Publicidade
Publicidade

Novo herói argentino superou fama de desajeitado e até esquecimento

Destaque da semifinal, com três pênaltis defendidos, Emiliano Martínez é uma das apostas da Argentina; goleiro esperou mais de uma década por protagonismo

Emiliano Martínez, 28 anos, virou assunto quase que viral entre torcedores argentinos desde a última quarta-feira, 7. O goleiro foi responsável direto por colocar a seleção albiceleste na decisão da Copa América contra o Brasil, neste sábado, às 21h, no Maracanã, ao defender três pênaltis da Colômbia na semifinal adotando, curiosamente, uma tática peculiar: a de provocar incessantemente os rivais com palavras.

Publicidade

Assine a revista digital no app por apenas R$ 8,90/mês

“Sem dúvida, Emiliano Martínez entrou para a história. E não só porque defendeu três pênaltis e levou a seleção argentina a uma nova final da Copa América, mas porque falou e dominou as mentes colombianas até o momento das cobranças”, registrou o Diário Olé, minutos após o feito.

Sem torcida e com silêncio, em função do momento tenso, foi possível ouvir claramente cada uma das palavras proferidas pelo camisa 23. “Sinto muito, mas vou engolir você, irmão”, disse, antes de defender a segunda cobrança, de Sánchez. A principal, no entanto, foi a seguinte, do zagueiro Yerri Mina: “está nervoso, não é? Está nervoso. A bola está um pouco a frente. Vou engolir você, irmão, vou engolir você”. No último, curiosamente, ficou calado.

Publicidade

“Hoje coube a mim ser o glorioso”, resumiu, logo após o término do confronto. Do vestiário, viralizaram mais imagens, as de “Dibu” Martínez imitando a dança característica do zagueiro Mina.

Continua após a publicidade

O herói argentino que virou uma das maiores esperanças de recuperação de protagonismo da seleção albiceleste, ao lado de Lionel Messi, era quase um desconhecido até a atuação destacada no Mané Garrincha, em Brasília, “Dibu derramou muitas lágrimas para chegar aonde está”, disse Miguel Ángel Santoro, o Pepe Santoro, ídolo do futebol argentino ao Olé.

Santoro é considerado por Martínez como o principal influenciador de sua carreira. Ex-goleiro, com larga carreira no Independiente e campeão do mundo em 1974, onde conquistou a condição de um dos maiores vencedores da Copa Libertadores, com quatro títulos, trabalhou em Martínez dificuldades que percebeu assim que chegou ao clube, aos 13 anos. O goleiro era considerado descoordenado, desajeitado e visto com futuro duvidoso até ali.

Publicidade

“Ele chegou em 2006, vinha de Mar del Plata. Pepe o viu e trabalhou com ele por muitos anos. Era um jovem muito aplicado, que gostava de trabalhar e de progredir. Quando chegou, era um jogador normal: nem bom, nem mal, mas com Pepe foi desenvolvendo uma técnica muito boa. Eles reforçavam muito os erros, depois seguiu evoluindo muito na Europa, principalmente no trabalho com os pés”, disse a PLACAR Ariel Wiktor, ex-técnico de Martínez nas categorias de base, atualmente observador técnico do Inndependente.

“Ele é um exemplo para as crianças hoje, pois conseguem ver como o trabalho o levou a chegar até ali. Com o trabalho ele melhorou tudo o que precisava melhorar. Foi trabalho, trabalho e trabalho, essa é e verdade”, completou.

Dibu trouxe aos argentinos a memória das defesas de Sergio Goycochea, protagonista nos pênaltis durante a Copa do Mundo de 1990, campanha essa que terminou com o vice-campeonato, após a derrota por 1 a 0 para a Alemanha. Desta vez, ele espera encerrar um jejum de 28 anos sem títulos da Argentina.

“Estamos há muito tempo, tudo por um momento como esse. Os garotos sabem, somos a única seleção que não podemos ver ninguém, estamos em uma bolha, completamente sozinhos. É um trabalho em conjunto de 70 pessoas por um sonho”, disse.

“A verdade é que o Brasil é o favorito desde o primeiro dia, mas temos um grande treinador, o melhor do mundo (Messi) e vamos fazer tudo e ganhar”, acrescentou

Martínez em uma das poucas oportunidades pelo Arsenal -a
Martínez em uma das poucas oportunidades pelo Arsenal – Marc Atkin/Getty Images

Cria das “canteras” do Independiente, Martínez estreou na seleção principal somente há pouco mais de um mês, nas Eliminatórias. Tem trajetória construída desde cedo fora do país, mas com contornos bem menos gloriosos do que o de referências como Lionel Messi e Sergio Kun Aguero.

Rumou em 2010, ainda aos 17 anos, para o Arsenal, da Inglaterra, e acumulou empréstimos a pequenos clubes do futebol inglês e espanhol sempre na tentativa da tão sonhada chance. Passou por Oxford United, Sheffield, Rotherham, Wolverhampton, Getafe e Reading. Ganhou a primeira grande sequência somente na reta final da temporada 2019/20, após a lesão de Bernd Leno. Foram 23 partidas.

Entendendo que voltaria ao banco de reservas, apostou no interesse do Aston Villa para seguir jogando. Virou titular absoluto, disputou todas as 38 partidas do Campeonato Inglês e ainda venceu o antigo clube nos dois encontros que teve: 3 a 0 no Emirates Stadium, em 8 de novembro, e 1 a 0 no Villa Park, em 6 de fevereiro.

Martínez virou, enfim, titular absoluto no Aston Villa -
Martínez virou, enfim, titular absoluto no Aston Villa – Sebastian Frej/MB Media/Getty Images

Curiosamente, a última derrota de Tite a frente da seleção brasileira foi diante dos argentinos, em amistoso disputado na Arábia Saudita, em 15 de novembro de 2019, vencido com um gol de Messi. Dibu nem sonhava em estar lá, agora tem a chance de entrar de vez para a história.

Continua após a publicidade

Publicidade