Os ‘sem-Copa’: a vida de Itália, Holanda e EUA fora do Mundial
Uma seleção tetracampeã do mundo, outra com tradição em Mundiais e uma força emergente do futebol não irão à Rússia e precisarão se reinventar
Até 15 de julho, data da final da Copa do Mundo da Rússia 2018, o ano não trará boas lembranças para três países que foram barrados da maior festa do futebol. Se pudessem, Itália, Holanda e Estados Unidos começariam o próximo ano já em agosto, por conta da frustração de não terem conseguido vaga nas Eliminatórias para o próximo Mundial.
No caso dos italianos, trata-se de um vexame que vem abalando as estruturas de um dos gigantes do futebol. Tetracampeã mundial – levantou a taça em 1934, 38, 82 e 2006 -, será a primeira vez, desde a Copa de 1958, que a Itália não irá a uma Copa do Mundo. E foi uma eliminação com requintes de crueldade.
Tabela completa de jogos da Copa do Mundo 2018
Não ter conseguido superar a Suécia em duas partidas na repescagem europeia – derrota na casa do rival por 1 a 0 e um dramático empate em 0 a 0 em Milão – acabou custando o cargo do técnico Gian Piero Ventura, que já vinha sendo bastante criticado pelos torcedores e imprensa desde que assumiu o posto, no lugar de Antonio Conte.
O fiasco também teve reflexo no homem-forte do futebol italiano. Uma semana após a eliminação diante dos suecos, Carlo Tavecchio, presidente da FIGC (Federação Italiana de Futebol) entregou o cargo. O drama de ficar fora de uma Copa do Mundo, no caso da Itália, vai além das quatro linhas. Estima-se que só a federação italiana irá amargar um prejuízo de 390 milhões de reais. O ministro de Esportes do país, Luicca Lotti, foi categórico. “É preciso refundar todo o futebol italiano, desde os jovens até a Série A”, afirmou, em uma reunião do comitê olímpico italiano.
Holanda sem rumo
A péssima campanha das Eliminatórias da Europa para a Copa da Rússia acabou custando a vaga de outra importante seleção do futebol mundial. Mesmo sem nunca ter sido campeã, a Holanda está entre as grandes da história das Copas, com três vice-campeonatos (Alemanha 1974, Argentina 1978 e África do Sul 2010), além de um terceiro lugar (Brasil 2014). Toda a tradição não bastou para que os holandeses ao menos conquistassem uma vaga na repescagem do forte Grupo A, ficando atrás de França e Suécia.
O futuro também é nebuloso para o futebol holandês. Contratado em maio para substituir Danny Blind e tentar evitar o vexame da eliminação, o veterano treinador Dick Advocaat entregou o cargo. Sem definir o substituto, a Holanda ainda viu o grande ídolo Arjen Robben anunciar a aposentadoria da seleção, após o final das Eliminatórias.
Mudança geral nos Estados Unidos
Presença constante nas Copas do Mundo desde a edição de 1990, na Itália, a seleção dos Estados Unidos sempre entrava nas Eliminatórias da Concacaf na condição de favorita absoluta para ficar com uma das vagas do continente para os Mundiais. Uma realidade bem diferente foi exibida aos americanos nesta qualificação para a Rússia. Uma inacreditável derrota para Trinidad e Tobago por 2 a 1 deixou o time americano fora, enquanto o Panamá comemorava uma inédita classificação.
Ser barrado na próxima Copa trará sérias consequências na estrutura do próprio “soccer”, como o futebol é conhecido nos Estados Unidos. Além da esperada demissão do técnico Bruce Arena, que entregou o cargo após a derrota contra Trinidad e Tobago, o presidente da US Soccer, a federação americana, Sunil Gulati, já declarou que não pretende seguir no comando da entidade. Isso serviu para despertar o desejo de mudanças, tanto que nove candidatos já anunciaram o desejo de concorrer na próxima eleição, prevista para acontecer em fevereiro. Entre eles, até mesmo a ex-goleira Hope Solo pleiteia o desejo de comandar o futebol nos Estados Unidos, após o vexame nas últimas Eliminatórias.