O futebol na Amazônia
Gabriel Uchida conta, por meio de fotos, como o futebol pode ser uma linguagem universal entre os indígenas
Mesmo desaparecendo aos poucos, a Amazônia brasileira é rica não só em fauna e flora mas também em cultura. São cerca de 300 etnias indígenas e muitas histórias, costumes e línguas.
No meio de tanta diversidade e biodiversidade, um denominador comum: a bola. Mesmo em comunidades isoladas aonde não chega eletricidade ou sinal de telefone, o futebol marca presença. Pois foi nesse ambiente que Gabriel Uchida, fotógrafo, depois de passar por muitos campos, desde a Bundesliga alemã, o Campeonato Cubano e até várzea etíope, decidiu se aventurar, a Floresta Amazônica, onde vive desde o começo de 2016 registrando o futebol.
“No primeiro jogo que assisti em uma aldeia em Rondônia, crianças Oro Nao discutiam quem seria o Brasil e quem seria a Alemanha – tudo falado na língua ‘txapacura’, porque nenhum dos garotos sabia português. De tempos em tempos ouvia-se um ‘Neymar’ e é claro, o grito mais universal de todos: ‘Gol!’
Gabriel Uchida
Ainda que a língua e o isolamento sejam barreiras gigantes, há estrelas que vão sempre brilhar. Durante as Olimpíadas estive em uma aldeia do povo Zoró no Mato Grosso à qual não chegava eletricidade, mas um gerador a gasolina era ligado em certos momentos para que a televisão mostrasse os jogos.
Sem falar uma só palavra do ‘Tupi Mondé’, passei dias tentando me comunicar com uma menina que vivia correndo pela aldeia – mas nunca ganhei atenção. Até que os times se alinharam para o hino e a câmera deu um close na capitã, então a indiazinha me cutucou e apontou: ‘Marta! Marta!’.
O futebol não é da cultura do índio, ou melhor, não era. Ainda assim são apaixonados pelo esporte. Em uma reunião do povo Gavião de Rondônia, entre cocares e colares, um jovem usou a tinta do jenipapo para escrever Corinthians no braço.
Sem dúvida alguma o futebol é algo mágico e transcende barreiras.” Mais sobre o trabalho no site.