Felipão bancou o meia Oscar no time titular contra tudo e contra todos. O jogador do Chelsea vinha realmente jogando pouco nos amistosos
Parece simples demais. Começam os melhores. Coloca aí os onze que estão jogando mais bola e segue a vida. Para torcedores, jornalistas e simpatizantes, tudo se resume a isso. Para o treinador, não é bem assim. Ele administra um grupo de 23 jogadores, tem uma competição inteira pela frente.
Se Felipão não é o gênio da lâmpada no aspecto tático, ele é brilhante no quesito “administração de pessoas e grupos”. Felipão bancou o meia Oscar no time titular contra tudo e contra todos. O jogador do Chelsea vinha realmente jogando pouco nos amistosos e treinando mal. Willian seria a troca óbvia. Mas o que aconteceria com Oscar no resto da Copa? Sigmund Scolari resolveu fazer uma aposta. Bancou o jogador, talvez nem tenha falado com todas as letras, mas sinalizou algo como “pode errar à vontade que você seguirá titular”.
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Oscar entendeu o recado. E não teve medo de arriscar. Tentou dribles e correu até sentir cãibras no final. Se existia alguma dúvida sobre sua titularidade, pode esquecer. Oscar participou dos dois primeiros gols e fez um golaço no final. O 3 a 1 pode ter sido um exagero se pensarmos na atuação da seleção brasileira. Ainda mais quando lembramos que o pênalti sofrido por Fred foi, no mínimo, mandrake. E foi assinalado bem na hora em que a Croácia estava melhor no jogo.
Nada disso ofusca a atuação de Oscar nem a iniciativa de Felipão ao escalá-lo. Vale ainda lembrar que o volante Luiz Gustavo só errou dois passes no jogo todo. E que Neymar, 22 aninhos, se comportou feito veterano em seu primeiro jogo de Copa do Mundo. Marcou o gol de empate com um chute que mais pareceu uma tacada de sinuca e fez de pênalti o gol da virada. Para uma estreia, até que não está mal…
Antes do jogo, não se falava de outra coisa: “a ansiedade da estreia”. Entre jogadores, jornalistas e torcedores o assunto era recorrente. Compreensível, mas isso é menos importante do que parece. Raramente as grandes seleções fazem bons jogos no início do Mundial. Menos pela tensão e mais pelo simples fato de que as equipes não estão prontas. Bons times costumam se solidificar durante a competição.
O formato atual da Copa do Mundo até permite estreias atrapalhadas. A Espanha começou perdendo na Copa passada para a Suíça e deu no que deu. Com duas vitórias nos jogos seguintes, garantiu a classificação e foi campeã. O próprio planejamento da preparação física prevê que o pico do condicionamento coincida com a fase final da competição. O ideal é começar mais devagar e aquecer os tamborins na primeira fase.
O Brasil terá, na verdade, duas estreias. A primeira foi a de ontem, contra a Croácia, que dava o direito a errar. A segunda acontece em 28 ou 29 de junho, nas oitavas de final, sem direito a vacilo. Essa será a verdadeira estreia em uma competição que depois terá mais três jogos eliminatórios. Se fosse possível controlar os nervos e guardar a ansiedade em um potinho na geladeira, seria melhor deixar tudo para as oitavas, quando o Brasil deve medir forças com Holanda, Chile ou até a campeã Espanha.
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