sabem disso. Se perguntarmos, porém, quem será o favorito na Copa de 2034, certamente direi que são Brasil, Argentina, Alemanha e Itália, porque têm tradição, história. Não sei se a Bélgica vai estar, apesar de jogar um ótimo futebol nos últimos anos”.
Falcão iniciou a carreira como técnico na seleção brasileira ainda em 1990, após a eliminação para a Argentina nas oitavas de final do Mundial, por 1 a 0, mas deixou o cargo no ano seguinte. No futebol brasileiro, venceu o Campeonato Gaúcho com o Inter, em 2011, e o Baiano com o Bahia, em 2012, mas sem conseguir uma longa sequência de trabalho. O ex-volante não treina um clube desde 2016, mas é ‘rigorosamente a favor’ da vinda de técnicos estrangeiros ao Brasil e crítico de reserva de mercado.
“Sou um dos dirigentes da Federação Brasileira de Treinadores, mas sou contra a reserva de mercado. O que tem de valer é a competência, a qualidade. Não é porque não temos brasileiros trabalhando em equipes de prestígio na Europa, que não podemos ter estrangeiros aqui. Se tiver condições de trazê-los, sou rigorosamente a favor. Isso pode dar aos treinadores um pouco mais de experiência e os estrangeiros também podem aprender com eles aqui”, explicou.