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O que será da carreira de Alex Muralha?

Massacrado e sem clima no Flamengo, goleiro terá difícil tarefa de se recolocar na elite do futebol brasileiro

O tenso embarque do Flamengo rumo à Colômbia, para a partida de volta da semifinal da Copa Sul-Americana, contra o Junior Barranquilla, deu a dimensão do massacre que Alex Muralha vem sofrendo. Sob xingamentos, o goleiro foi escoltado por policiais, prova de que os insultos não se resumem às redes sociais.

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Diante de um futuro praticamente certo fora da Gávea — também porque, além do clima ruim, não passa mesmo mais confiança —, paira a dúvida de como Muralha irá se recolocar no mercado da bola. Afinal, para onde for levará o ônus de ter sido hostilizado pela maior torcida do Brasil, com um repertório de piadas que terá sobrevida virtual mais longa do que o que resta de sua carreira. A curto prazo, dificilmente uma equipe da Série A apostará em seus serviços.

Será o melhor caminho deixar por ora os holofotes da elite nacional? Isso remonta a seu sucesso no Comercial de Ribeirão Preto, onde se tornou ídolo ao colaborar em duas campanhas de acesso ao Paulistão. Esse histórico o levou ao Figueirense, para se destacar no Brasileirão de 2015 e chamar a atenção do Flamengo. No Rio de Janeiro, teve boa fase no segundo semestre de 2016, a ponto de ser convocado por Tite. Mas aí as deficiências ficaram evidentes e veio o pesadelo atual. Não sem antes ter duas chances de redenção: a decisão da Copa do Brasil e o jogo de ida contra o Junior. Falhou em ambas.

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Com esse currículo tortuoso, Muralha tem menos chances de se reerguer do que tiveram outros goleiros que ficaram impregnados pela indignação das arquibancadas. Barbosa, Carlos e Júlio César acumulavam glórias antes de caírem em descrédito.

Condenado pela derrota para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950, Barbosa era uma das estrelas do Vasco, chamado de Expresso da Vitória por ser dominante no futebol carioca e ainda vencer o Sul-Americano de 1948. Jamais se desprendeu daquela mácula, mas pelo menos seguiu ídolo vascaíno. Depois do Maracanazzo, ganhou mais dois cariocas e só não foi ao mundial de 1954 por causa de uma fratura.

A eliminação brasileira na Copa do Mundo de 1986 costuma ser resumida em duas imagens: o pênalti perdido por Zico no tempo normal contra a França e a bola que bateu nas costas de Carlos antes de entrar, durante a disputa de penalidades. O goleiro, então no Corinthians, chegou ao México para sua terceira Copa (a primeira como titular). E tinha um passado glorioso na Ponte Preta, com três finais estaduais em seis anos. Depois do azar, continuou camisa 1 canarinho até 1988 e ainda foi o primeiro titular de Carlos Alberto Parreira quando o treinador do tetra assumiu a seleção, em 1991.

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Já Júlio César foi alvo duas vezes. Pela falha em um dos gols da Holanda, nas quartas da Copa de 2010, e pelas sete chagas alemãs em 2014, seguidas de seu choro na corajosa entrevista pós-jogo. Chegou àquele momento com portfólio de idolatria da torcida do Flamengo, títulos pela seleção e uma Champions League pela Inter de Milão. Depois, pôde trabalhar com dignidade no tradicionalíssimo Benfica até decidir se aposentar ao final desta temporada.

Sem trajetórias do quilate de Barbosa, Carlos e Júlio César, Alex Muralha corre sério risco de não recuperar o patamar que um dia alcançou. Voltar a ser aplaudido, seja qual for a camisa ou a divisão, já será um alento.

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