Um brasileiro não conquistava um campeonato da FIA desde o tri de Artyon Senna em 1991. Curiosamente, Nelsinho contou com a ajuda de Bruno Senna para ser campeão
O piloto brasileiro Nelsinho Piquet fez história neste domingo ao se tornar o primeiro campeão mundial de Fórmula E, competição de carros elétricos chancelada pela FIA. O filho do tricampeão de fórmula 1 Nelson Piquet terminou a última prova da temporada, em Londres, na sétima colocação e fechou a temporada com 144 pontos, apenas um à frente do suíço Sabastian Buemi. Com isso, Nelsinho, da equipe Nextev TCR, encerrou um longo jejum do automobilismo nacional: desde o tricampeonato de Ayrton Senna em 1991, um brasileiro não conquistava um campeonato organizado pela FIA.
Curiosamente, Nelsinho contou com a ajuda providencial de Bruno Senna, sobrinho de Ayrton – que, por sua vez, manteve forte rivalidade com Nelson Piquet, nas décadas de 80 e 90. Bruno Senna segurou a pressão de Buemi e se manteve no quinto lugar, com o suíço logo atrás. “Eu só soube que venci o campeonato quando o comentarista foi ao rádio e falou ‘podemos entrevistar o campeão? A equipe não me falou.”, contou Nelsinho.
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Ele brigava pelo título com Buemi e com o brasileiro Lucas Di Grassi e largou apenas na 16ª posição, mas se recuperou, também graças a uma boa estratégia de sua equipe. Sabendo que seria difícil conseguir ultrapassagens por causa da chuva, Nelsinho largou bem, pulando para 12.º e depois poupou bateria. Quando os rivais foram ao boxe, Nelsinho assumiu a liderança e pisou no acelerador. Depois de trocar de carro (na Fórmula E é assim que funciona o ‘reabastecimento), o brasileiro voltou em décimo.
A dez voltas do fim, um acidente com Fabio Lemier forçou a entrada do safety car na pista. Companheiro de Nelsinho na equipe TCR, Oliver Turvey abriu caminho para o brasileiro passar. O britânico também ajudou descarregando sua bateria para fazer a volta mais rápida da prova, tirando um ponto importante de Buemi. Nelsinho fez sua parte e se tornou virtual campeão ultrapassando Salvador Duran para se tornar o oitavo. A Buemi restava tentar ultrapassar Bruno Senna e assumir o quinto lugar, enquanto Lucas di Grassi, que vinha em sétimo, tinha que ganhar pelo menos quatro posições. Senna, entretanto, fechou a porta para Buemi e deu o título a Piquet.
Após o encerramento da prova, o vencedor, o francês Stéphane Sarrazin, foi desclassificado, poque cruzou a linha de chegada no embalo, já com a bateria descarregada. Como isso é proibido pelo regulamento, a vitória passou para o britânico Sam Bird, seguido pelo belga Jérôme D’Ambrosio. O francês Loïc Duval terminou em terceiro. A desclassificação de Sarrazin, que terminou oficialmente na 15.ª colocação, fez Senna, Buemi, Di Grassi e Nelsinho subirem uma posição cada um. No fim das contas, nada mudou: Nelsinho terminou o campeonato com 144 pontos, contra 143 de Buemi e 133 de Di Grassi.
O título representa uma volta por cima na carreira do piloto de 29 anos. Demitido da Fórmula 1 no meio da temporada de 2009, quando se envolveu em um grande escândalo após revelar que jogou, deliberadamente, seu carro contra a parede no Grande Prêmio de Cingapura de 2008 para ajudar seu companheiro de equipe Fernando Alonso a vencer, ele correu nos últimos anos por categorias de rally e na Nascar, sem grande êxito. “Não sei do que vocês estão falando, isso já passou há muito tempo”, disse Nelsinho ao ser relembrado de sua tumultuada saída da Fórmula 1 após a conquista.
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Motor silencioso
Os carros de Fórmula E são bem menos barulhentos que os de outras categorias – além de não emitir gases poluentes. Ao atingir 100 km/h, os carros geram, no máximo, 85 decibéis. “É um barulho natural, que se assemelha ao de um avião a jato. Os fãs mais tradicionais sentirão falta do ronco do motor. Cidades como Miami e Los Angeles, ambas nos EUA, só a Fórmula E pode correr, pois existe um limite de ruído que os carros podem produzir”, conta Di Grassi. No vídeo acima, uma amostra do novo “ronco” do automobilismo.
(com Estadão Conteúdo)
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