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‘Não ia sair daqui sem o ouro’, diz Mayra, campeã mundial

Gaúcha de 23 anos agora tem quatro medalhas em Mundiais e já mira em 2016

Mayra Aguiar tem apenas 23 anos, mas sua carreira no judô já é longa – ela se dedica à modalidade desde os 14. A gaúcha da categoria meio-pesado (até 78 kg) conquistou o ouro no Mundial de Chelyabinsk, na Rússia, nesta sexta-feira, e transformou-se na atleta brasileira com o maior número de medalhas na competição. Agora, são quatro – ela já havia conquistado a prata em Tóquio (2010) e o bronze em Paris (2011) e Rio (2013). “Eu já tinha o pódio inteiro no júnior, e no sênior faltava o ouro. Eu não ia sair daqui sem ele. Vim para a Rússia com esse objetivo e não ficaria satisfeita se saísse com qualquer coisa a menos”, afirmou a judoca.

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A trajetória de Mayra é tão singular que o seu título mundial júnior, obtido em Agadir (Marrocos), foi conquistado 40 dias depois de sua primeira medalha mundial adulta, no Japão, em 2010. Nesta sexta, portanto, Mayra chegou a oito medalhas individuais em mundiais, se também forem contabilizados os dois bronzes (Santo Domingo, em 2006, e Paris, em 2009) e a prata (Bangcoc, em 2008) que ganhou como júnior. Para subir ao lugar mais alto do pódio em Chelyabinsk, Mayra “exorcizou” o fantasma de Kayla Harrison. A americana é sua principal rival na categoria e, por causa de derrotas para ela, a brasileira ficou com a prata no Mundial de 2010 (encontraram-se na final) e não pôde disputar a decisão dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012 (lutaram na semifinal).

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Na Rússia, elas voltaram a se encontrar na briga por uma vaga na final. Mayra acredita que sua agressividade causou impacto na adversária. “Ela já tinha tirado um ouro meu em um Mundial e em uma Olimpíada, e isso estava me corroendo por dentro. Eu joguei tudo no tatame, comecei muito forte, mas essa tática deu certo. Ela não esperava. Eu saí acabada da luta e tinha pouco tempo para o final, mas minha cabeça estava muito boa.” A rivalidade entre as duas judocas ficou evidente no pódio. Enquanto Mayra e a francesa Audrey Tcheumeo, a quem derrotou na final, trocaram cumprimentos e conversavam após a execução do hino brasileiro, Kayla manteve-se com o semblante muito sério, mesmo tendo conquistado o bronze.

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O ouro teve um gosto ainda mais especial para Mayra após o longo processo de recuperação de duas cirurgias realizadas no fim do ano passado, no cotovelo esquerdo e no joelho direito. “Ouvir o hino sempre me emociona, mas desta vez foi difícil segurar o choro. Por tudo o que passei, veio um filmezinho na cabeça e foi o que me emocionou no pódio.” A temporada curta, que além do Mundial teve apenas o Grand Slam de Tyumen em julho (também na Rússia, e também vencido por ela), deve ser completada apenas pelo Grand Slam de Tóquio, em dezembro. A meta, agora, está direcionada para 2016. “Quero ganhar minha medalha de ouro na Olimpíada também”, diz a judoca, bronze nos Jogos de Londres em 2012. “Essa caminhada também vai ser dura, mas acho que tem tudo para dar certo. Quando a gente sonha, o sonho fica muito distante, então eu digo que tenho um objetivo, que é conquistar essa medalha. Vou fazer de tudo para deixá-la no Brasil.”

(Com Estadão Conteúdo)

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